O que nos resta?

Há fases na vida em que as respostas para nossas indagações parecem se esconder em algum pico lá no Tibete.

Há fases na vida em que as respostas para nossas indagações parecem se esconder em algum pico lá no Tibete. Distantes demais da compreensão necessária para qualquer atitude. Resta-nos, neste caso, a confiança de estarmos percorrendo os caminhos mais indicados a nós.

Nem sei o que pensar de 2019. Tenho novas marcas em meu rosto, causadas pelo enfrentamento daquilo que não se pode evitar. Receio de achar que não há como piorar, porque sempre há como. Resta-nos, neste caso, a esperança de vivermos dias melhores.

Deslizo os olhos pelas redes sociais e percebo pessoas que parecem viver em mundos totalmente distintos do meu. Comemoram os bons resultados, exalam otimismo com os bolsos cheios de dinheiro, longe das dúvidas e das dívidas. Resta-nos, neste caso, a convicção de que a necessidade de mostrar alegria destoa muito da realidade.

Na maior parte do tempo obedecemos às regras da boa convivência, às necessidades de dançarmos a música que toca, de nos enquadramos no que precisa ser feito, já que não há – por hora – outra opção. Resta-nos, neste caso, a certeza de que a vida é cíclica e responde aos nossos movimentos.

Nem sempre é possível tomarmos a atitude que queremos, aquela que certamente nos traria mais conforto interno, mais paz e mais justiça perante o descaso daqueles que não nos valorizam como deveriam. Resta-nos, neste caso, o silêncio da vontade que nasce da consciência. Aguardar é preciso. Ciclos começam e terminam.
Há dias em que o tom de incentivo prevalece. Em tudo. Em outros, o “descuido apercebido” de permitir que o sentimento, isento de controles impostos por nós mesmos, se manifeste. Resta-nos, neste caso, o reconhecimento do poder avassalador da sinceridade. 

Em destaque no texto, palavras que podem ser os sinalizadores de uma ampla resposta que valha o esforço todo. Pode ser que salte aos olhos, mas ainda assim precisamos de alguém para nos dizer.
Às vezes, é preciso visitar a escuridão para enxergar a luz.