Envelhecer é uma arte… E um desafio

Faz tempo que superei deficiências típicas de quem não dá muita bola para a falta de sintonia com a modernidade

Faz tempo que superei deficiências típicas de quem não dá muita bola para a falta de sintonia com a modernidade como, por exemplo, os avanços tecnológicos. Peço ajuda aos universitários ou seja, aos filhos que dominam as técnicas com destreza. 
No trabalho estou rodeado de craques dos mistérios virtuais, o que me conforma, mas me deixa muito acomodado e por vezes vexado diante da fama de dinossauro da comunicação. Tenho consciência de que preciso buscar aperfeiçoamento neste e em outros aspectos, como idiomas, com ênfase para o inglês.
Como tudo tem um lado bom, conservo hábitos de velho dos quais me orgulho. Ando sempre com uma agenda de papel, daquela com espaço para anotar datas, eventos e pessoas especiais. O destaque são os aniversariantes que, a cada início de dia – por volta das 5h30min da madrugada – são por mim saudados com um whatsapp. 
Estes aniversariantes também são saudados com parabéns em pelo menos duas emissoras de rádio, a quem comunico a efeméride (bah… esta é do fundo do baú, heim?). Quando é possível, gravo a mensagem com o celular e envio o áudio para parceiros que estão mudando de idade.
A comemoração dos aniversários obedece a outro ritual que conservo há mais de 40 anos. Envolve amigos especiais, parceiros de longa data, afetos forjados ao longo da vida. Estes eu saúdo pessoalmente ou através de uma ligação telefônica. Você aí, leitor e leitora, responda com sinceridade: quantas felicitações você recebeu nos últimos aniversários ao vivo?
O artificialismo que o avanço tecnológico impôs à vida moderna comprimiu o espaço para o bate-papo ao vivo e a cores. É o custo da agilidade, da onipresença, do consumismo e, cá entre nós, da ostentação celebrada pelas redes sociais.
Outro hábito de velho envolve a mania de enviar uma mensagem parabenizando um colega que publicou uma bela reportagem, foi agraciado com um prêmio, teve uma declaração elogiável ou promoveu o bem entre seus semelhantes.
O elogio possui valor de repercussão impossível de mensurar. A exacerbação da crítica e da denúncia – muitas vezes sem fundamento ou com mero cunho pessoal – sufocou o saudável hábito de reconhecer méritos pessoais. 
Outra mania é distribuir bom dia desde a saída de casa até a chegada ao trabalho. São gestos que considero simples adaptação à rotina e que podem melhorar a vida das pessoas da nossa convivência.
Repito à exaustão que a idade (avançada) nos tira muitas coisas, mas nos empresta atributos que somente o passar do tempo consolida. O segredo está em apartar – e preservar – o que é bom para melhorar a convivência, valorizar as pessoas, aperfeiçoar as relações e fazer da vida uma passagem gratificante.