TEAcolhe em Farroupilha: um sonho trabalhado dia após dia

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Uma das prioridades do mandato da vereadora Fran Bonaci é a pauta do autismo. Buscar políticas públicas, ferramentas e mecanismos que possam dar mais qualidade de vida e dignidade para as pessoas que estão no espectro autista é assunto dia após dia no gabinete. E um dos temas mais trabalhados é a necessidade de trazer o TEAcolhe para Farroupilha. “Ter o TEAcolhe aqui na nossa cidade é um sonho não só meu, mas também de todas as famílias que necessitam dessa estrutura. Nestes primeiros meses, fiz diversas reuniões, entrevistas, solicitações e mobilização para termos essa conquista. Sei que é uma construção política e que precisamos de muito diálogo e paciência. Mas acredito muito que se o prefeito tiver sensibilidade e humanidade, se ele realmente quiser, e se o município colocar como prioridade, o TEAcolhe se tornará uma realidade em breve. Será um alento para todos que necessitam de atendimento especializado e acolhimento.”

A busca pelo TEAcolhe começou antes mesmo de ter vencido a eleição como vereadora. No ano de 2023, quando Fran assumiu a Câmara como suplente de vereadora, já naquela oportunidade demonstrou que esse tema era uma preocupação. “Essa é uma causa que eu trabalho mesmo antes de ser vereadora. Por ser uma mãe atípica, eu vivo na pele o que todas essas famílias enfrentam no dia a dia. Sei das dificuldades que essas mães e esses pais encontram para conseguir o atendimento e as terapias necessárias para seus filhos”, comenta a vereadora, que também é mãe de uma menina autista.

E justamente por viver a causa no dia a dia, Fran convive com dezenas de outras famílias que vivem a mesma situação. Agora como vereadora, acaba sendo uma voz a mais na busca pelos direitos e por dignidade para essas crianças. “É minha obrigação lutar por essas pessoas, representar, ouvir e buscar a melhor forma de ajudar em cada caso. As pessoas tem me requisitado, tem nos procurado em nosso gabinete, todos os dias recebemos mensagens de mães desesperadas e às vezes até já perdendo as esperanças, por não conseguirem atendimento adequado”.

Fran é defensora de que já passou da hora do município ter a estrutura do TEAcolhe, que é um programa do Governo do Estado que disponibiliza uma ampla gama de profissionais para atendimentos especializados de forma multidisciplinar. “Tem tudo o que as crianças precisam, inclusive os tão difíceis diagnósticos”, afirma entusiasmada. Defensora da causa, Fran entende que a decisão é política: “Para ter o projeto funcionando em Farroupilha, basta a prefeitura solicitar e viabilizar a estrutura física, dessa forma o Governo do Estado envia o recurso em dinheiro, valor esse que pode chegar a cem mil reais mensais”, afirma a vereadora.

Ter o TEAcolhe em Farroupilha vai significar menos transtornos, mais conforto e praticidade para as famílias, já que isso elimina o longo tempo de deslocamento até outros municípios. “A nossa referência por exemplo é na cidade da Feliz, 40 minutos ida, 40 minutos volta. Mais o tempo de espera lá, mais o tempo de atendimento. Imagina isso duas ou três vezes na semana? Como é que os pais vão conseguir acompanhar seus filhos? As pessoas precisam trabalhar. E as crianças não podem ser submetidas a esse estresse de deslocamento constante, isso por vezes acaba em crises, prejudicando o desenvolvimento. Isso é certo? Em alguns casos os atendimentos são feitos em Gramado, que é mais longe ainda. É praticamente 2h para ir e mais 2h para voltar. Eu, sinceramente, não concordo que tenhamos que passar por essas situação, que além de desrespeitosa, chega a ser vergonhosa. Farroupilha é uma cidade que estimamos ter mais de 800 pessoas com autismo, segundo os últimos dados do Censo Escolar e do IBGE. Um município desenvolvido, que se destaca em muitas áreas. Mas que ainda não entrega o mínimo de dignidade para as famílias que precisam, facilitando suas vidas e proporcionando desenvolvimento para essas crianças. Não acho isso certo e vou trabalhar muito para que possamos ter aqui em Farroupilha o TEAcolhe”.

Fran entende que a personalização do atendimento é fundamental para a evolução do autista. E esse é outro benefício de ter o TEAcolhe: o tratamento personalizado, individual, com planos adaptados, de acordo com as necessidades de cada paciente. E segundo a vereadora, somente com a estrutura do projeto isso é possível, “proporcionando eficácia nos tratamentos e muito mais desenvolvimento e evolução para essas pessoas”, afirma Fran.

Ter o TEAcolhe em Farroupilha vai significar menos transtornos, mais conforto e praticidade para as famílias, já que isso elimina o longo tempo de deslocamento até outros municípios

Outro motivo para ter o TEAcolhe na cidade é o alto número de judicialização por parte das famílias, gerando estresse, chateação e desconforto para quem precisa dos atendimentos. “Hoje muitas famílias acabam buscando de forma judicial as terapias e tratamentos que não são oferecidos pelo SUS no município. E na grande maioria das vezes ganham na justiça, podendo buscar de forma particular e sendo devidamente reembolsadas, gerando custos extras para a prefeitura. Ter o TEAcolhe na cidade também representaria economia, pois dessa forma os tratamentos não precisam ser pagos de forma particular e existiria menos judicialização”, explica a vereadora. Ela ainda complementa: “Só que até a judicialização tem sido um problema, e segundo denúncias, dificultada. A prefeitura, através da secretaria de saúde, parece achar isso muito ‘caro’ e pode aparentemente entender que onera muito o cofre do município. Então além de não oferecer os atendimentos em muitos casos, acabam dificultando o fornecimento das negativas, impedindo que as famílias busquem seus direitos na justiça. Dessa forma acabam obrigando essas famílias a aceitarem o atendimento em cidades mais distantes, já que ficam sem alternativas”.

O TEAcolhe, por ser um programa estadual, atualmente está presente em apenas 42 municípios. Mas cabe ao município a responsabilidade de demonstrar interesse, se cadastrar e viabilizar a instalação. Dessa forma o estado envia os recursos. “Eu sei que não é exclusivo de Farroupilha, em todo o estado a gente enfrenta esse problema de falta de planejamento das prefeituras para esses acessos e essa prestação de serviços. O aumento no número de diagnósticos, o maior conhecimento sobre o tema e a busca pela informação tem demandado dos prefeitos e dos órgãos públicos muito mais pessoas solicitando serviços. Mas não adianta, precisamos de organização, de vontade política e principalmente, de empatia. Tratar bem as pessoas e oferecer saúde de qualidade é nosso dever. Isso é dar dignidade. É respeitar o cidadão e o ser humano”.

Visita de estudo ao Programa TEAcolhe em Porto Alegre em 2025
Busca por informações sobre o programa TEAcolhe ainda no ano de 2023 quando assumiu como suplente de vereadora
Presente no Seminário TEAcolhe. Na ocasião, foto ao lado da equipe da AMAFA em 2025