Deu pra ti, baixo astral

Renato Dalzochio Jr.

Na noite do último sábado, dia 5, a atração da 26ª Feira do Livro de Farroupilha foi à apresentação da dupla gaúcha Kleiton e Kledir. O show “Autoretrato” foi promovido pelo programa Arte SESC, e os farroupilhenses puderam assistir gratuitamente. Quando os pelotenses Kleiton e Kledir subiram no palco, depararam-se com as dependências da feira do livro (localizada na Rua Angelo Antonello e Praça da Bandeira) completamente lotadas.

Na primeira visita à Farroupilha, Kleiton e Kledir também anunciaram o lançamento recente de um novo CD, destinado exclusivamente ao público infantil e batizado de “Par ou Ímpar”. Questionados sobre como surgiu essa ideia, a dupla não pensou duas vezes na hora de responder.

“Sempre tivemos vontade de fazer um trabalho voltado para as crianças, e numa conversa com um amigo de uma agência de Porto Alegre e uma irmã nossa que trabalha com a gente há muitos anos, eles acharam a ideia ótima. Depois de muitos anos fazendo sucesso, decidimos que estava na hora de realizar um projeto voltado para o público infantil, algo que tínhamos vontade há muito tempo”.

Apesar de não comporem músicas tradicionalistas, eles também não escondem o orgulho de conseguir levar para o resto do Brasil diversas expressões tipicamente gauchescas, façanha um tanto difícil de ser realizada. “Isso nunca nos ajudou nem atrapalhou, alguns no início achavam estranho, mas outros ficavam curiosos, porque na época em que iniciamos nossa carreira, não era normal gaúchos fazerem música pelo Brasil Afora. Mas ficamos muito orgulhosos porque até hoje, em qualquer lugar que vamos no país, as manchetes nos identificam como os gaúchos Kleiton e Kledir. No CD infantil fizemos questão de grava uma brincadeira entre um menino e uma menina, que é a trova do guri e da guria, algo bem 'gaudério', bem gauchesco”.

A turnê Kleiton e Kledir promovida pelo SESC está passando por 30 cidades do interior gaúcho, e por isso a dupla decidiu elaborar uma música, sendo que cada verso é uma homenagem para cada cidade onde passam. Fizemos questão que eles cantassem o trechinho elaborado para homenagear Farroupilha. “Com a benção de Nossa Senhora fui seguindo minha trilha. E cheguei em um Santuário. Cidade de Farroupilha”.

Uma das características marcantes do show de Kleiton e Kledir são as brincadeiras descontraídas para interagir com o público. Porém, quando questionados se a brincadeira do gremista e do colorado era somente para agradar todos os presentes, ambos garantiram o contrário, afirmando que cada um torce para um time da dupla grenal.

“Não, realmente o Kleiton é gremista e eu (Kledir) sou colorado. Temos isso desde a infância. Nossa família nunca gostou muito de futebol, então cada um podia torcer pro time que quisesse. Não tinha aquela coisa: 'ah o pai torce pro Flamengo então todo mundo vai torcer pro Flamengo'. Tinha um grupo de gremistas na família e outro de colorados, então ficamos divididos”.

Outra revelação feita pela dupla durante o show foi o desejo de futuramente fazer outro show em Farroupilha e gravar um DVD. Mas quando questionados, os irmãos despistaram. “(Risos) Quem sabe, é uma ótima ideia. Claro que falamos no entusiasmo do show, de ver o público cantando junto conosco, isso causa emoção. Mas o show é algo que não depende só da gente, depende de uma série de fatores, montar uma estrutura, que é enorme. Mas quem sabe. O público aqui mostrou-se perfeito hoje”.

Aproveitando o embalo da feira do livro, os irmãos encerraram falando de onde vem a inspiração para escrever tantas músicas. Eles garantem que o hábito da leitura é fundamental, embora a família tenha influenciado à paixão pela música desde a infância. “Lemos muito sim. Mas a inspiração vem desde a infância. Tivemos um irmão mais velho que já fazia música e crescemos em um ambiente onde ela já era cultivada. Inclusive está no CD Par ou Ímpar uma música que escrevemos quando tínhamos 10 ou 11 anos”.