Por um trânsito mais responsável. Maio Amarelo!
Conscientização é algo que deve existir todos os dias e não apenas em maio

Claudia Iembo
claudia@ofarroupilha.com.br
Maio vai terminando, mas a importância do que o mês traz não deve terminar nunca: a conscientização da sociedade sobre o alto índice de acidentes e mortes no trânsito. Por isso a cor utilizada no movimento internacional é a amarela, de atenção e advertência.
Em Farroupilha, Maio Amarelo foi trabalhado pela prefeitura através da Secretaria de Obras, Infraestrutura e Trânsito. Matheus Paim, secretário da pasta, pontuou três principais ações que, segundo ele, “atingiram as camadas nas quais foram inseridas”.
Foram elas: a campanha de utilização de espaço público, com parceria com empresa que presta serviço de proteção veicular, para impactar o público com a exposição de um veículo acidentado – pode ser conferido até o dia 31 de maio; parceria com o Pró-Saúde e Samu para distribuição de material de conscientização nas ruas centrais, aos sábados de manhã de maio, e ações com a Guarda Municipal inserida em empresas para a conscientização no trânsito.
Segundo Paim, o Departamento de Trânsito possui um plano estratégico para a continuidade das ações. “Vamos intensificar o trabalho nas escolas porque entendemos que as crianças levam as mensagens de forma diferenciado aos seus núcleos familiares. A conscientização no trânsito é um trabalho permanente”, afirma.
Já nas ruas, procuramos opiniões de motoristas e pedestres sobre o assunto, mas a manhã fria e chuvosa da realização da reportagem espantou a vontade de participação da população.
No ponto de táxi da rua Ângelo Antonello, esquina com a Pena de Moraes, os motoristas foram receptivos. “O pessoal anda descuidado! Temos visto muitos acidentes em sinaleiras porque os motoristas têm passado direto. Faixa de segurança, nem motorista nem pedestre respeitam”, diz Leandro Martins, motorista há oito anos na cidade.
O colega de profissão Jonei dos Passos, que não desliga o telefone para prestar serviço 24 horas por dia, caso necessário, conta que bateram no seu carro. “Eu estava passando na sinaleira aberta e outro carro me acertou. Parece que ninguém respeita mais nada, é só buzina e estresse que vemos nas ruas”.
Ivo Suzin, também motorista de táxi, divide a opinião de quem dirige 10 horas por dia. “A gurizada deveria sair da autoescola sabendo respeitar mais as leis de trânsito porque 90% dos jovens motoristas não param em faixa de segurança de pedestres. Temos como melhorar isso! ”, pontua.
Na visão dos pedestres, observações similares. “Andar nas ruas de Farroupilha é difícil porque os carros não respeitam os pedestres. Vejo que as pessoas estão distraídas, muitos com celular nas mãos enquanto andam e enquanto dirigem. Um perigo! ”, diz Ana Paula Borges.
A pedestre Helena Ertal está buscando tornar-se motorista aos 66 anos e assegura que presta muita atenção às regras de trânsito. “Estou fazendo minha habilitação para dirigir porque quero ter mais independência e tenho certeza que serei uma motorista cuidadosa, assim como sou uma pedestre cuidadosa”.
Colaborando com ela, os avanços, nas ruas do município, apontados pelo secretário Paim, como: “o pavimento e a sinalização da Avenida Pedro Grendene, o investimento robusto em semáforos com cronômetro regressivo, câmeras instaladas em cruzamentos, tachões para redução de velocidade dos automóveis”, entre outros.
A população de Farroupilha vem aumentando a cada ano, segundo dados do censo demográfico. Mais gente nas ruas, mais motoristas ao volante. A segurança no trânsito deve ser um compromisso coletivo, no qual cada pessoa entende seu papel e age com responsabilidade. Tudo é uma questão de atitude. Estejamos andando ou dirigindo pelas ruas da cidade.

Pinheiro Machado com a República: mais sinaleiras


Ana Paula Borges: “Andar nas ruas de Farroupilha é difícil”, e Helena Ertal: “Tenho certeza que serei uma motorista cuidadosa”

Os taxistas Leandro, Suzin e Jonei compartilham a opinião do perigo no trânsito

Ação de conscientização da Guarda Municipal em empresa da cidade


Boas práticas evitam multas de trânsito
Especialista aborda motivos que mais ocasionam infrações aos motoristas e reforça a necessidade de maior atenção à conduta nas vias
O trânsito no Brasil há décadas enfrenta diversos desafios, muitos deles relacionados à má conservação das vias, como buracos e sinalização deficiente. Além disso, a falta de conhecimento pleno sobre as leis de trânsito por parte da população — somada às frequentes mudanças na legislação — contribui para tornar a mobilidade urbana ainda mais complicada.
A falta de conhecimento sobre as leis de trânsito contribui diretamente para os altos índices de infrações no Brasil, que ultrapassaram 75 milhões em 2024, segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Além das multas, um dado divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) chama a atenção para o número de acidentes: no ano passado, foram registrados mais de 70 mil casos em rodovias federais, um aumento de 15% em relação a 2020.
Os números reforçam a necessidade da maior atenção dos motoristas ao trânsito cotidiano, a fim de evitar as multas e – principalmente – acidentes nas vias. Foi olhando por esse lado que Laura Diniz, especialista em Direito de Trânsito e diretora de operações da SÓ Multas (empresa especializada em soluções de trânsito), elaborou algumas orientações de boas práticas para os motoristas adotarem.
Não usar o celular: uma das tecnologias que mais prendem a atenção da população pode também ser um facilitador na geração de multas e, até mesmo, ocasionar uma fatalidade no trânsito. “O uso do celular ao volante é hoje uma das principais causas de acidentes urbanos. Mesmo poucos segundos de distração podem ser fatais. A atenção total à direção é um fator decisivo para preservar vidas no trânsito”, explica Laura.
Limites de velocidade: a especialista pontua que “os limites não são arbitrários”, ou seja, “sua definição acontece com base em estudos técnicos que consideram o fluxo, a estrutura da via e a segurança dos usuários”. Dessa forma, ultrapassar o permitido dentro de rodovias e estradas, além da infração em si, faz com que o tempo de reação seja ainda menor – e, consequentemente, aumenta a gravidade de eventuais colisões.
Se beber, não dirija: segundo a PRF, o Brasil registrou mais de 3,5 mil acidentes de trânsito relacionados ao consumo de álcool entre janeiro e novembro do ano passado – um aumento de 7% em relação a 2023. “Álcool e direção são absolutamente incompatíveis. Mesmo em pequenas quantidades, o álcool compromete o tempo de reação e o julgamento do condutor. A orientação é clara: se for beber, use transporte por aplicativo ou tenha um motorista designado”, afirma Diniz.
Equipamentos obrigatórios: ela ainda ressalta que, apesar da infração, muitos condutores não checam os itens obrigatórios antes de iniciarem seus trajetos. “Equipamentos, como o triângulo, o macaco, e os cintos de segurança, não estão ali por formalidade. São dispositivos essenciais em situações de emergência e sua ausência, além de infração, representa risco direto à segurança”, diz.
Não bloqueie rampas e vagas especiais: além do desrespeito em si, estacionar em rampas de acesso ou vagas destinadas a pessoas com deficiência e idosas é um ato ilegal, previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Laura reforça que “as vagas garantem mobilidade e acessibilidade.

Laura Diniz: Especialista em Direito de Trânsito e diretora de operações da Só Multas