Círculo Operário de Farroupilha comemora 80 anos

Em sete de outubro de 1945, no salão do Clube do Comércio, foi realizado o ato de fundação do Círculo Operário de Farroupilha. 80 anos depois, muita história é exaltada

No último 7 de outubro, o Círculo Operário de Farroupilha completou 80 anos comemorando a solidez dos laços construídos ao longo destas décadas. O evento, realizado no Restaurante Stefennon, contou com a presença de autoridades locais e convidados, além da benção do frei Jaime Bettega. Na história da entidade que acompanha a trajetória da cidade, pontos ressaltados pelas palavras do presidente Moacir Leonel Zeni. “Quantos sonhos, quantas reuniões, trocas de ideias, debates, discussões amigáveis e mais acaloradas — tudo em prol de um objetivo: a nossa entidade”, iniciou o presidente, relembrando os passos que levaram à criação do Círculo.

Zeni lembrou que a fundação ocorreu em 7 de outubro de 1945, ano do fim oficial da Segunda Guerra Mundial, da bomba atômica jogada pelos Estados Unidos sobre Nagasaki e Hiroshima e também dos 11 anos de emancipação de Farroupilha. Mesmo diante de um cenário de instabilidade global, um grupo de farroupilhenses, liderado pelo padre José João Casanova e apoiado pelo monsenhor Thiago Bombardelli, mobilizou-se para dar vida ao Círculo Operário local. “O movimento circulista ocorreu no início da era Getúlio Vargas, tendo sido fundado o primeiro Círculo Operário do Brasil em Pelotas, no ano de 1932”, recordou.

As primeiras reuniões aconteceram no âmbito da Juventude Católica Masculina de Farroupilha, até que, em agosto de 1945, a ideia ganhou força definitiva após o encontro do monsenhor Bombardelli com o padre Ângelo Tronca, assistente eclesiástico do Círculo Operário de Caxias do Sul. “Rapidamente o movimento tomou vulto, alastrando-se em toda a cidade, empolgando patrões e operários. Destacou-se nesse trabalho a atividade intensa dos rapazes da Juventude Católica que não mediram esforços na execução do objetivo em um completo clima de euforia”, contou o presidente.

  • Segundo conta a história, o padre José João Casanova percorria fábricas e firmas comerciais do município, explicando a importância de um Circulo Operário para os trabalhadores. O apoio ocorreu em grande escala.

Fundação

Dia 7 de outubro de 1945, no salão do Clube do Comércio, realizou-se com grande solenidade o ato de fundação do Círculo Operário de Farroupilha., sendo a primeira diretoria constituída por:

  • Alexandre Sachet, presidente
  • Florentino Perotoni, vice-presidente
  • Tranquilo Tissot, secretário
  • Waldemar Dal Monte, tesoureiro
  • Padre. José J. Casanova, assistente eclesiástico

A partir dali, começou uma trajetória marcada pelo espírito de cooperação e trabalho voluntário. “Era hora de buscar associados para formar esta associação mutualista onde todos contribuem e todos têm direito ao benefício”, observou Zeni. Os desafios vieram e a diretoria, apoiada pelos sócios e pelo Centro da Juventude Católica Masculina, iniciou campanhas para angariar fundos. “Houve doações das mais diversas para fazer almoços, jantares, rifas. Doações feitas por sócios cooperadores, empresas, prefeitura, estado, verba federal através de emenda apresentada por deputado, houve médico e advogado que trabalharam 100% de graça até que a entidade pudesse custear parte desse serviço ao associado”, menciona Zeni.

Nos primeiros anos, as atividades do Círculo eram desenvolvidas no Salão Paroquial de Farroupilha. Pouco depois, em 1947, a Prefeitura doou os primeiros terrenos, sob a gestão do prefeito Raul Cauduro, o que permitiu o início das obras da sede própria. “Essa doação com certeza foi fundamental para o início da caminhada”, afirmou. Em 1948 foi lançada a pedra fundamental. No dia 10 de outubro de 1950 o quadro de Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças (Padroeira e protetora do Círculo) foi conduzido até a nova secretaria no prédio em construção, onde foi realizada a primeira reunião da diretoria na nova sede.
Entre as memórias o presidente relembrou a devoção à Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças, considerada a padroeira da entidade.

Foi sob essa inspiração que o padre Casanova conduziu o Círculo durante quase nove anos como assistente eclesiástico, ajudando nas decisões e na busca de recursos para a entidade. Em fevereiro de 1954, o padre se despediu da diretoria, transferido para outra paróquia. Padre Fábio Piazza era o novo assistente eclesiástico. “Assim seguiu a vida da entidade com assistência médica e dentária e com os associados se reunindo nas dependências provisórias do Círculo – neste local (restaurante Stefennon) – a fim de jogarem bocha, bolão e até futebol de salão no segundo andar do prédio principal”, acrescenta o presidente.

Transformações

Em 1965, ano em que o Círculo completava 20 anos, o presidente Enio José dos Santos argumentou a necessidade da demolição do pavilhão de madeira da área de recreação, para no mesmo lugar ser construído o novo prédio em alvenaria. “Em 1967 foi inaugurado o salão em alvenaria, onde hoje estamos realizando este evento, e só para acrescentar, em 1968, na administração de Armando Claudio Hansen, foram colocadas as aberturas na parte superior do prédio principal da entidade”, complementa a história em seu discurso.

  • Ao longo das décadas, o Círculo acompanhou as transformações da cidade e da sociedade. “Sabemos pelos registros que os primeiros 20 anos da entidade foram de muito sacrifício e exigiram muita determinação e resiliência de suas diretorias para superar as dificuldades”, destacou.

Com o passar do tempo, o foco das atividades foi sendo direcionado para a assistência médica e social aos associados, mantendo viva a essência solidária que inspirou sua criação. “Hoje a entidade está muito bem estruturada, graças ao trabalho voluntário das diretorias desde o seu início. Temos tratado com muita responsabilidade os recursos que são do associado e devem voltar em benefício do associado”, afirmou o presidente. Zeni encerrou sua fala com uma mensagem de continuidade e esperança. “Temos que avançar com melhorias a todo o instante, não só na parte física, mas também em benefícios aos associados. Vida longa à nossa entidade! Caminhemos a passos firmes rumo ao futuro, a exemplo dos que nos antecederam.”

Com a valorização de uma história de trabalho e dedicação voluntária de muitas diretorias, o Círculo Operário de Farroupilha chega aos 80 anos de forma estruturada, com saúde financeira, múltiplos serviços aos associados e equipe comprometida

80 anos de superação e parceria com a comunidade e associados

O administrador do Círculo Operário de Farroupilha, Claudemir Sachet, frei Jaime Bettega
e o presidente Moacir Leonel Zeni
Jorge Stefennon e a esposa Sonia do Restaurante Stefennon com o presidente Zeni
Moacir Zeni e a imagem de Nossa Senhora Medianeira, padroeira e protetora do Círculo
Integrantes da diretoria e ex-presidentes do Círculo Operário de Farroupilha
Com o hino nacional a valorização da história e da dedicação de diferentes gerações para a manutenção, solidez e continuidade do Círculo