Sem chão, sem ar e sem pensamentos

O espanto das incertezas é o mais lindo nas sílabas que concretam a vida. É uma insegurança que ensina. Compartilho a mensagem em forma de crônica:

Boa tarde, Dr. Mario!
Há anos, recebi uma ligação anunciando o nascimento do meu filho. Têm sido anos de muitas alegrias. Ele é uma criança alegre e feliz.
Aos três anos, surgiu a oportunidade de contar sobre a adoção. Ele recebeu a notícia muito tranquilamente e sempre tratamos disto com naturalidade e sinceridade. Neste dia, falei a ele que, quando quisesse, conheceríamos sua mãe e irmãos. Achei que isto aconteceria quando estivesse adolescente. Qual não foi a minha surpresa, quando, no domingo passado, o meu filho, meu amor, perguntou:
– Mãe, tu já foi na casa da minha “outra mãe”?
– Não, meu filho! Eu não conheço ela. – Respondi.
– Por que tu não foi lá, mãe?
– Porque só vou lá quando tu quiser conhecer ela!
Aí ele disparou:
– Sim. (Foi como um tiro no meu coração). Então, eu quero conhecer ela!
Fiquei sem chão, sem ar. Minha cabeça ficou oca, sem pensamentos. Meu filho!!!!!! Meu Deus, o que eu vou responder pra ele!!! Se passaram mil pensamentos naqueles breves segundos. Aí eu respirei … Respirei de novo e respondi:
– Filho, a tua mãe sou eu!!!
(Olha a minha resposta!!!). Continuei:
– Mas se tu quer conhecer ela, vamos ver pra isso acontecer. A mãe vai ver!
– Tá, mãe! – Ele disse.
Não preciso dizer como foi a minha semana. Contei para o pai dele e quase surtou. Aí eu tive que ser a mais forte e fui me aconselhar com minhas amigas (…). Que bom é ter amigas! Hoje meu coração está mais tranquilo. Conversei novamente com ele e acordamos que podemos esperar um pouco mais para dar esse passo.
Bom, Dr. Mario, fiquei com muita vontade de compartilhar  esse meu sentimento, insegurança, esse quase desespero que me assolou. Ao mesmo tempo, sei que é um longo caminho que vamos trilhar. Me preocupo com o impacto que esta caminhada pode causar na formação da personalidade e na vida do meu filho, mas sei que estou no caminho certo.