Para o bem
Decididamente não… Não me considero aprisionado. Jamais tive envolvimento com falcatruas. Não me aceito em prisão domiciliar. Nunca fiz conluio
Decididamente não… Não me considero aprisionado. Jamais tive envolvimento com falcatruas. Não me aceito em prisão domiciliar. Nunca fiz conluio algum com a corrupção. Detido, também não é o caso. Não há necessidade para averiguações. Minha vida pregressa revela um cidadão idôneo, o histórico de meu passado é isento de qualquer nódoa moral, de caráter sem jaça, não tenho mazelas a esconder, estou completamente limpo, tanto quanto, em tempo de coronavírus, as mãos das pessoas que as lavam frequentemente. Fico em casa. Consciente não me sinto sem o direito de ir e vir. Posso assim agir, democraticamente mas irresponsavelmente, indo para a rua. Privado, confinado, enclausurado, na verdade, conforme sugerido, sigo o conselho de cientistas e da OMS, estou em isolamento social e procedendo assim, colaboro para o bem da humanidade. Não me sinto desconfortável. Tomo precauções comigo e para com os outros iguais. Não quero ser o agente maligno de uma doença infecciosa, resguardo-me, não desejo ser um elo contaminador do vírus. Gosto de estar em casa. Claro, nem tudo é perfeito: estou impedido de ir ao cinema, não posso realizar meus exercícios na academia, a novela Amor de Mãe foi suspensa, não posso ir ao bar do Bolacha tomar aquele cafezinho. Tenho lazer em casa. Pela segunda vez assisti na tv o inolvidável filme Encontros e Desencontros, o musical cubano Buena Vista Social Clube, a Orquestra Jazz Sinfônica (SP), a reprise no canal Arte1 de um sensacional e histórico show na Suíça da extraordinária banda Eath Wind & Fire, assim como programações diversas: festivais, documentários, filmes. Somos três em casa: eu minha distinta e amada companheira Neiva e o terceiro personagem, sabem quem? O Tylly (isso mesmo, nome americanizado) fiel canis lúpus familiares, tamanho médio, pelo amaciante e esbelto, cor dourado claro – pessoas afirmam que eu exagero quando digo que se trata de um Golden Retrieve, em tamanho menor. Honestamente Tylly é um animal Sem Raça Definida (SRD), no popular, um vira-latas. É esperto, agitado, carinhoso e dócil. Minha netinha Cecilia (4 anos) gosta muito dele, a reciproca é verdadeira. Tenho afazeres domésticos relacionados a horta e ao jardim. A safra de tomates terminou, agora é a vez dos pimentões.
Hortigranjeiros perenes como alface, rúcula e radiche continuam satisfazendo apetites. No jardim, no próximo mês poda das roseiras. Podas também nos gerânios e a devida adubação; Três Marias, logo que terminar a floração merecem poda. São três cores diferentes: encarnada, roxa e amarela. Em tempo de outono o solo do quintal fica multicolorido. Tenho que preparar canteiros para as mudas de flores do clima, no caso do inverno, amor-perfeito. Poucos são os cuidados com as suculentas. Eu, seguido pelo Tylly, verificamos costumeiramente todos os detalhes do meio ambiente local, Noto que a grama tem que ser cortada. Isso é o de menos. Demais é o que faz o coronavírus com a humanidade