André Junges: É dele o endereço do entretenimento e da informação

Há nove anos, André Junges é proprietário da única banca de revistas da cidade. Comprou um negócio desacreditado e com muito trabalho fidelizou a clientela para a sua Banca da República

Claudia Iembo
Especial

Tino comercial: quem tem, tem. Claro que o histórico profissional adquirido ao longo dos anos contribui para o desenvolvimento desta característica, capaz de traçar uma próspera carreira ou, no mínimo, garantir uma atividade prazerosa. No caso de André Filipe Junges, o proprietário da Banca da República, o dom para o comércio, descoberto aos 15 anos de idade, o tornou conhecido na cidade.

André começou a trabalhar como empacotador em um mercado e a facilidade em lidar com as pessoas facilitou a tomada de uma decisão que tem tudo para durar a vida toda: aos 20 anos comprou a Banca da República, que mudava de donos constantemente e passava por uma situação bem complicada financeiramente. Adquiri um negócio que estava praticamente falido por mau atendimento, mas eu acreditava que podia mudar tudo. Foi preciso muito trabalho e muita dedicação para conquistar a confiança dos clientes, conta.

Esta mudança inicial durou dois anos e nos nove em que André está à frente dos negócios, os clientes foram fidelizados com muita simpatia e com aquilo que o proprietário julga ser o grande diferencial, o bom atendimento. Trato a maioria dos clientes pelo nome porque tem gente que vem todos os dias, uma ou duas vezes por semana, então o contato é constante, acrescenta.

Por conta deste princípio de tratar bem quem quer que entre em sua revistaria (como são chamados pontos como o dele) André acaba presenciando cenas que ele considera engraçadas, embora demonstrem certo abuso das pessoas. Acabamos colocando a proibição de folhear as revistas porque algumas pessoas chegam a sentar no chão para ver a revista! Outro dia, uma senhora pegou uma publicação de artesanato e tirou foto de uma página interna com o celular e eu acabei não falando nada, recorda-se.

O movimento na Banca da República é constante e o proprietário acabou identificando os diferentes públicos e o que consomem. Segundo ele, o público adulto procura jornais que ofereçam mais ofertas de classificados de imóveis, veículos e empregos, já livros como O Diário de um Banana e Muito Mais que 5inco minutos, da paranaense Kéfera Buchmann, são os campeões entre os adolescentes.

Entre os produtos de maior giro em sua banca estão os de tabacaria e as recargas telefônicas, além das revistas semanais, com destaque para as publicações da editora Abril, sempre procuradas, e as revistas de fofoca e novelas. Figurinhas também vendem bem e quando há o lançamento do álbum da Copa do Mundo recebo clientes de outras cidades para a troca, diz.

Tivemos uma queda de movimento depois da entrada da informação digital. A revista Capricho, por exemplo, existe apenas assinatura on line, o que sumiu com a meninada daqui, mas ainda assim há quem prefira, como eu, a informação impressa. Aliás, tem gente que não abre mão de ter a publicação consigo, analisa André.

Em sua banca trabalham também a esposa Juliane e a mãe Maria Helena. Por ter conseguido dar a volta em seu negócio, acabou auxiliando seus irmãos à mesma empreitada: Evandro tem uma revistaria em Veranópolis e Rodrigo outra em Feliz. Estamos todos no mesmo ramo.

Jovem como é – André tem apenas 29 anos – sabe enxergar nas mídias sociais as oportunidades de crescimento para seu negócio e as utiliza como ferramentas de divulgação das novidades e das promoções que faz.
Seu tino comercial não o desaponta naquilo que escolheu fazer dos seus dias. Tanto é verdade que novos investimentos estão sendo estudados. Temos a ideia de abrir outro negócio de livros e revistas em um futuro bem próximo, mas vou manter o sigilo e na ocasião certa, divulgar, avisa.

No que depender de André, a Banca da República terá vida muito longa, até porque ele já começou a incentivar a filha Gabrielle, de um ano e três meses, à leitura e consequentemente, à continuidade do negócio gerido por ele.