Empregos em ritmo de crescimento
Segundo o Ministério do Trabalho, Farroupilha tem saldo positivo de 367 postos de trabalho criados em Fevereiro. Em 2017, já são 425
Ainda é cedo para afirmar, mas os números referentes aos postos de trabalho gerados no mês de Fevereiro de 2017 já são um pequeno alento para os quase 13 milhões de brasileiros desempregados (dados do IBGE). No Brasil, a quantidade de admissões foi maior do que a de demissões após vinte e dois meses de índices negativos, um saldo de 35.612 novos empregos. Será sinal da tão aguardada retomada na economia?
As informações utilizadas para esta reportagem são fruto da Carta Mensal do Mercado Formal de Trabalho, elaborada pelo Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS) com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS).
Crescimento da indústria
Impulsiona a estatística
No mês de Fevereiro foram abertos 367 postos de trabalho formais em Farroupilha, um acréscimo de 1,47% sobre o total de vínculos. Nesse período, os setores que mais abriram postos de trabalho foram o da indústria de transformação, com 276 novos vínculos, seguido pelo setor da agropecuária, com 33 novos postos. O único setor que fechou postos de trabalho neste período foi o da extrativa mineral, com 1 vaga encerrada. O saldo acumulado no ano é de 425 postos de trabalho abertos. Nos últimos 12 meses foram fechados 530 postos de trabalho no município, um decréscimo de 2,06%. Nesse mesmo período, os únicos setores que abriram postos de trabalho foram o de serviços industriais de utilidade pública, com 64 novos vagas, seguido pela agropecuária, com 18 novos vínculos. O setor de serviços foi o que mais fechou postos de trabalho, com 229 desligamentos, seguido pela indústria de transformação, com 215 vínculos encerrados. O setor que obteve maior crescimento relativo no período foi o de serviços industriais de utilidade pública, de 52,46%.
PERSPECTIVAS
Em Farroupilha, os dois primeiros meses do ano já são melhores se comparados ao mesmo período de 2016, mas a perspectiva da guinada no mercado de trabalho não é unânime. Cladir Bono, presidente do Sindicato do Comércio Lojista (Sindilojas), destaca que os setores econômicos respondem de maneira diferente ao cenário atual. Com a crise que se agravou nos últimos anos, o comércio, principalmente o de rua, foi o último a sentir o desemprego. A tendência é demorar também a sentir a melhora.
Diante da informação que o município teve um saldo positivo na geração de empregos em fevereiro de 2017, inclusive no comércio, Bono argumenta que o número se dá pelos centros de compras de pronta entrega, que já se estruturam para receber os lojistas que visam as estações mais frias do ano. O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda, Roque Severgnini, concorda com tal afirmação, mas vai além. Os bons números são reflexos de um todo formado de pequenas partes, de ações pontuais, relaciona.
Severgnini percebe um aumento na geração de empregos em frigoríficos e malharias, destacando porém que os bons números de fevereiro em Farroupilha são frutos de uma economia diversificada e de diferentes nichos com potencial de crescimento. Temos uma indústria forte, bastante desenvolvida nas áreas do plástico, metalúrgica e moveleira. Nosso comércio é bem qualificado e nosso turismo está numa crescente, complementa.
Outro fator importante para a retomada da empregabilidade é a cultura local, do trabalhador da Serra Gaúcha. Severgnini relaciona que o cidadão farroupilhense, por exemplo, tem um vínculo bastante forte com o seu trabalho e a partir do momento em que ele fica desempregado a ociosidade raramente é opção. Antes mesmo do período do seguro desemprego terminar, o trabalhador vai ao encontro de alguma atividade para se ocupar. E é dentro deste cenário que surge outro elemento crucial para a retomada da economia e, consequentemente da oferta de mão de obra: o empreendedorismo.
Mesmo não inclusa nas estatísticas de geração de emprego, a abertura de novas empresas, inclusive as de microempreendedor individual, mostram que a economia não está estagnada. E o número de CNPJs criados desponta por um motivo específico, conforme apresenta Severgnini. A agilidade na liberação dos alvarás em Farroupilha é modelo para municípios vizinhos, já que ele é emitido em até 48 horas – no Brasil a espera pelo documento pode demorar meses, justifica.
No economia do RS,
Agropecuária é destaque
No mês de Fevereiro foram abertos 10.602 postos de trabalho no Rio Grande do Sul, um acréscimo de 0,42% sobre o total de empregos formais. Nesse período, o setor que mais abriu postos de trabalho foi o da indústria de transformação, com 8.970 vínculos criados, seguido pela agropecuária, com 1.897 novas vagas. O setor que mais fechou postos de trabalho foi o comércio, com 926 vagas encerradas, seguido pelos serviços industriais de utilidade pública, com 139 vínculos a menos. O saldo acumulado no ano é de 18.904 postos abertos. Nos últimos 12 meses foram fechados 49.344 postos de trabalho no Estado, um decréscimo de 1,90%. O único setor que abriu postos de trabalho foi a agropecuária, com 361 vínculos criados. Nesse mesmo período o setor da indústria de transformação fechou 21.567 postos de trabalho, seguido pelos serviços, com 12.507 vagas encerradas. O único setor que obteve crescimento relativo no período foi a agropecuária, com 0,38%.
Brasil volta a
gerar empregos
No mês de Fevereiro foram abertos 35.612 postos de trabalho no Brasil, um acréscimo de 0,09% sobre o total de empregos formais. Nesse mesmo período o setor que mais abriu postos foi o de serviços, com 50.613 vínculos, seguido pela administração pública, com 8.280 novas vagas. O setor que mais fechou postos de trabalho foi o comércio, com 21.194 vínculos encerrados, seguido pelo setor da construção civil, com 12.857 fechamentos. O saldo acumulado no ano é de 5.475 desligamentos. Nos últimos 12 meses, foram fechados 1.148.845 empregos no país, um decréscimo de 2,91%. Nesse período, nenhum setor abriu postos de trabalho. O setor que mais fechou postos de trabalho foi o da construção civil, com 358.128 vínculos encerrados, seguido pelo setor da serviços, com 335.514 vagas a menos. Nenhum setor obteve crescimento relativo no período.
Para Leandro Lumbieri, mestre em Ciências Contábeis e diretor geral do Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Farroupilha, os números com pequeno crescimento são reflexos da baixa na taxa de juros aplicada pelo Governo Federal nos últimos meses. O desemprego, segundo ele, atenuou-se com o aumento da inflação, que atingiu o poder de compra do cidadão e, consequentemente, reduziu os lucros dos empregadores, que se viram obrigados a demitir funcionários. Se o Governo mantiver essa tendência na redução da taxa de juros, vai haver sim um aumento de empregos, resume.
Lumbieri vê que a melhora discreta nas estatísticas é ainda insuficiente para se ter certeza da retomada na geração de empregos, sendo necessário estar atento aos futuros levantamentos e a um panorama mais completo. É preciso dar tempo ao tempo, sintetiza.
REPORTAGEM E EDIÇÃO:
Roberto Ferrari
roberto@ofarroupilha.com.br
