A Trilha dos Suecos

Manoel Bandeira disse que para compor um tratado sobre passarinhos é preciso por primeiro que haja um rio com árvores

Manoel Bandeira disse que para compor um tratado sobre passarinhos é preciso por primeiro que haja um rio com árvores e palmeiras nas margens.

No penúltimo final de semana, sábado, 16 horas, fui com a Mariana (5) e a Júlia (18), minhas filhas, à Trilha dos Suecos. Na ida, a Mariana disse que, para não dormir, estava assistindo à sua TVzinha interior. O ‘Dudu’ e a ‘Mariana’ são os operadores imaginários dessa ‘rede televisiva’.

Na RS 448, passamos a ponte de ferro sentido Farroupilha a Nova Roma, a uns três quilômetros adiante, à esquerda, entramos.

Há passarinhos, árvores, o Rio das Antas e dois outros pequenos rios que descem as montanhas de Nova Roma do Sul. É um ambiente propício para compor um tratado sobre passarinhos. Não sei se há palmeiras. Provavelmente haja algum tipo delas. Elas vivem em muitos lugares e são muitas espécies.

Tem um pequeno cemitério, natural por excelência. Oito cruzes, no meio do mato, disputam espaço com as árvores.

O cantar dos pássaros nos acompanhou. São desnecessários os tratados para que haja canto. Bastam as árvores, o cemitério e o rio.

Em alguns momentos, carreguei a Mariana. Há a cascata do Salto Escondido, difícil de encontrar. Ao nos aproximar, ouvimos gritos. Algumas pessoas desciam a cascata em duas cordas.

Retornamos. Um pequeno passarinho ia saltitante, catando insetos palatáveis, entre a trilha e as folhas secas do outono. A Mariana comentou que a sua TVzinha resolve problemas e capta imagens. Problematizei:

– Então, pede para ela quanto é 12 + 17.

– Ihhh! – Respondeu a Mariana. – O Dudu e a Mariana desligaram a TVzinha.
– E 1 + 1?

– Ahhh! Ligaram. É dois.

– E como se escreve dois?

– Desligaram!

Manoel escreveu que a presença de libélulas seria uma boa para os passarinhos. E dentro dos quintais das casas que houvesse pelo menos goiabeiras.

Porque os passarinhos precisam antes de belos ser eternos. Eternos que nem uma fuga de Bach – disse o poeta.

Na volta, 19 h, enquanto a Júlia ouvia músicas, a Mariana pediu:

– Mana, coloca rock pauleira, senão eu durmo!