Projeto Acolhida

Grupo Bigfer mantém amplo Projeto, cujos objetivos se cumprem também na responsabilidade ambiental

Grupo Bigfer mantém amplo Projeto, cujos objetivos se cumprem também na responsabilidade ambiental

 

O “Projeto Acolhida” é uma iniciativa do Grupo Bigfer, com objetivos de caráter social e humanitário, que teve início em setembro de 2020. Seu surgimento foi o fruto de uma série de reflexões e diálogos motivados pela nossa convicção de que o momento histórico no qual nos encontramos nos desafia a buscar formas inovadoras de humanização e desenvolvimento sustentável, para que possamos visualizar um futuro mais humano e inclusivo no qual todos, sem exceção, vejam assegurado o seu direito fundamental às condições de vida digna e saudável.

O Projeto tem como destinatários diretos os funcionários do Grupo Bigfer e suas famílias (em Farroupilha cerca de 6.000 pessoas), sendo estendido também à comunidade em geral.  Consiste basicamente na “acolhida” de todas as demandas e situações que nos chegam para, a partir de uma escuta atenta e de aproximação empática, implementarmos ações de ajuda que visam sempre a organização das pessoas e dos núcleos familiares e a superação das dificuldades a longo prazo.

Isso porque o pano de fundo que define o nosso método de trabalho é a antropologia cristã, que nos permite olhar para cada pessoa reconhecendo nela a sua dignidade essencial, o seu valor humano intrínseco, que vai muito além das circunstâncias nas quais alguém possa se encontrar.  

Todas as atividades realizadas pelo Projeto são fundamentadas em princípios humanos e cristãos como: a solidariedade, a gratuidade e a sustentabilidade que é sem dúvida sócio-econômica, mas é também, de acordo com a Teoria das Organizações, relacional e ambiental, enquanto diz respeito às várias dimensões do desenvolvimento humano. 
– Sócio-econômica: porque o nosso planeta é a casa de todos, e nele todos podemos e devemos ter acesso aos meios necessários para a própria subsistência e para uma vida digna. Ora, em se tratando da realidade social e econômica das nossas famílias e comunidades, é necessário recordar que a exclusão e a inclusão não são palavras, mas pessoas, e a elas voltamos nossas ações, através de ajudas que são, em alguns casos, emergenciais, como a  doação de cestas básicas, remédios, etc…, mas sempre que possível visam a solução dos problemas pessoais e familiares a longo prazo, através do acompanhamento pessoal, a orientação para o acesso aos serviços básicos como saúde e educação, ou a organização familiar. 
– Relacional: porque somos todos elos de uma mesma corrente, interligados e inter-dependentes, e somente numa visão de conjunto e de coletividade encontraremos soluções consistentes para os problemas do nosso tempo. Tendo em conta este princípio, todas as nossas ações se caracterizam por um forte conceito de agregação e de comunhão. Por isso mesmo, desde o seu início, o Projeto foi dando vida a vários “grupos”: de voluntários (doadores de sangue, artesãos, recicladores…), de auto-ajuda, de espiritualidade e de jovens.

– Ambiental: porque somos moradores de um planeta doente e ameaçado pelos nossos desmandos e excessos. A verdade é que não temos um planeta de reserva. Por isso é urgente darmos vida às ações de educação ambiental e de cuidados com a natureza: o futuro da nossa “casa” comum está em nossas mãos e depende do nosso compromisso e do que fizermos hoje pensando na sua preservação. O nosso Projeto mantém uma ação chamada “Amigos do Ambiente”: trata-se de uma proposta de educação ambiental acompanhada da coleta e manipulação de materiais descartáveis (pet e alumínio), que uma vez comercializados têm a renda transformada em ajudas emergenciais para quem necessita.

O Projeto Acolhida, enquanto projeto social em funcionamento ao interno de uma empresa e integrado ao seu funcionamento cotidiano, constitui uma proposta inovadora porque sinaliza um salto de qualidade no conhecido conceito de “responsabilidade social” que, no nosso entender, vai muito além da filantropia. De fato, uma empresa está sempre inserida em um contexto social determinado e em uma comunidade concreta; vive e cresce em contínua relação com seus  colaboradores e sua clientela, com os quais estabelece relações de interdependência e colaboração. Ter responsabilidade social é considerar-se efetivamente parte desta realidade social sentindo-se de fato, junto com todos os outros agentes sociais, responsáveis por ela. Desta forma, podemos concluir que fazer doações esporádicas à comunidade é filantropia, enquanto trazer as realidades e demandas da comunidade para dentro do próprio cotidiano da empresa, de modo sistemático e continuativo, isto é responsabilidade social. 

Concluímos evocando o grande pensador, filósofo e orador da Roma antiga, Cícero, que falando da coletividade como condição para o desenvolvimento, fazia uma diferenciação entre a “civitas – cidade das almas” e a “urbe – cidade das pedras”. Ora, fica também para nós a pergunta: Qual cidade queremos construir hoje, aqui e agora, através de nossas ações e escolhas? A cidade das almas ou a cidade das pedras?

 

Márcia Faé
coordenadora do Projeto Acolhida