Alinhada à agenda de descarbonização, Tramontina cria o primeiro hub logístico e industrial de hidrogênio verde do Estado
Empresa gaúcha avança com projeto contemplado em edital do governo do Rio Grande do Sul focando na diversificação da matriz energética e descarbonização do seu processo logístico e produtivo

A Tramontina foi selecionada pelo governo do Rio Grande do Sul para instalar uma planta de produção de hidrogênio verde (H₂V) na sua unidade de Cutelaria, em Carlos Barbosa. O projeto, aprovado no recente edital de fomento do Estado, se destaca pelo uso de água pluvial e energia renovável na eletrólise. A iniciativa coloca a indústria gaúcha na vanguarda do setor, sendo uma das primeiras a utilizar o hidrogênio verde produzido internamente para abastecer empilhadeiras e alimentar processos industriais, promovendo uma operação mais limpa e eficiente.
Com investimento estimado em R$ 43 milhões — R$ 30 milhões pleiteados no edital e R$ 13 milhões de contrapartida própria —, a iniciativa firma a empresa no rumo da descarbonização de suas operações e futuro da transição energética. “Este projeto representa um avanço estratégico para a Tramontina, com impactos que vão além da pauta ambiental,” afirma o conselheiro-consultivo da unidade Cutelaria, Osvaldo Steffani. “Com este modelo vamos fortalecer nossa sustentabilidade energética. Trata-se de um investimento com retorno de longo prazo, uma contribuição concreta para a transição energética do País. Mais do que uma iniciativa tecnológica, é uma decisão de futuro”, completa.
Com previsão de início de obras em 2026 e operação estimada para metade de 2027, a planta terá capacidade inicial de 1.25 megawats, podendo produzir até 500 quilos de hidrogênio verde de alta pureza (99,999%) por dia. O gás será aplicado, inicialmente, na logística interna da divisão Starflon, alimentando empilhadeiras e veículos industriais, hoje movidos a combustão ou baterias convencionais, por meio de células combustível abastecidas com hidrogênio verde. A substituição irá reduzir emissões diretas e indiretas, permitindo, a longo prazo, uma operação com emissão zero de CO².
A implantação será possível a partir da parceria com a brasileira GH2 Global, que atuará junto com a Tramontina. “A GH2 como integradora de soluções de hidrogênio e project manager responsável pelo escopo completo de fornecimento e operação, vê nesta iniciativa a prova da capacidade do Rio Grande do Sul e do Brasil de liderar a transição energética sustentável. Este projeto mostra, de forma concreta, como um vetor energético limpo pode descarbonizar operações logísticas e industriais, consolidando o hidrogênio como elemento central dessa transformação. Trabalhar com a Tramontina, empresa centenária, pioneira e inovadora, reforça a importância deste projeto”, afirma Markus Lehmann, diretor comercial da GH2 Global.
A iniciativa substituirá a atual compra de hidrogênio pela produção in loco do vetor energético. A nova planta vai operar com energia elétrica 100% renovável certificada e água pluvial, garantindo um processo de eletrólise totalmente sustentável. A estimativa é que, já na primeira fase, o projeto reduza a emissão de cerca de 100 toneladas de CO² equivalente por ano, número que pode chegar a mais de 4 mil toneladas dado o potencial de expansão futura. Além de reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa, a iniciativa prevê a capacitação técnica e geração de empregos qualificados, contribuindo para a construção de um polo de inovação em energia limpa no Rio Grande do Sul.
- A proposta está alinhada à estratégia estadual de descarbonização e ao Plano Rio Grande, programa do governo que busca promover uma reconstrução sustentável e resiliente do Estado.
- “A Tramontina, como empresa gaúcha centenária, tem orgulho de ser protagonista desse movimento e contribuir para a liderança do Rio Grande do Sul na transição energética brasileira, ajudando a transformar o futuro da energia e da indústria”, afirma Steffani.
Nesta sexta-feira, 12 de dezembro, aconteceu a assinatura oficial do contrato na própria planta em Carlos Barbosa, com a presença do governador Eduardo Leite, do secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, secretária de Estado de Meio Ambiente e Infraestrutura – Marjorie Kauffmann, representante do presidente do Badesul – Robson Ferreira, e presidente da Fepam – Renato das Chagas. Após o ato, conforme edital específico da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, a empresa – assim como as demais contempladas – terá prazo máximo de 24 meses para a execução do projeto.
- O projeto tem potencial de expansão e é um passo decisivo na jornada sustentável da marca. A partir da implementação, o modelo também servirá para futuras expansões em outras unidades fabris da companhia,.
Biometano
Esta iniciativa não é a primeira mudança na matriz energética da Tramontina. Em setembro a empresa começou a utilizar biometano em duas de suas unidades industriais no Rio Grande do Sul, tornando-se uma das pioneiras no Estado a adotar o combustível renovável em seus processos industriais. O projeto visa reduzir as emissões de mais de 300 toneladas de CO² por mês. O biometano é um gás produzido a partir da decomposição de resíduos orgânicos – lixo urbano e dejetos agrícolas. Com propriedades semelhantes ao gás natural, pode substituí-lo em diversas aplicações industriais, com impacto ambiental significativamente menor.
- O fornecimento do combustível e adaptação da infraestrutura são feitos pela Ultragaz, protagonista na distribuição de biometano off-grid (fora da rede de gasodutos) e o transporte até as fábricas da Tramontina é feito por caminhões movidos pelo próprio combustível renovável.
