Paixão que vem do inusitado
Conhecer o grande amor na parada de ônibus ou se apaixonar pelo professor pode não parecer comum, mas para o amor o incomum pode ser a melhor escolha
Como já dizia Nando Reis, é preciso estar atento, pois o teu amor pode estar do seu lado. Juliane Bellaver e Márcio Torres entenderam bem o recado. Eles se conheceram na parada de ônibus da antiga estação moinho do município e agora estão casados. Mas há também amores que surgem no estilo Eduardo e Mônica de Renato Russo, como o de Indiara Molon e Willian Zatti do Amaral. Ela estudava, mas não era nem medicina, nem alemão como diz na música, fazia curso de Corel Draw e ele era ninguém menos que o professor.
Juliane foi bolsita na Embrapa Uva e Vinho em Bento Gonçalves e Torres trabalhava no Hospital Tacchini, do mesmo município. Ambos farroupilhenses encontravam-se diariamente na mesma parada de ônibus e mesmo assim, passaram meses sem sequer trocar uma palavra.
Como cena de novela, teve um dia em que os dois perderam o transporte e tiveram que ficar esperando o próximo ônibus por mais de uma hora. Mesmo assim, não conversaram. No dia seguinte, o episódio se repetiu e quando perceberam que estavam sozinhos na parada, por terem novamente perdido o ônibus, a primeira reação que tiveram foi de rir um para o outro.
Depois deste dia, muitos risos foram trocados e o casal concluiu que tinham muitas coisas em comum. Logo as primeiras impressões de encanto deram espaço a construção de um relacionamento sério.
Agosto de 2005 foi o período em que a paixão se oficializou, quando Juliane tinha 21 anos e Torres 27, eles iniciaram o namoro. Achei ela uma loirinha bonita e interessante e me chamou muito a atenção a bolsa do curso de biologia que ela usava, conta Torres.
Apesar da mãe de Juliane ter sido um pouco resistente no início do relacionamento, eles namoraram por 6 anos e meio. A maior conquista para o casal aconteceu em março deste ano, em Farroupilha: o casamento. Ao som de AC/DC, Torres entrou na igreja para dizer o sim à bela noiva.
O casal mora junto há 5 anos em Porto Alegre, onde ela é mestre em biologia animal e ele é formado em ciências da computação e pretende agora também graduar-se em biologia. Como planos, pretendem aumentar a família, mas ressaltam que ainda é cedo.
Como ambos gostam de natureza, contam que quando ficarem mais ‘velhinhos’, pretendem morar em um sítio e para um bom relacionamento eles indicam muita amizade, amor, sinceridade e autenticidade. Nenhum ser humano é feliz sem ter suas próprias escolhas, vivendo a vida que o outro deseja. Sempre respeitamos a individualidade de cada um, as diferenças e desta forma que desejamos viver ao lado um do outro até ficarmos velhos, se esta vida nos permitir, analisam.
Há apenas um ano a menos que Juliane e Torres, Indiara e Amaral mantêm o namoro que começou em uma sala de aula para ela e no trabalho para ele. No primeiro dia de aula, Indiara chegou atrasada e lhe sobrou para usar somente o primeiro computador da fila, bem em frente ao professor. Não pude deixar de notar aquele professor, mas não queria que ele percebesse, então fiz aparentar que não havia intenção alguma, conta a estudante de direito.
Dias depois, eles se trocaram contatos e começaram a se falar por mensagem de telefone celular. Logo pensei: que aluna bonita. Vou ter que conseguir o número do celular dela, conta Amaral, estudante de produção multimídia. Foi então que ele a convidou para sair.
Um filme e uma pizza na casa dele foi o convite. Indiara no início relutou, mas depois resolveu ouvir suas colegas de escola, que diziam que ele era uma pessoa legal e que valeria a pena. Quando cheguei na casa dele já conheci a maior parte da família, mãe, padrasto, tios, avós e primos. Não sabia o que falar, eu era o centro das atenções e até pediram a pizza que eu mais gostava para me agradar. Mal comi de tanta vergonha, relembra Indiara.
Quando se conheceram, ela tinha 16 anos e ele 17. Como desde o primeiro encontro a família sempre esteve presente apoiando as decisões do casal e apesar da situação inusitada em que se conheceram, o casal conta que nunca sofreu preconceito pelo relacionamento.Eu só tenho a agradecer por ele ter aparecido na minha vida, reconhece Indiara.
Segundo eles, um relacionamento sólido é construído com base na paciência, pois cada um tem que saber conviver com a imperfeição do outro. Em geral eles se consideram parecidos, gostam dos mesmos gêneros musicais e ela o acompanha sempre nos eventos do grupo de carros 4B Car Club que ele participa.
Nos planos para o futuro, pretendem residir por um tempo no exterior e fazer novas viagens, como o cruzeiro que fizeram nas férias do ano passado. Nas características que cada um mais admira no outro, para ela é o olhar dele como uma ‘caixinha de surpresas’ que mais lhe desperta a atenção. Ele completa dizendo que ela é sonhadora e que adora saber que ela não consegue ficar brava com ele em momento algum.
Por estas e tantas outras histórias de amor, a célebre frase final da canção do casal inspirador de Legião Urbana ressoa em nossas mentes. ‘E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?’