Para destravar burocracias e valorizar o meio ambiente

Rudmar Elbio da Silva (PSB) foi um dos secretários da primeira gestão de Claiton Gonçalves e Pedro Pedrozo que continuou a exercer suas funções no novo mandato que começou em janeiro. Graduado em Teologia pelo Instituto Bíblico das Assembléias de Deus do Estado do Paraná, Rudmar trabalha há onze anos na recuperação de dependentes químicos. Foi eleito vereador em 2012 e 2016. Além da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a qual assumiu no ano passado e foi reconduzido, também exerceu a função de diretor na Secretaria Municipal de Habitação em 2014.
Na entrevista que segue, destacou o papel fiscalizador da pasta que lidera, e também do importante papel que é autorizar licenças ambientais a empresas do município. Comentou ainda sobre as causas da defesa animal, que vêm ganhando espaço dentro do município.

Jornal O Farroupilha – Quem é Rudmar Elbio da Silva, e por que suas qualidades lhe dão a capacidade para exercer o cargo ao qual foi reconduzido?
Rudmar – Sou natural de Tenente Portela. Vim a Farroupilha em 1991, muito em função do meu pai que precisava ir a Porto Alegre e também porque queria estudar Farmácia – mas acabei me formando em Teologia. No município trabalhei em diferentes empresas de diversos segmentos. Também empreendi no ramo do vestuário. Sempre trabalhei muito. Fui ainda caminhoneiro. Em paralelo, comecei a atuar de forma voluntária há 11 anos no auxílio a pessoas com dependência química de crack e cocaína – serviço o qual ainda realizo. Sou fundador da Fazenda Esperança e tenho auxiliado outras entidades deste porte em todo o Estado. Foi essa experiência que me fez entrar na política. Fui feliz em me eleger na primeira oportunidade. Vir para esta Secretaria foi uma surpresa na época, pois eu não tinha tanto conhecimento sobre a área. Mas atualmente isso é bem diferente, até estou em busca de me formar na área de Gestão Ambiental. Sei que o Meio Ambiente é a nossa vida, a nossa saúde. A experiência que adquiri foi muito grande e agora vejo o mundo de forma diferente. Quando entrei, eu tinha uma visão mais fechada das coisas e hoje entendo a importância e o porquê de precisarmos da nossa natureza bem cuidada, conservada e fiscalizada. Nosso futuro está nela. Se não preservarmos o meio ambiente, a nossa vida também não estará preservada.

Jornal O Farroupilha – Como foi relacionar a rotina de um então empresário com a vida pública?
Rudmar – Logo depois de entrar na vida pública eu acabei por fechar as lojas que administrava. A diferença entre a vida pública e a vida privada é muito grande. Estando lá fora você tem uma visão, e aqui, você vê que não é bem assim. Todas as situações são bem mais complexas em virtude da responsabilidade que se tem em uma Secretaria, dentro de um Poder Público. É muito grande. E isso faz com que a pessoa busque mais conhecimento, para se estar qualificada e apta para a área na qual está inserida. Claro, a passagem por todas as empresas das quais trabalhei me trouxe experiências que me são muito importantes também hoje em dia.

Jornal O Farroupilha – Como a Secretaria de Meio Ambiente funciona atualmente?
Rudmar – Hoje possuímos um corpo técnico praticamente completo. Nosso número de desafios é grande, principalmente em agilizar o nosso processo de licenciamento ambiental. Estamos negociando um gerenciador de licenças, que é um software adequado para as licenças saírem mais rápido, onde também teremos protocolo informatizado onde o empresário vai chegar, trazer as documentações e se estiver tudo correto já as recebemos, agilizando as empresas que querem se instalar no município. Isso também vale para as renovações das licenças. Outro objetivo que temos sempre é informar a população pelos meios de comunicação das nossas ações e dentro disso buscarmos o diálogo.
Um conselho que damos sempre é que antes de fazer qualquer investimento no município, que o cidadão venha até a Secretaria de Meio Ambiente para ver o que ele precisa. Acontece, em alguns casos, que a pessoa comete algum tipo de crime sem saber, acaba sendo multada e argumenta que não sabia sobre as leis ambientais. Por isso que sugerimos que venham aqui. Daremos um checklist e assim poderemos juntos evitar erros futuros. Já existem situações em que o empresário apresenta toda a documentação necessária e ao invés de esperar até seis meses, o que seria comum em outros lugares, demora apenas 19 dias.
Estamos renovando nosso contrato com a FEPAM, para continuar participando de ações em loteamentos. Mas, essa questão, vale ressaltar, me preocupa um pouco. Na nossa região existe uma quantidade significativa de loteamentos, mas sem casas instaladas. É preciso criar uma infraestrutura antes de tudo. Será que temos capacidade de abrir mais loteamentos agora e depois ter a estrutura para as casas que ali vão se instalar? Estive na Barragem do Burati e o nível estava baixo, mesmo num verão chuvoso no qual estamos vivendo. O consumo de água aumentou bastante. Então imagine abrirmos mais loteamentos no município. Temos que rever isso. Esse convênio com a FEPAM é importante para podermos discutir esta questão.
E, vale reforçar, que também atuamos em parceria com a Ecofar, que é uma empresa público-privada, que é coordenada e fiscalizada pela Secretaria do Meio Ambiente.

