Colégio Olga Ramos Brentano segue com falta de professores
Problema enfrentado no primeiro semestre prossegue no segundo. Risco de não conseguir se cumprir o ano letivo é grande

O Colégio Estadual Olga Ramos Brentano iniciou o segundo semestre do ano letivo com o mesmo problema que enfrentou no primeiro: a falta de professores. Segundo a diretora da instituição, professora Marcia Guimarães Garcia, está faltando professor de física (mas a vaga deve ser preenchida em breve), de espanhol e irá faltar de biologia, já que, nesta última, a professora pediu exoneração para resolver problemas particulares e deve se desligar do colégio em breve. A instituição também estava sem professor de língua portuguesa, mas o problema já foi sanado. Conforme a diretora, a coordenadora da 4ª CRE visitou o colégio para ver a realidade, mas nenhuma solução foi tomada.
Ficamos um trimestre e meio sem professor de literatura e língua portuguesa, consequentemente só tivemos dois meses de aula. Mas no geral olha a defasagem, começamos a ter professores agora. Vai ser aquela coisa, eu finjo que te ensino e tu finge que aprende. A grade curricular precisa ser completa, a carga horária precisa ser recuperada, caso contrário não sai ano letivo. Não se encerra o ano letivo se não tiver 200 dias de aula e a carga horária completa em cada disciplina, explica Marcia.
Ela salienta também que os alunos não haviam se dado conta do problema. Acho que eles ainda não tinham se tocado. Se deram conta a partir do momento que tiveram que deixar o seu recesso para ter aula nas férias. Aí eles começaram a se preocupar e eu disse, vocês já sabem que agora em janeiro terão aula de novo. Agora que acordaram para algumas coisas.
De acordo com Marcia, além dos problemas particulares dos profissionais, uma série de fatores envolvem os motivos que levaram o Colégio Estadual Olga Ramos Brentano a ter que lidar com a falta de professores. Licença maternidade, mudanças no currículo escolar, salário de 900 reais mensais parcelado (risos), 13º parcelado, alunos desmotivados, que não gostam e não querem estudar (desinteresse pela educação), problemas em casa que precisam ser solucionados, não são e acabam vindo parar na escola, enfim, a realidade toda vai ajudando, coisas que desmotivam, que pesam e contribuem para que os professores saiam da educação pública estadual. Mas graças a Deus nenhum problema relacionado a escola.
Quando questionada sobre problemas de evasão escolar, Marcia afirma que ele se dá mais no turno da noite e não no diurno. Nem chega a ser evasão, é aquela coisa: ‘vou para escola um dia e depois não vou mais porque não tenho mais interesse e não quero mais estudar’. É o tal do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que obriga um menor de 16 anos a estudar. Muitos alunos chegam para mim e dizem: ‘eu não quero estudar!’ Esse aluno completa 18 anos e vai embora, não continua os estudos.
Marcia afirma também que os professores que permanecem trabalhando no colégio são guerreiros. Não é só a questão salarial, é questão de mudança de valores dos alunos, das famílias. Infelizmente o papel do professor perante os outros não é mais o mesmo. Somos apenas mais um, mas deveríamos exercer apenas a função do professor.
Em relação ao desempenho dos alunos, num aspecto geral, a diretora diz que ele está mediano. Infelizmente esta geração não tem persistência mas quer ser sempre mais. Temos excelentes alunos, não posso generalizar. Mas infelizmente o que vemos são alunos assim: já estou fazendo um curso, já estou ganhando dinheiro. Gostam das coisas imediatas. Legal é ganhar aquele salário que o curso me dá, comprar o tênis da moda, o celular da moda. Os valores que estão sendo cultivados na nossa sociedade hoje em dia é o que está causando tudo isso, criando essas mazelas da educação, tem outros interesses melhores do que pegar um livro e ler. O projeto de longo prazo que foi feito lá atrás para a educação está sendo colhido agora. Se contentar com pouco, não estou nem aí.
