Indicação da AFEA leva prêmio CAU/RS 2025

Claudia Iembo
claudia@ofarroupilha.com.br

O Prêmio CAU/RS comemora iniciativas que fortalecem a arquitetura e o urbanismo no Rio Grande do Sul, reconhecendo pessoas físicas e jurídicas de diferentes áreas que contribuem para qualificar cidades, valorizar profissionais e ampliar o impacto social da arquitetura e urbanismo. A entrega dos destaques 2025 aconteceu no dia 28 de novembro em Porto Alegre. Entre eles, indicado pela Associação Farroupilhense de Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos (AFEA) por sua valorização à arquitetura na categoria Movimentos Sociais, está a ONG Moradia e Cidadania, com o Projeto Salas de Leitura.

O objetivo do projeto, criado pelas arquitetas Simone Fraga e Deise Deconto da empresa Nesta Projetos e Construções, parceira da ONG, é criar espaços multifuncionais acolhedores em escolas e comunidades vulneráveis para que a educação e a cultura possam acontecer. A iniciativa da Moradia e Cidadania na região da Serra Gaúcha é liderada por Débora Cristina Bolzzoni, quem idealizou o projeto a partir de suas lembranças da escola onde fez o primeiro grau e iniciou seu interesse pela leitura.

Desde sua concepção em 2014, 10 salas de leitura foram inauguradas em Caxias do Sul e Farroupilha. Todas nascidas da escuta das necessidades de cada escola. Por aqui, já foram realizadas três transformações: Sala de Leitura “Espaço da Imaginação” – Escola Presidente Dutra (2018); Sala Monteiro Lobato – Escola Municipal Nossa Senhora de Caravaggio (2020) e Sala Odilon Tupinambá – Escola Municipal Cinquentenário (2023).
São salas de leitura, contação de histórias, teatro de fantoches e oficinas, projetadas com atenção social e sustentabilidade, já que utilizam materiais reciclados, reaproveitamento do mobiliário, inserindo cores, texturas, tapetes, almofadas e resolvendo, muitas vezes, problemas de espaço físico das escolas.

“O Projeto Salas de Leitura é uma experiência concreta de arquitetura social e sustentável, que demonstra o poder da escuta, da empatia e do trabalho voluntário na transformação de realidades. Mais do que espaços físicos, o projeto cria portais de imaginação e esperança, reafirmando que a arquitetura pode ser ferramenta de educação, afeto e cidadania. Em cada cor, textura e detalhe, há uma história coletiva sendo contada — construída pela comunidade, guiada pela sensibilidade das arquitetas e inspirada pelo compromisso da ONG Moradia e Cidadania com um futuro mais justo e humano”, acrescenta Débora.

O projeto, que possui modelo replicável e adaptável, capaz de ser implementado em diferentes escolas, municípios e contextos sociais, beneficiou diretamente mais de 2.000 crianças e adolescentes, impactando positivamente seus hábitos de leitura – houve aumento da frequência de empréstimo de livros e do interesse pela leitura – e desempenho acadêmico – professores relatam avanços na escrita e mais participação em sala de aula.

Na categoria Movimentos Sociais o projeto Salas de Leitura brilhou, mas as indicações da AFEA vão além, como explica Marta Galafassi, arquiteta e urbanista. “A AFEA está habilitada a indicar iniciativas nas quatro categorias, sendo prevista a premiação para Pessoa Física e Pessoa Jurídica em cada uma delas, totalizando oito premiações: Poder Público, Iniciativa Privada, Movimentos Sociais e Imprensa, categoria na qual o Jornal O Farroupilha foi premiado com a Coluna “Farroupilha: Outros Tempos”, trabalho que resgata o patrimônio histórico e a evolução urbana de uma cidade do interior do RS.