Filó para celebrar a tradição… e a união

O grupo Nei Tempi Del Filó comemora a conquista de ser Destaque Cultural e o casal Natália e Expedito conta o segredo do casamento de 52 anos, no qual não falta o bom humor

A próxima segunda-feira, 26, está reservada para uma homenagem especial com a entrega do Certificado Destaque Cultural na Categoria Folclore para o grupo Nei Tempi Del Filó, na Câmara dos Vereadores de Farroupilha, às 18h.

O grupo, que difunde a cultura dos imigrantes italianos pelas canções típicas e pelas vestimentas, entoa cantigas italianas no dialeto vêneto, como aconteciam nos filós, os encontros de lazer e entretenimento, repletos de pratos típicos da gastronomia daquele país.

Conhecido pelas apresentações em ocasiões específicas, como a ExpoFarroupilha / Fenakiwi, o grupo foi criado em 1995, pelo radialista Ricardo Ló, que na época ia com gravador às festas realizadas nos porões das casas e nas cantinas e gravava conversas, músicas, opiniões e utilizava as gravações na Rádio Miriam, onde já trabalhava. Eu transmitia as gravações aos domingos, após os jogos, para aproveitar a audiência. Deu certo, conta Ló.

Deu tão certo que em 2002 o grupo se tornou uma associação e com o apoio do município, que segundo Ló, sensibilizou-se, conseguiu uma sede social própria no bairro São Luiz. A Casa do Filó, inaugurada em 2007, é uma amostra de como viviam os imigrantes italianos, que aqui chegaram. No local, um quarto mostra a realidade do passado, conta com a típica cozinha italiana, um salão para festas, encontros e para a realização dos Filós. Começamos no porão da casa da residência de um senhor e hoje temos esta expressão, diz o fundador.

O atual presidente do grupo, Leandro Adamatti, não esconde a alegria pelo reconhecimento que o grupo conquistou. Isso valoriza nossa identidade cultural e premia todos os nossos associados pelo seu engajamento e dedicação na perpetuação da cultura. Trata-se de uma homenagem que ficará na história e na memória desta brava gente que tanto trabalhou e serviu nossa Farroupilha. Estou muito feliz, pois para o Grupo do Filó, e para nossos associados, será um momento único e profundamente marcante. Minha felicidade é ainda maior em poder proporcionar a estas valorosas pessoas um reconhecimento desta importância, expressa.

Adamatti reforçou a gratidão ao Poder Legislativo Municipal e à Prefeitura de Farroupilha, assim como ao município, que sempre incentivou e apoiou o grupo no propósito de levar adiante a tradição e a cultura italiana. Somos gratos a todos e desejamos seguir em frente, mostrando para as novas gerações um pouco sobre como era a vida e os costumes dos descendentes de imigrantes italianos que aqui chegaram, colonizaram a região e transforaram a serra gaúcha neste potencial do Rio Grande do Sul e do Brasil.

Natália e Expedito

O casal mais conhecido do grupo, que conta com mais de 40 integrantes, é a dona Natália e seu Expedito Copelli. Eles ganharam ainda mais notoriedade com o convite para estrelarem os vídeos Coisas que a Serra Fala, em 2012, que mostram de forma divertida a cultura e os hábitos do povo descendente de italianos, os chamados gringos.

Dona Natália e seu Expedito entraram no grupo do Filó em 1999. Mudou minha vida! Eu entrei para o grupo e até parei de tomar remédios! Não gosto de ficar parada. Trabalhei por 23 anos embalando peças na Tramontina e agora faço coisas divertidas, vou às festas e vejo o quanto as pessoas amam a gente, conta dona Natália.

Casados há 52 anos, são pais de Janete e Juarez. A história de amor, que não foi à primeira vista, segundo dona Natália, começou embaixo de uma árvore. A moça, desinibida desde sempre, convidou o rapaz para ir à casa dela. O moço aceitou. Naquela primeira visita, o riso já mostrava que seria companhia frequente do casal, como relembra seu Expedito. Eu estava fumando um cigarro e conversando com o pai dela quando fui jogar a ponta do cigarro pela janela. Não é que acertei o decote do vestido da mãe da Natália? Queimei a senhora logo no primeiro encontro, recorda rindo.

O segredo para manter a união depois de tanto tempo? Respeito porque ele é quem descarta as desconfianças! Agora não adianta mais ter ciúme, então eu deixo que abracem meu marido, tirem foto com ele à vontade, responde dona Natália. Seu Expedito complementa: Sempre foi assim: se não consigo botar a mão nela, pelo menos não tiro os olhos. E outra coisa, a última palavra é sempre minha: sim, senhora, ri. Dona Natália, quem manda por ali, assegura que ainda dormem abraçadinhos. Pode estar o calor que estiver, podemos discutir o dia todo, mas chega a noite, dormimos abraçados ainda, confessa. Entre risos e discussões, que misturam o português e um pouco da língua italiana, o casal segue inspirando os mais jovens, embalado pelas canções que adoram cantar, no grupo e fora dele.

Pouco bom?