Moda inclusiva na passarela de São Paulo

A farroupilhense Marília Valmorbida desfila sua criação, inspirada na história de Débora Haupt

Claudia Iembo
claudia@ofarroupilha.com.br

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Farroupilha tem seu nome incluído em importantes eventos em diversos segmentos que acontecem pelo Brasil. De 05 a 10/12, a acadêmica do curso de bacharelado em Design de Moda pela Universidade de Caxias do Sul, Marília Valmorbida, cumpre a missão de propagar a origem na capital paulista, onde será realizada a 55ª. edição da Casa dos Criadores, considerado o evento de moda autoral mais referenciado do país. Ela criou um look inclusivo, adaptado às necessidades de pessoas com deficiência (PCD) e a inspiração foi a amiga Débora Haupt, a presidente da Associação Municipal de Deficientes Físicos de Farroupilha (AMDEF). “Asas” é o nome do projeto finalista da segunda edição da Collab entre Moda Inclusiva e Casa de Criadores.

“Assim como as asas simbolizam liberdade e elevação, este projeto visa dar voz e visibilidade à luta de pessoas como Débora, promovendo inclusão e acessibilidade com peças adaptadas, elegantes, confortáveis e acessíveis, redefinindo a estética e funcionalidade das roupas”, defende o projeto. Entende-se por funcionalidades os ajustes magnéticos, zíperes acessíveis, tecidos flexíveis e confortáveis, proporcionando à moda inclusiva elegância que vai além do funcional. “A criação do look foi um desafio técnico e criativo, onde precisei unir funcionalidade, conforto e estética de forma que a peça atendesse às necessidades específicas do público PCD, mas também tivesse apelo conceitual e fashionista”, pondera Marília.

Ela diz que a moda inclusiva é uma área em expansão e essencial para promover a acessibilidade no setor de moda. “Queremos abrir portas para novas oportunidades, seja com parcerias no mercado de moda inclusiva ou com marcas que buscam incorporar princípios de acessibilidade e sustentabilidade em suas coleções”, explica Marília, que também é Design de Produto e trabalha no Marketing da empresa Pettenati. Para ela, ver sua criação na passarela será “a concretização de uma visão que vai além da roupa, pois trata-se de inclusão, empoderamento e respeito à diversidade”.

Débora Haupt, a inspiração do projeto, está feliz por ter sido inspiração para Marília, com quem fundou a AMDEF. “O olhar da sociedade para a pessoa com deficiência ainda é muito ligado a alguém que não tem vida ativa, então é raro quando alguém nos traz algo surpreendente e cheio de personalidade. As roupas ainda são pensadas para padrões e estar numa cadeira de rodas não é padrão e tem várias peculiaridades, pois nem toda roupa cai bem quando se está sentado, é preciso pensar em praticidade e nas necessidades de cada um, essa é a verdadeira inclusão! Estarmos em todo lugar, inclusive numa passarela, por que não?”, questiona.

Marília tem paixão pelo design e pela criação e sua escolha pela moda também está conectada a sua vivência como mãe: tem três filhos, a Victória Júlia e os gêmeos Benjamin e Maria Flor. “A Victória é portadora da Síndrome Smith-Magenis, ela me ensina a olhar para o mundo com mais empatia e sensibilidade às necessidades únicas de cada pessoa”. “Adoraria que tivéssemos mais olhares para nós, como um público ativo e que consome. Tenho um orgulho imenso de fazer parte dessa história”, conclui Débora.