A guarda dos filhos

O Código Civil (art. 1.584) diz que a guarda dos filhos deve ser definida, por consenso, entre os pais. Caso

O Código Civil (art. 1.584) diz que a guarda dos filhos deve ser definida, por consenso, entre os pais. Caso não haja consenso, se ambos os genitores tiverem condições, deve ser aplicada a guarda compartilhada (art. 1.584, § 2º).
A guarda compartilhada é a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns (art. 1.583, § 1º).
Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos (art. 1.583, § 2).
É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família, assegurada a convivência familiar e comunitária em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.
Parecem questões simples, mas o amor tem seus degraus. As torrentes de água doce se transformam em tormentosas cascatas. O doce das uvas escorre azedo pelas portas. Os filhos crescem nestes desvãos.
Seguidamente ouço:
– Mas ele não quer visitar o pai? Chora demais na hora de ir.
Eu pergunto:
– E se não quiser ir à escola? E se bater o pé no chão? E se não quiser tomar banho e escovar os dentes? E se não quiser fazer a vacina? E se não quiser ir à casa dos avós?
A resposta parece óbvia.
A responsabilização conjunta e o equilíbrio do tempo são atributos indispensáveis ao bom convívio. Os pais devem ser adultos, mas vejo, muitas vezes, crianças interiores dentro de cada mãe e de cada pai batendo o pé no chão, fazendo birra, chorando escandalosamente, como se o filho fosse um brinquedo seu. Jogam aos filhos a responsabilidade pelo desequilíbrio que é dos pais.
Tudo isso é relevante: ir ao outro, ir à escola, escovar os dentes, tomar banho, vacinar e visitar os avós. Se os pais souberem lidar com o choro do filho, logo se transformará em risos.
É segunda-feira: 8 h 30 min. Chega a Mariana (04), minha filha. Recém acordou:
– Pai, não vou fazer xixi! Me dá o celular!
Acabou com a minha crônica.