Mais do que um lar, a união
No último sábado comemoramos o Dia Mundial da Adoção. Em Farroupilha, crianças e adolescentes da Casa Lar Padre Oscar Bertholdo, além de sonharem com uma família que os acolha, também querem a garantia da felicidade e da segurança de seus irmãos

A família é parte fundamental para a vida plena de um individuo. Para as crianças, em especial, ter os pais ou adultos por perto deveria ser obrigatório. Mas, infelizmente, nem sempre é o que acontece. No Dia Mundial da Adoção, comemorado no sábado, dia 25, muitas são as crianças e adolescentes que clamam por um lar e, em especial, por carinho.
Na Casa Lar Padre Oscar Bertholdo, atualmente quatro crianças e adolescentes esperam por alguém que queira lhes acolher e orientar para o mundo. Com os olhares brilhantes de uma criança que só quer brincar, eles escondem o desejo de encontrarem pais que lhe amem e que sejam seus protetores incondicionais. E o desejo vai além, mais do que a própria felicidade, eles querem o bem estar de seus irmãos – alguns também vivendo na Casa Lar.
São três meninas, duas de onze, uma de 17, e um menino, de 14 anos. Todas elas já viveram a experiência de passarem pelo período de aproximação, onde se convive por um tempo com uma família para tentarem adaptar-se para a adoção. No entanto, todas as tentativas foram em vão. Uma das crianças, Mariana*, 11 anos, está no local desde 2002, e já passou por esta experiência. Segundo ela, a vivência foi boa, mas não foi possível adaptar-se em função da ausência dos três irmãos, todos já adotados. Só porque eu não posso ver meus irmãos ainda, justifica ela, o retorno à entidade.
O mesmo ocorreu com Jéssica*, cujos outros cinco irmãos também já foram adotados. Assim, apesar da boa recepção da família substituta, ela não queria deixar os demais sozinhos. Foi bom, mas eu tinha medo de deixar meus irmãos sozinhos, explica.
Já os irmãos Débora*, 17, e Mateus*, 14, instalados na Casa Lar desde 2008, vivem a mesma situação. Mais do que esperarem por uma família, querem a garantia do bem estar do outro. Ela já viveu duas oportunidades de aproximação, mas sem sucesso. Eu acabei deixando as duas famílias por causa dele, admite Débora. Eu quero que apareça uma família para ele antes e depois pra mim, afirma.
Mateus, no entanto, foi o único que ainda não teve oportunidade de tentar adaptar-se a uma família. Contudo, seus sonhos não são impedidos por este motivo. Eu estou pensando, agora que comecei a trabalhar no Senai, em guardar o dinheiro para quando eu sair daqui, confessa. Perguntado em como usaria tal valor, ele é enfático: Comprar uma casa. E se eu fosse adotado, seria melhor ainda, conta.
Confira a matéria completa na edição impressa da última sexta-feira.
*Os nomes são fictícios a fim de preservar a identidade dos entrevistados.