Ricardo Ló: quatro décadas dedicadas ao rádio
Com 42 anos de profissão, o radialista, que
fez fama como repórter esportivo, vai receber o título de Mérito Esportivo de 2016. Conheça mais da história deste farroupilhense que
queria ser padre quando criança

| Claudia Iembo
| Especial
Ser reconhecido pela voz é um privilégio de quem a usa como instrumento de trabalho no mais popular meio de comunicação em massa que existe, o rádio. Nós ouvintes, podemos não saber como é o rosto da pessoa que escutamos, mas certamente sua voz nos é familiar. Entre os profissionais que passam por isso, um farroupilhense que há 42 anos vive atrás de um microfone: Ricardo Ló.
Aos 64 anos, Ló está prestes a receber, na próxima segunda-feira, 4 de julho, na Câmara de Vereadores, o título de Mérito Esportivo de 2016, por sua atuação como repórter esportivo. Em 1975 comecei com as reportagens dos jogos do Brasil de Farroupilha. Minha estreia foi no estádio Baixada Rubra, que havia na Rua Barão do Rio Branco. De lá para cá não parei mais, recorda-se o radialista.
O fascínio pelo rádio começou cedo para ele, que estudou dos 10 aos 20 anos em seminário, já que o desejo era ser padre. Aliás, foi exatamente por causa de um religioso, que mexia com radio difusão, que Ló conheceu o mundo do qual faria parte. A boa leitura cooperou para que ganhasse espaço naquela época. Fui para São Paulo, onde fiquei por três anos, no final dos anos 60, início dos 70, justamente quando a Rádio América de lá foi assumida pelos padres paulinos e eu então, fica com a apresentação das festas, conta.
De volta a Farroupilha, passou a dar aulas de Religião e de Música até que passou em um concurso para locutor, em 1974. Não saiu mais das rádios. Passou por várias como repórter esportivo e em 1993 retornou à Rádio Miriam, na qual está até hoje.
Às 5h30 apresenta o Programa Bom Dia, com músicas e notícias; às 8h30 e às 12h, informativos esportivos e das 13h às 14h, o Tribuna, programa de debates. Diariamente. Aos domingos, das 9h30 às 11h, é a vez de comandar o programa Cultura Italiana. Isso tudo porque já está aposentado, mas não se vê longe do trabalho que tanto gosta.
Ló usou, ao longo de sua carreira, o microfone para falar de futebol, daí atribui o reconhecimento que receberá na próxima semana.
A experiência costuma ser requisitada como conselheira para os iniciantes. Trabalhar em rádio requer quesitos fundamentais: vontade e esquecer de olhar no relógio, sem se preocupar com o tempo, com os finais de semana. Eu passei, como ainda passo os finais de semana da mesma forma: trabalhando, adverte.
O fato de não ter se casado e nem de ter filhos contribui para a dedicação que Ricardo Ló dispensa à profissão. Preferi casar com a rádio, brinca.
Tal casamento, segundo ele, ainda vai durar bastante, ou pelo menos, enquanto a garganta aguentar. Para isso ele diz que toma alguns cuidados básicos como a ingestão de líquidos e de maçãs, para limpar as cordas vocais. O cigarro, largou em 1992.
Muita história para contar
“Trabalhar em rádio requer quesitos fundamentais: vontade e esquecer de olhar no relógio
42 anos de profissão guardam muitos acontecimentos inesquecíveis. Alguns, ele comenta. Estava cobrindo um Grenal, com microfone de fio na época. Chovia muito em campo e fui atingido por um raio, que pegou no microfone e me derrubou desmaiado. Cai em cima dos painéis do Beira Rio e fiz 13 pontos na cabeça. Foi um susto e tanto!, comenta.
Raio foi um. Mas quedas de árvores para instalar o equipamento com o qual trabalhava, perdeu a conta. Até de touro já corri nessa vida, brinca, novamente.
O radialista, que também já foi patrão de CTG, conta que recebeu o apelido Xirú de um vivente do Quaraí, que declamava poesia na rádio. O apelido pegou, mas ele prefere ser chamado pelo nome.
Nem todas as pessoas podem saber que aquele homem grandão e simpático trata-se do Ricardo Ló, do esporte da rádio Miriam. Mas se abrir a boca, as coisas mudam. Isso explica a outorga destinada a ele.
