Equilíbrio e bom senso

Falar sobre o uso da tecnologia por parte de crianças é gerar polêmica na certa. Pais modernos dirão que é

Falar sobre o uso da tecnologia por parte de crianças é gerar polêmica na certa. Pais modernos dirão que é preciso desde a mais tenra idade introduzir a piazada no mundo digital, sob pena de já nascerem defasados. Outros – mas estes não confessam! – cedem ao uso de smarphones ou tablets para terem um pouco de sossego ao chegar em casa ou no restaurante.
Independentemente da finalidade aconselha-se equilíbrio, sem radicalizações. Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde botou mais lenha nesta fogueira. Publicou: Bebês de até um ano não devem ter qualquer tipo de acesso a telas eletrônicas. Dos dois ao quatro anos, a indicação é de, no máximo, uma hora por dia de TV, games ou celulares.
Os pais devem cuidar da saúde digital com o mesmo zelo com que escolhem o colégio, o professor de línguas ou o pediatra. Apesar da advertência muita gente dá de ombros às orientações. Ao contrário dos laboratórios farmacêuticos, nenhum fabricante de equipamentos eletrônicos ostenta a advertência o Ministério Saúde adverte: o uso prolongado de videogame faz mal à saúde do usuário. Portanto, é responsabilidade exclusiva de pais ou responsáveis.
A tecnologia facilitou muito a nossa vida. Recentemente fui vítima de uma crise no nervo ciático (que minha avó chamava de nervo asiático) e procurei uma clínica onde já sou freguês de caderno. Uma injeção diretamente na coluna, 50 minutos de massagem terapêutica e tudo voltou ao normal. A diferença, desta vez, é que todo o sistema informatizado do complexo estava fora do ar. Foi divertido ver secretárias preenchendo fichas à mão, médicos redigindo lautos à caneta e recibos preenchidos manualmente.
Os avanços tecnológicos permitem comunicação instantânea entre pessoas dos locais mais remotos. Também facilita encontrar amigos, ex-colegas e antigos afetos num simples acionamento do Google. Paradoxalmente há um notável crescimento das estatísticas referentes à depressão, solidão e suicídios. Esta é uma indagação e tanto. Muita gente garante que as relações nunca estiveram tão fúteis, superficiais e meramente digitais. Muita gente mente nas redes sociais para colecionar amigos – sim, entre aspas -, contabilizar likes ou apenas exibir-se.
Como já escrevi neste espaço, ter filhos nesta overdose de tecnologia é um enorme desafio. Na internet a gurizada acessa a todo o tipo de conteúdo, alguns pouco construtivos e de péssimos exemplos. Ao mesmo tempo é preciso preparar as crianças para o mundo tecnológico, cuja atualização é quase impossível, tão intenso é o desenvolvimento de conhecimentos do tema. Vale o velho e bom equilíbrio e bom senso.