Ex-vereador: As lições de Tadeu Salib dos Santos

Há 10 anos, o Jornal O Farroupilha fez um perfil com Tadeu Salib dos Santos, de onde resgatamos sua história de vida. Nestes anos, acompanhamos as mudanças de sua trajetória profissional, depois de se dedicar por 40 anos ao Memorial São José e entrar na política, tendo sido vereador por duas legislaturas, inclusive presidente da Câmara de Vereadores em 2021, além de seu trabalho em comunicação na Rádio Miriam e TV Farroupilha.

Tadeu faleceu no último dia cinco de julho, aos 70 anos, depois de uma internação na qual tratava uma pneumonia. Deixa a esposa Arlene, as filhas Ariane Laura, Aline Taís e Amanda Thaiane, a neta Lisa e os genros. De fala mansa e amável com todos, o município o homenageou com o título de cidadão honorífico em novembro de 2015 e no último sábado se despediu com pesar do homem que demonstrou ser dono de uma alma sensível por natureza.

Por tanto tempo na gerência do Memorial São José não podia ser diferente, já que lidava com pessoas e suas tristezas causadas pela morte. Dizia que era preciso ser sensível para aquilo. “Na verdade, existem três regras que são: amor pela maior criação de Deus, o ser humano; acolhimento, independente de posição social ou religião, e consciência de que cada ser humano que parte é único e não mais um. Nosso trabalho com o falecido é muito rápido, dura em média duas horas, mas com a família dele, o tempo é infinito”, ensinava Tadeu.

Nascido em Bom Jesus, ele tinha um histórico familiar intenso, que também lhe ensinou um forte respeito pela vida. “Nasci em berço de ouro porque minha mãe Laura havia herdado terras e gado. Casou-se com um barbeiro chamado Antônio, meu pai, com quem teve oito filhos. Meu pai, em determinada altura, começou a se desfazer de todo o patrimônio de minha mãe e simplesmente fugiu, deixando a família em situação extremamente difícil, para não falar miséria, que seria a palavra ideal”.

“Diante disso, minha mãe, uma heroína, teve que abrir mão de cinco filhos, então nós nos dividimos nas casas dos tios, irmãos de minha mãe”, disse-nos. Na infância ligada ao campo, na fazenda do tio, tirava leite, tratava dos animais e aprendeu o ofício de tropeiro de gado entre o estado e Santa Catarina. Foi para a escola apenas aos 12 anos. Ficou até entrar no quartel.

Em 1977 casou-se com Arlene Medeiros e chegou à cidade em 1980. Construiu com zelo seu mais precioso legado, sua família, composta pelas filhas Ariane Laura, Aline Tais e Amanda Thayane, respectivamente advogada, pedagoga e fisioterapeuta. Uma única neta, Lisa, filha de Ariane e Fabiano Feltrin. “Meu ideal sempre foi dar formação para cada filha minha! Consegui! Elas são minhas melhores amigas”, assegurou.

Tadeu também foi vice-patrão do CTG Ronda Charrua, transmitindo a paixão pelo tradicionalismo gaúcho às filhas e à neta, mestre de cerimônias e radialista, tendo ingressado em uma rádio a convite do senhor Sezínio Portolan. Em reconhecimento à sua trajetória e aos relevantes serviços prestados ao município, a Administração Municipal decretou luto oficial por três dias.

Sobre a morte afirmou…

“As pessoas pensam que nós estamos acostumados com a morte, mas isso não existe porque não existe regra para a partida”. “Não vejo que termine com o passamento de alguém. A matéria tem que ser conduzida a algum lugar, mas para quem tiver um legado bom é o começo de uma nova história, que se torna eterna”.

“Temos uma missão aqui na Terra e não temos consciência de que já existe uma data pré-estabelecida para retornarmos. Quando chegar minha vez de partir quero ir sem sofrimento, por isso construo minha história na simplicidade, no amor e na paciência. Respeito a morte como respeito a vida”.

Os agradecimentos da filha

“Sabíamos que amar o nosso pai era muito fácil, mas não tínhamos a dimensão de quantas pessoas o amavam! Queremos agradecer todo amor, todo apoio e carinho que recebemos na despedida do nosso pai!
O Tadeu era tão amado por todos e foi assim até seu último dia! Nossa eterna gratidão à toda equipe do Hospital São Carlos, desde a recepção até a equipe da UTI 1, que nos acolheram nesses dias de luta e cuidaram do nosso pai com tanta dedicação e amor! Em especial, ao médico que acompanhou o nosso pai por muitos anos, até o último dia, Dr. Tiago Mechi. Todo nosso reconhecimento, amor e gratidão!
Ao Grupo L.Formolo, que foi sua casa por tantos anos, pelo zelo, honra e amor na despedida do nosso anjo Tadeu!
Obrigada, Farroupilha, por acolher nossa família, sempre!”
Ariane Laura dos Santos Feltrin, filha e ex-primeira dama da cidade.