Jornal O Farroupilha – E a relação com a Ecofar, como ela acontece no dia a dia?
Rudmar -A relação com a Ecofar é ótima. É uma empresa que veio e está fazendo a diferença no município, na limpeza da cidade, na coleta de lixo, conscientizando as pessoas junto ao departamento de educação ambiental; à importância de reciclar nosso lixos, nossos resíduos. Estamos criando equipes da Ecofar para cuidar das praças e dos colégios, e assim a gente vai conseguindo manter a cidade mais limpa. Claro, sempre pedimos a colaboração da comunidade, uma vez que nada adianta o município se esforçar se as pessoas não colaboram nesse sentido. Sempre peço: ajude a manter a cidade limpa. Se a gente se ajudar hoje teremos dias melhores no futuro.

Jornal O Farroupilha – Quais são os principais desafios da Secretaria Municipal de Meio Ambiente?
Rudmar – A Secretaria de Meio Ambiente é uma secretaria estritamente técnica. Nós temos que trabalhar baseados estritamente na lei. Isso traz para gente algumas dificuldades, pois alguns munícipes nem sempre entendem isso, já que acham que no Poder Público tem jeitinho. E não tem jeitinho. É preciso fazer aquilo que a lei exige. Se não fizermos dessa forma, dentro das leis ambientais, o secretário municipal e o prefeito vão estar respondendo judicialmente. Essa questão norteia também quando fazemos uma abordagem, uma fiscalização numa empresa, e encontramos alguma irregularidade. Precisamos autuar. Já aconteceu, sim, de interditar empresas até elas poderem se reorganizar. E com isso funcionários ficam sem trabalhar. Não é o secretário que quer, não é o prefeito que quer que seja forma. É o que a lei estabelece. Mas queremos que a população saiba que a Secretaria não é um bicho de sete cabeças, ela apenas tem que cumprir a lei. Se o empresário apresentar todos os documentos corretos, a Secretaria vai liberar os papéis que lhe forem solicitados.

Jornal O Farroupilha – De que forma acontecem os serviços de fiscalização e autuação?
Rudmar – O processo de fiscalização funciona de diferentes formas. A equipe de licenciamento, por exemplo, vai e faz a vistoria. Se encontra uma irregularidade, ela passa para frente e a equipe de fiscalização faz a autuação. A empresa uma vez autuada, o empresário tem que vir até a Secretaria, pagar uma multa e entrar com recurso para dar continuidade no processo de regularização. Tem que ser feito desta forma e neste processo. Vale ressaltar que a fiscalização também trabalha a partir de denúncias. Às vezes a gente consegue fazer a fiscalização, mas não o flagrante de uma ocorrência, e por isso não podemos autuar. É uma dificuldade que existe. Mas a sociedade tem feito denúncias dos flagrantes e temos conseguido fazer as autuações de grande parte dos crimes contra o meio ambiente.

Jornal O Farroupilha – Uma situação que muito se discute dentro da área ambiental é o tal lixão. Ele já teve formatos diversos em gestões anteriores. Como ele funciona atualmente?
Rudmar – No lixão hoje funciona uma cooperativa, que já está tirando 65 toneladas de material reciclado. Material este que não está mais indo pro lixão. Antes 100% ia direto para o lixão e temos a ideia de zerar por meio do projeto Lixo Zero. Estamos trabalhando forte em cima disso. Junto dos recicladores da estação, a ideia é recolher 150 toneladas. Temos condições para isso e vamos buscar viabilizar. Claro, esse processo é demorado, não é de um dia para outro, existe a questão de estrutura de galpão, prensas e esteiras, além da necessidade de qualificar as pessoas a fazerem este trabalho. A expectativa é que em breve o município de Farroupilha seja o pioneiro no estado do Rio Grande do Sul a ter o seu lixo zerado.

Jornal O Farroupilha – E qual vai ser o foco de atuação neste ano de 2017? Que projetos já estão em andamento?
Rudmar – Para 2017 meu objetivo está em torno dos licenciamentos, da educação ambiental e do setor de defesa animal. Queremos licenciar mais rápido. Focar na educação ambiental, na importância do meio ambiente e das bacias hidrográficas do nosso município, para que nos próximos cinco, seis anos, não seja preciso pagar o preço por falta de água. E, no setor de defesa animal hoje já estamos com uma clínica, que está fazendo cirurgia e chipando. Este departamento nasceu muito em virtude do grande abandono de animais no município, e também porque quase toda família tem pelo menos algum bicho de estimação. Nossa ideia é chipar todos os cachorros de Farroupilha e ter um controle em cima disso. Em breve iniciaremos a obra de um canil na localidade de Linha Julieta e logo estaremos o inaugurando. Para os próximos anos novos projetos virão, certamente.

Jornal O Farroupilha – Por fim, como se dá a sua relação com o prefeito municipal Claiton Gonçalves e com o vice Pedro Pedrozo, o qual é do seu mesmo partido?
Rudmar – A minha relação com prefeito e vice-prefeito é muito boa. Tenho orgulho de faz parte desta equipe. Temos um prefeito honesto, transparente e sério. Um prefeito que busca que o dinheiro público seja bem aplicado. Temos um relacionamento de irmãos e conversar sobre as necessidades que temos, na busca de entendimento. Com ele, e com o vice Pedrozo, que é do meu partido e também muito me orgulha.