Para onde vai o São Carlos?

Além da crise financeira, o único hospital do município vive o drama da queda de braço entre médicos, forças políticas e entidades, que têm visões diferentes sobre o tamanho e forma de gestão que deve ter a instituição. Enquanto isso, funcionários reivindicam a regularidade de seus salários por meio de paralisações parciais.

Crise
Segundo divulgado, o Hospital São Carlos gasta cerca de R$ 2,6 milhões por mês contra uma arrecadação de aproximadamente R$ 2,1 milhão. Este déficit, de R$ 500 mil mensais, é calculado pela direção do hospital. Cerca de R$ 400 mil dos valores que entram tem como fonte os planos de saúde.
Segundo nota emitida pela prefeitura, a maior parte dos recursos sai dos cofres municipais – R$ 1.028.224,03 mensais. A União repassa R$ 634.845,40 e o Estado R$ 100.477,56. Completa a nota: Chamamos atenção, também, para o fato de que na divisão do chamado bolo tributário nacional, ou seja, dos impostos pagos pelos brasileiros, a União fica com 60% dos recursos, o Estado com 25% e o Município somente com 15%. Fica evidente que se houvesse uma maior proporcionalidade e justiça entre os repasses financeiros do Município e dos demais Entes Federados destinados à atenção médico-hospitalar, o Hospital deveria receber mensalmente mais de R$ 4 milhões da União e mais de R$ 1,6 milhão do Estado, tornando-o assim superavitário. E mesmo se não houvesse essa proporção e apenas a União e o Estado repassassem valores iguais aos repassados pelo Município, a situação financeira do Hospital certamente seria bem melhor. 

CLIMA PESADO _ A cerimônia de posse de prefeito e vereadores foi bastante abafada, tanto pela temperatura alta na tarde de domingo, quanto pela intensidade dos protestos feitos por funcionários do hospital e pelo Sindisaúde. Na segunda-feira, na primeira sessão na Câmara, vereadores trocaram acusações e responsabilidades.
O vereador Jonas Tomazini (PMDB) afirmou que o município recebeu recursos extras nos últimas dias de dezembro, oriundos de uma parcela de antecipação de ICMS, da repatriação de recursos do exterior e do IPVA que os farroupilhenses pagaram de forma antecipada. Este montante, segundo ele, poderia ser utilizado para amenizar a situação dos atrasos de pagamento no Hospital.

ENTREVISTA _ As dificuldades e os caminhos a serem tomados para resolver a crise no São Carlos estão sendo debatidas em diferentes instâncias da sociedade. Entre os destaques, durante participação no programa Spaço Livre, da Rádio Spaço FM, o prefeito Claiton Gonçalves fez duras críticas ao governo estadual, mencionando que este tem feito repasses maiores na área da saúde para municípios menores que Farroupilha. Nós fizemos, pelo trabalho dos impostos dos cidadãos de Farroupilha, um alcance muito além do que deveríamos ter feito. Essa greve não passa por aquilo que Farroupilha tem posto no Hospital. Ela tem outras razões, talvez o Governo do Estado pudesse explicar isso, salientou. No status que está e sem mudanças, não aguenta 90 dias, completou.

DEMISSÕES _ O diretor-técnico do São Carlos, Tiago Brunet, defende a demissão de funcionários como uma forma de diminuir custos. Segundo ele o hospital pode garantir o funcionamento pleno com o corte de 100 vagas de emprego. Hoje, são 380 funcionários. Na avaliação de Brunet, que também é vereador pelo PDT, o enxugamento da folha salarial resultaria numa economia de R$ 300 mil – o que adequaria os recursos humanos ao número de atendimentos, já que dos 108 leitos disponíveis, a média de ocupação é de 40%.