IPI reduzido beneficia consumidor e lesa prefeitura

Prorrogação da redução do tributo segue até outubro para automóveis

O sonho de adquirir um carro ou trocar o usado por um novo ainda pode ser realizado até o mês de outubro. Com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o setor automotivo comemora os índices e metas alcançados ao mesmo tempo em que os municípios amargam a redução na mesma proporção dos recursos destinados às prefeituras.

O diretor comercial da revenda Fiat Sulpeças (Caxias do Sul), Eduardo Rochedo, afirma que a economia no momento da compra do carro zero pode chegar até 10% do valor do bem. Isso se contarmos a redução do imposto para carros 1.0, que foi de 7%, mais a redução da taxa de juros pelos bancos, explica. Desde a redução da alíquota, já foram comercializados 480 carros, um aumento de 54%. A expectativa para o mês de setembro é de que sejam comercializados 120 veículos. Pretendemos manter a média de vendas, planeja Rochedo.

Já o gerente de vendas da DG Sul, Julio Camargo, reclama da falta de carros para a venda e comemora o mês que passou. O mês de agosto foi fantástico. Da nossa capacidade de estoque, que é de 150/200 carros, temos apenas 53 para a pronta entrega. Tivemos um acréscimo de 30% nas vendas desde a redução do imposto. Segundo ele, os modelos de perfil básico são os mais procurados e, por consequência, os que mais demoram a chegar. Temos lista de espera de 30, 60 dias e modelos com até 120 dias de espera, explica. Clientes que preferem os modelos utilitários, como a Montana, terão de esperar até o final do ano.

No setor de veículos seminovos o entusiasmo não é o mesmo. O gerente de vendas da Bondan Multimarcas de Farroupilha, confirma que a procura pelo carro novo é maior. Os modelos usados deram uma segurada, diante da perda de valor em função do novo. Temos modelos com lista de espera de 60 dias, diz ele, ao comentar os carros mais populares. Em números, o crescimento das vendas foi de 15% para os carros zero. Os seminovos mantêm a média de comercialização. O carro usado também vende, porém, bem menos, conclui.

A redução do IPI só é vantagem para quem compra o carro novo, e à vista, analisa o proprietário da Novicar Veículos, também de Farroupilha, Eduardo Chiele. Segundo ele, o consumidor se ilude com a queda do tributo. Se você colocar o seu usado na troca, a volta que terá de ser dada para o modelo novo será com o mesmo valor antes da redução do IPI ou até maior, explica. De acordo com Chiele – que teve um incremento de 20% na venda de carros novos –, o carro zero só é negócio para quem compra à vista. Se você adquirir o automóvel no dinheiro, pagará o valor real por ele. Caso contrário, nem perceberá a redução do imposto, observa. O carro seminovo, orienta Chiele, vale mais a pena. O seminovo apresenta mais vantagens, porque o consumidor paga um preço mais justo pelo carro.

Politicagem – A redução do IPI para os automóveis, com o objetivo de aquecer as vendas do setor, provocou o esfriamento no repasse dos recursos do governo federal via Fundo de Participação dos Municípios (FPM), segundo análise do secretário de Finanças de Farroupilha, Guilherme Macalossi. Quando o governo anuncia a redução do IPI, os municípios deixam de arrecadar, o que prejudica diretamente o planejamento das administrações. Essa política fiscal proposta pelo governo federal é uma grande politicagem, porque nunca afeta o bolso da União. A bomba sempre é repassada ou para os Estados ou para os municípios, reclama.

Para fazer frente à queda nos repasses, o município tem investido na informatização da emissão de notas fiscais como forma de preencher a lacuna deixada pelo FPM. A solução encontrada foi a de incrementar a receita sem elevar a alíquota de tributo e, desta forma, aprimoramos o sistema digital de emissão de notas fiscais, explica Macalossi. A alíquota de Imposto Sobre Serviços (ISS) é de 2% em Farroupilha. Segundo média apurada pela secretaria de Finanças, Farroupilha recolhe mensalmente cerca de R$ 900 mil.