Adeus Fredinho

Em muitos lares, um cachorro não é apenas um animal de estimação. É um membro da família. Eles nos recebem

Em muitos lares, um cachorro não é apenas um animal de estimação. É um membro da família. Eles nos recebem com festa, nos consolam no silêncio e acompanham nossos dias com uma fidelidade incomum. Quando partem, deixam um vazio que se dissolve no tempo, mas que dificilmente se apaga.
Esta semana Fred nos deixou, um pinscher, que nos últimos meses, enfrentava um câncer terminal, já havia sido operado, mas a metástase fez com que seus órgãos fossem parando aos poucos, e por sua idade avançada não havia esperança com tratamento quimioterápico. Mesmo muito debilitado, na noite da última quarta-feira ele esperou a família chegar em casa para dar seu último suspiro. Minha esposa o pegou no colo, falamos palavras de carinho, mas também que ele precisava descansar. Foi quando, depois de tirar foto com todos, fechou os olhos, deitou a cabeça de lado e partiu. Exatamente como havia feito Laika, sua companheira de jornada, que viveu com a família por 11 anos, e nos deixou precocemente, em dezembro de 2021. Naquele dia, ao ouvir a minha voz perguntando “Como está a Laikinha?”, ela me olhou, suspirou fundo e descansou. Eu até já havia feito um artigo contando como a morte da Laika havia impactado a todos, incluindo o próprio Fred.
Fred e Laika eram amigos inseparáveis. Um era o abrigo do outro. Era comum ver Fred dormindo em cima da Laika, dividindo o espaço, o calor e o carinho. Quando ela partiu, Fred sofreu. Chorou por 15 dias. Foram os piores dias da vida dele. Sentia a ausência como quem perde um pedaço de si, mas com o tempo encontrou forças e seguiu sua jornada até ser acometido por este terrível câncer e não suportar.
Há algo comovente na forma como os cães parecem saber quando é hora de partir. Estudos mostram que eles desenvolvem um apego profundo por seus donos e reconhecem sua presença como fator de segurança. Eles sabem que ali, naquele abraço final, há paz. E só então, descansam.
Fred e Laika não foram apenas cachorros. Foram irmãos de caminhada, fiéis sentinelas da infância das crianças e da nossa rotina, da história de uma casa que agora carrega a saudade, mas também a gratidão.