A despedida da Senhorita de Brilho
Conhecida e reconhecida pela sociedade farroupilhense, Dulce Tartarotti faleceu no sábado, dia 12 de novembro. Em sua trajetória de vida, muito trabalho, requinte e atenção aos mais necessitados. A lembrança dos eventos que organizou, dos serviços realizados junto a comunidade e seu carisma singular certamente ficarão na memória das pessoas com as quais conviveu

A Dulce Tartarotti é uma pessoa que nasceu em Farroupilha, que sempre morou aqui e que vai ficar aqui sempre, até Deus quiser. Esta frase, publicada em entrevista na Revista Brilho, em 2010, demonstra bem o fascínio que Dulce Tartarotti tinha pelo município em que vivia. Ela, que teve uma vida intensa na sociedade farroupilhense, com atuação em diferentes segmentos, faleceu no último sábado, dia 12 de novembro, aos 89 anos.
O falecimento da senhorita de brilho pegou muita gente de surpresa, mesmo estando ela bastante debilitada nos últimos tempos, por problemas de saúde. Diversas foram as manifestações de tristeza e pesar, que se juntaram às declarações de gratidão e consideração.
Dulce, que também foi uma das poucas a receberem o título de Cidadã Emérita, era reconhecida pela sociedade em várias esferas. Seu voluntariado em causas nobres, mesmo pequenas, faziam a diferença, tal qual a sua visita semanal aos pacientes do Hospital São Carlos, quando presenteava-os com terços, escapulários e palavras de conforto. Mas essa era apenas uma de suas múltiplas atividades.
Suas vidas social e profissional cruzaram-se em vários momentos. E tudo começou muito cedo, com sua mãe, Aurora Tartarotti, e a prima, Solide. Era o ano de 1952 e elas organizaram o primeiro Baile de Debutantes do Clube do Comércio: o Baile do Perfume, como ficou conhecido. Foram mais de 50 a frente deste evento.
A passagem de Dulce pelo Unibanco também foi consequência de sua atuação social, além claro das aptidões exigidas. Raul Tartarotti, irmão de Dulce, conta que o gerente da época sabia da influência de Dulce na sociedade e que isso poderia reverter em resultados à instituição. Ela tinha um carisma todo especial, acrescenta.
Vale recordar também que Dulce organizou desde os anos 60, sempre convidada pelos promotores, vários concursos de beleza de diversas entidades e clubes sociais da cidade, como Miss Farroupilha, Glamour Girl, Namorada de Farroupilha, entre tantos outros. Tudo por gostar de fazer. Aliado a isto, foi ainda colunista social em diversos jornais.
Solteira e sem filhos, Dulce intensificou as ações solidárias após se aposentar, dedicando grande parte do seu tempo a quem precisava, fosse de uma roupa ou de uma palavra amiga. Nos últimos meses, dividia sua rotina com o irmão Raul e também com Carmem e Júlia, de 11 anos de idade, e que Dulce considerava praticamente como neta. Ela era a nossa rainha, destaca a menina.
Minha filosofia é querer bem a todos, em 1° lugar meus familiares, amigos, eu amo todo mundo. Eu gosto muito do meu povo exclamou Dulce em outra entrevista, também em 2010, e que certamente é um fiel retrato de quem foi Dulce Tartarotti. Descanse em paz!
Rudialva Vigolo Passarin
A Dulce deixa muitas saudades!
Não conseguirei encontrar palavras para expressar quanto foi importante nossa querida Dulce. Com certeza, marcou a história de Farroupilha diante de tantos feitos na comunidade.
Solícita, persistente, amável, caridosa, elegante, miudinha, mas de postura tão imponente, a Dulce foi um ícone de Farroupilha.
Incontáveis meninas e mulheres passaram pelas mãos dela nos bailes de debutantes, concursos, e em tantos outros momentos. Firme e delicada, a Dulce incentivava, treinava e encorajava. Exigente, ela fazia repetirmos a mesma coisa até a perfeição. Sempre disposta a ajudar, em qualquer hora, fazia as coisas acontecerem!
Para mim, especialmente, a Dulce foi fundamental. Foi quem me ensinou e ensaiou os primeiros passos no meu primeiro concurso, em 1998. Ensinou-me a postura na passarela, como parar, quando sorrir, como se portar nas entrevistas. A Dulce me xingou tantas vezes, mas com razão! Aquele xingamento com carinho. Rudinha, de novo mascando chiclé? Rudinha, tira esse chiclé da boca. Rudinha, cadê o salto? E assim eram todas as vezes que nos encontrávamos!
Gratidão por tudo que ela fez por nós, por Farroupilha e, particularmente, por mim, porque não mediu esforços para o meu crescimento durante os concursos.
A Dulce deixa uma linda história de amor, trabalho e dedicação à nossa Farroupilha e a todas nós!
Adelino e Ruth Colombo
Escrever em poucas linhas, com referência a Dulce Tartarotti, me emociona.
Quando vim morar na cidade, vindo do interior, para trabalhar no armazém Pasqual, éramos vizinhos de porta, tive o prazer de conhecer a família Tartarotti, seu pai, Sr. Remigio, a Dona Aurora, sua mãe, o Raul, irmão. Eu era jovem, muito inibido, a Dulce e o Raul, foram muito importantes pra mim.
Eles me introduziram na Sociedade Farroupilhense, no ano que a Dulce foi rainha do Clube do Comércio, fui convidado por ela, para ser par de uma debutante, foi muito emocionante, foi meu debut na sociedade.
Falar da Dulce, seria necessário, horas e horas, a Dulce nasceu com o dom da Amizade, todos a consideravam amiga e muito prestativa com todos.
Foi um marco na sociedade, organizou festas, baile de debutantes, e outros tantos eventos.
Onde trabalhou deixou a sua marca de simpatia e a marca da competência, quando bancária as pessoas se referiam ao Banco da Dulce, e não era a marca do Banco. Ultimamente se dedicou em dar assistência as pessoas mais humildes, visitava os doentes no hospital, dando seu conforto e carinho, hoje nos resta saudades e o nosso desejo de descanso eterno.
