Joias oficiais da Festa da Uva 2026 traduzem tradição e memória coletiva
Peças criadas especialmente para a Rainha e Princesas unem design autoral, herança cultural e o mesmo banho de ouro das coroas oficiais
Criadas especialmente para compor os trajes oficiais, as joias da rainha e das princesas da Festa Nacional da Uva 2026 foram entregues nesta quarta-feira, 17 de dezembro, em cerimônia realizada no Museu da Festa da Uva, no Parque de Eventos Mário Bernardino Ramos, em Caxias do Sul. As peças traduzem, em forma de significado, a memória coletiva, a tradição e o modo de viver que sustentam a maior festividade comunitária da Serra Gaúcha.
Desenvolvidas pela designer e estilista Caroline Madalosso, as joias partem do conceito do Filó — costume profundamente enraizado na cultura italiana da região — como inspiração central. Mais do que um encontro social, o Filó representa a convivência, partilha, continuidade e laços construídos ao longo do tempo. Esses valores aparecem nas joias por meio de formas entrelaçadas, estruturas contínuas e gestos repetidos, que simbolizam vínculos, herança e pertencimento.
Confeccionadas em liga metálica, material escolhido pela resistência, maleabilidade e ligação histórica com o fazer artesanal, as peças passaram por um processo totalmente manual. Os desenhos foram construídos a partir de fios trançados à mão, moldados individualmente, soldados e finalizados com aplicação de ouro — o mesmo banho utilizado nas coroas oficiais do Trio. O resultado são joias que valorizam o tempo, o cuidado e a presença da mão humana, evitando padrões industrializados.
Cada peça carrega uma simbologia própria. A joia da rainha Elisa dos Santos Pereira D’Mutti representa o eixo central do Filó: a figura reúne, sustenta e conecta. Sua estrutura simboliza liderança que nasce do cuidado e da memória. Já as joias das princesas Júlia Dalegrave Scopel e Letícia Comin da Silva são variações do mesmo gesto, de continuidade, desdobramento e o futuro construído a partir da herança recebida. Pensadas como um conjunto narrativo, as peças dialogam entre si e ganham sentido pleno quando vistas juntas.
- Para a Comissão Social, as joias reforçam o significado simbólico dos trajes oficiais. “Cada detalhe foi pensado para contar uma história. As joias não são apenas complementos estéticos, elas carregam identidade, memória e emoção. Representam o cuidado com a tradição e o respeito à história que a Festa da Uva destaca”, diz Elisa Kuver.
Além de complementar os trajes oficiais, as joias dialogam com suas linhas, volumes e materiais, acrescentando elegância e profundidade ao conjunto. O acabamento, que foge do brilho uniforme ou ornamental, reforça a ideia de herança e memória — ligada à história construída ao longo do tempo. “O ouro aparece como elemento que carrega tempo e camadas. Esse detalhe reforça o conceito de que a beleza da Festa da Uva está no que é construído com paciência, trabalho e repetição de gestos”, explica Caroline Madalosso.
Para a diretora social da Festa da Uva, Paula Viezzer, as joias representam um cuidado essencial com a identidade do trio. “Cada detalhe foi pensado para que a rainha e princesas carreguem, junto aos trajes, símbolos que falam da nossa cultura e da nossa história. As joias têm um papel fundamental nessa composição, porque ajudam a contar quem somos e o que a festa representa para a comunidade”, destaca. Ao incorporar o trabalho manual, a continuidade e o encontro humano, as joias ajudam a contar visualmente a identidade do evento.
- Mais do que ilustrar a história, as peças a incorporam, traduzindo em design os valores que fazem da Festa da Uva um símbolo vivo da cultura e da comunidade caxiense.



