Um ano dentro da normalidade
Major Luis Fernando Becker e Capitão Daniel Tonatto comentam os números da segurança pública de Farroupilha em 2016

Um total de 654 prisões, sendo 33 por tráfico, 40 por roubo, 55 por furto, 20 por porte ilegal de arma de fogo, 88 por posse de entorpecentes e 27 por perturbação do sossego público, além de 108 foragidos presos. Esses foram os números da segurança pública no de 2016 em Farroupilha, segundo levantamento feito pelo comando da Brigada Militar. Segundo o Major Luis Fernando Becker e o Capitão Daniel Tonatto, um ano dentro da normalidade.
Nossa expectativa é que 2017 melhore. Claro que sentimos algumas dificuldades, como por exemplo o furto de veículos na área central. Muitos veículos são direcionados para extorsão. Veículos mais antigos os proprietários não têm o seguro, então o ladrão não tem dificuldade em furtá-lo. Nossos policiais tiveram dificuldades também com casos de reincidência, que não são uma novidade. Muitos casos de furto de estepe, que são praticados por criminosos que vêm de outras cidades para cá. Aconteceram vários casos em que o nosso policial acaba fazendo um trabalho excepcional, com a prisão dos marginais, mas eles voltam a liberdade e voltam a cometer crimes. E nesse âmbito notamos que mesmo aqueles que permanecem presos, ainda não ficam no sistema prisional porque caem no semi-aberto, não voltam a se apresentar e acabam virando foragidos. Tudo isso resultou nesse montante aí, uma média de um foragido preso a cada três dias. Temos um problema de nível nacional, que é a questão do sistema penitenciário, não há vagas. Grande parte dos que estão soltos hoje deveriam estar presos, mas estão em prisão domiciliar (em torno de 20 a 30%). Mas não temos uma fiscalização adequada. Não checam se eles realmente estão em seus domicílios. Só se percebe isso quando eles voltam a cometer um delito, explicam.
Num comparativo com os números de 2015, a dupla volta a salientar que a segurança pública em nosso município se manteve dentro da normalidade (ou média, como eles mesmos gostam de dizer). Mas fazem um alerta importante.
Questão mais problemática que chama atenção é a questão dos homicídios. Tivemos um latrocínio em 2015 e um em 2016. Tivemos 14 homicídios em 2015 e 15 em 2016. É o principal indicador de violência tratado em qualquer avaliação. E acaba sendo um índice alto para uma cidade como Farroupilha. Mas é uma tendência nacional. Claro que isso é ‘normal’ no momento que existe uma dificuldade de empregos numa determinada região. Farroupilha teve acréscimo de invasores em alguns bairros, na própria linha férrea, que até foi feito um trabalho junto com a prefeitura, de reintegração de posse, algumas ações para tentar urbanizar esses locais, mas enquanto isso não acontece, quem toma conta são pessoas que vêm de outras cidades e não se tem um controle social delas, não se tem muitas informações, e junto com essas pessoas de bem vêm os criminosos pra cá. Nós temos verificado em alguns casos criminosos de outras cidades que vêm atuar aqui no município, e a gente constata isso com as prisões deles. Percebemos com essas prisões a presença de estelionatários, que vem de outras cidades. Em alguns casos de furto de estepe também. Alguns casos mais pontuais de outros crimes, pessoas de outras cidades atuando aqui, efetuada a prisão verifica-se a origem desses criminosos e muitos deles vindo da região metropolitana. Muita reincidência criminal. Quando um indivíduo é preso, dificilmente ele não tem diversos outros crimes em sua ficha.
Em contrapartida, a boa notícia é que em 2016 615 estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino foram formados pelo Programa de Educação e Resistência as Drogas, o PROERD. Mas, olhando para o número de prisões por tráfico e posse de entorpecentes, Becker e Tonatto reconhecem que o trabalho conjunto de conscientização entre a polícia e a comunidade, deve ser permanente.
Poderia ser muito pior se não tivéssemos programas como o PROERD. A sociedade tem que se conscientizar que a droga está presente e em Farroupilha não destoa do restante da região. Isso vale também para a quantidade de drogas que são apreendidas pelas polícias na cidade. Na última operação que foi feita na SFAN foram recolhidas drogas e tinha até um pé de maconha numa casa. 2016 foi um ano muito forte contra as drogas, desmantelamos várias bocas de fumo e vários traficantes foram presos. Mesmo a BM não tendo um aspecto investigativo, em abordagens policiais acabamos ‘atingindo’ o tráfico. Tivemos um realinhamento com a Polícia Civil muito grande com a vinda do delegado Morale, voltando a realizar operações conjuntas. A pessoa do delegado favoreceu muito esse novo convívio entre as polícias. Fizemos aprimoramentos técnicos dos nossos policiais. Fizemos habilitação dos nossos policiais com uso da arma não letal Spark, que é uma arma elétrica, de choque. Um recurso alternativo em casos que se faz necessário o uso da força, porém, sem arma de fogo, além da habilitação dos nossos policiais a outras armas de maior calibre. Melhoria da visão do MOCOVI e do CONSEPRO. O MOCOVI, que estava com uma visão deturpada, agora a comunidade passa a ver com olhos melhor. Ambos são fundamentais para as melhorias da segurança. População contribui, empresários contribuem.
Ainda em relação as entidades que ajudam o trabalho da BM, a dupla ressalta a importância deste apoio num ano de extremas dificuldades financeiras para o estado do Rio Grande do Sul, como foi 2016.
Sim, afeta o policial, porque é lógico que o nosso policial com o salário parcelado vai se sentir frustrado, e os problemas pessoais acabam interferindo no trabalho, mas mesmo assim, ao invés de fazerem um trabalho aquém do esperado, nossos policiais se superaram e se motivaram, mesmo diante de todas essas dificuldades, e o apoio do município faz eles trabalharem com uma vontade extrema, e isso a gente percebe em cada atendimento de ocorrência, em cada serviço realizado, porque os policiais são conscientes que os problemas do estado não são culpa da sociedade farroupilhense.
Outra boa notícia é a formatura de novos brigadianos em meados do mês de junho. 1.200 novos soldados entre bombeiros e policiais. Ainda não sabemos quantos vão ficar em Farroupilha. Mas temos o desejo de que quanto mais soldados vierem para o nosso batalhão, melhor para os nossos serviços. A Polícia Civil também tem uma formatura agora em janeiro e eles também estão esperançosos.
Becker e Tonatto encerram comentando a Operação Papai Noel, que esteve nas ruas da cidade durante todo o mês de Dezembro. Não temos resultados específicos, mas a repercussão da comunidade foi muito positiva, pois deu maior visibilidade para a BM junto ao comércio. Tivemos alguns problemas de arrombamento, mas nada demais. Houve uma repercussão muito positiva na segunda Noite Branca. Mesmo o comércio ficando aberto até as 22h, eles falaram que se sentiram muito tranquilos e seguros com os PMs nas ruas.
