Escola Ferroviária Tiradentes – Ficará apenas na memória!

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Ângela Maria Jung Silvestrin
Professora aposentada e moradora na Comunidade de São Luiz há 44 anos

Linda em sua rústica simplicidade, ela teima em estar de pé!

E se falasse? Se contasse o que viu e ouviu durante os anos em que, mesmo descalças, mesmo com materiais simples, mesmo sentindo frio, as crianças chegavam de manhã cedinho para aprender!

Vinham muitas, em certos anos, chegaram a 60! Duas, três, quatro da mesma família, e se perfilavam para subir a escada e entrar na única sala, aguardadas pela professora Thereza, que morava ali ao lado.

E se as velhas tábuas, carcomidas por cupins pudessem falar? Diriam da alegria das crianças aprendendo a ler e escrever?

E as janelas? Diriam que era por elas que espiavam se havia sol, chuva ou a neblina, se poderiam jogar bola no campinho improvisado?

A velha e digna Escola Ferroviária Tiradentes guarda muitas memórias!

Ela, junto com a casa da professora Thereza, as casas dos trabalhadores da estrada de ferro, a gruta construída pela professora com os alunos, os ipês e cinamomos, o jardim com dois lindos pés de camélias em torno dos quais havia canteiros de flores em formato de estrela, a horta e a cerca viva, compôs um espaço de convivência por onde circularam, por décadas, as pessoas deste lugar.

Mas tudo mudou!

Desde 1968, aposentou-se de ser escola!

E viu tantas mudanças!

Pessoas circulando a pé, de carro, de uniformes de trabalho, viu novos espaços sendo construídos, viu que o trem não mais circulava e que pessoas muito queridas sumiam. Apesar de sentir que passavam sem ver, ela se impunha como a dizer: Compreendo seu olhar indiferente, você não conhece minha história, não sabe tudo o que eu sei.

Agora, está prestes a ser demolida.

E foi para lhe dizer adeus que uma de suas antigas alunas, Lúcia, 80 anos, a visitou acompanhada de irmãs, primas, filha, netas, sobrinhos.

E a escola ouviu-a descrever o que ambas guardavam na memória.

E pela última vez, as vozes, os risos, a alegria das crianças entraram na velha escola.

E viu tantas mudanças! Pessoas circulando a pé, de carro, de uniformes de trabalho, viu novos espaços sendo construídos, viu que o trem não mais circulava e que pessoas muito queridas sumiam. Apesar de sentir que passavam sem ver, ela se impunha como a dizer: Compreendo seu olhar indiferente, você não conhece minha história, não sabe tudo o que eu sei.

Querida Ângela!

Lindo resgate dos sentimentos que envolvem essa singela casinha, palco de tantas lições e tantos ensinamentos que nortearam a vida de boa parte da população de São Luiz.

A ligação com o trem, os trilhos e as equipes envolvidas dava um sentimento de ligação com o progresso e as novidades.

A professora Thereza, sempre atenta às novidades do ensino via padre Mascarello, mantinha todos na disciplina e no aprendizado.

Também tenho muitas lembranças da nossa escola, que me marcaram para sempre.

Abraços a todos os queridos colegas.

Ainda gostaria de tirar uma foto do nosso querido monumento de ensino fundamental

José Jacob Fanton – Geólogo

Nossa escolinha Tiradentes

Chegou a hora de decidirmos o seu destino!

O que vamos fazer com restos de madeira e muita história?

A Escola Ferroviária Tiradentes foi espaço de muitos saberes e muitos talentos!

Dentro dessas paredes circulou muito mais que aprendizados. Foi o local de encontro, de desenvolver habilidades, de estabelecer laços e conhecer novos mundos!

Serviu, no passado, de alimento para a alma, agora quem se alimenta dela são os seres da madeira, fechando um ciclo com o dever cumprido.

Ela, e seu entorno, casa da querida professora Thereza, foi amparo, lugar de ricas vivências , de energia de vida, de risos, alegrias e encantos!

Hoje, como quem está cansada, sede espaço para o movimento da vida acontecer.

Viverá sempre na memória de quem por ela passou!

Professora Cleonice Marília Lovatto Cortelletti

Emocionante, Ângela!

Tua sensibilidade é única. O tempo é implacável e transforma tudo em memórias. Daquele tempo já se foram a Maria Fumaça, a vila dos turmeiros, o trem, os trilhos, e agora, a escola.

Restam os ipês imponentes, os pés de camélia , a gruta e a casa da professora.

Nesse lugar tudo tem muito significado, e imagino que seja igual para muitas pessoas que passaram por ele.

Stela Maris Lovatto Ter Sarkissoff – Psicóloga

Não conheci a escola

Meu pai estudou ali.
O que eu tenho de lembrança é a letra bonita legível que ele tinha e aprendeu ali.

Lurdes Molon Fetter – do lar