Reconhecimento nacional
Farroupilhense Suzana Bertuol conquista primeiro lugar em concurso internacional de contos realizado em São Paulo

O 25º Concurso Internacional de Contos de Araçatuba premiou uma farroupilhense. A agricultora e licenciada em História, Suzana Bertuol, conquistou o primeiro lugar nacional com o conto A Sesta. A entrega da premiação será no dia 12 de setembro. O concurso é reconhecido no meio literário por sua tradição. Suzana já foi premiada em concursos municipais e regionais e recebeu em 2009 menção honrosa do mesmo concurso com o conto O Velho e a Casa.
Suzana reside na comunidade de Caravaggieto, é natural de Farroupilha, agricultora e licenciada em História. Segundo ela, seus personagens são criados a partir de um olhar mais atento ou poético sobre a realidade. Os contos são inspirados em figuras locais, mas é na busca das contradições que constituem suas essências, que o velho esquizofrênico e benzedeiro, de O Velho e a Casa, e a menina e o pai, personagens centrais do conto A Sesta, abandonam a regionalidade e se tornam figuras universais, realizando questionamentos em torno da solidão, do
medo, da morte, do amor entre pai e filha e da falta de diálogo. Temos tanto presentes na menor comunidade de Farroupilha como na maior metrópole do mundo, conta Suzana.
A escritora acredita que um prêmio em qualquer área é sempre uma forma de incentivo. Ela entende que o escritor
é um trabalhador incansável, para o qual o mundo é a matéria prima. Os contos premiados serão publicados na coletânea Contos Selecionados que será entregue na solenidade de premiação, no dia 12 de setembro. Há ideias que surgem em determinado momento e ficam esquecidas, dormem, até que se materializam em palavras,
algumas resultam em boas histórias, outras em lixo; algumas simplesmente não acordam, permanecem no limbo. O conto A Sesta, vencedor do 25° Concurso de Contos de Araçatuba, já tinha sido enviado a outro concurso, onde não recebeu prêmio, foi reformulado e ficou neste concurso em 1° lugar a nível nacional.
Sempre com humildade, Suzana diz que continua uma simples aprendiz e lembra que atualmente para ser escritor basta um computador. Mas para que escrever? Parece algo sem sentido se não houver leitores. Então este prêmio e outros é um reconhecimento no sentido de que aquilo que foi escrito possui valor literário e que será lido, pelo menos por algumas pessoas. Do concurso, resulta a publicação do livro. Parece-me que falta em Farroupilha um incentivo à cultura local, não há nenhuma política oficial permanente de apoio a projetos culturais, o que é compreensível, pois existem outras prioridades. A gente não quer só comida, quer bebida, diversão e arte, mas precisa de asfalto, saneamento básico, educação, saúde e segurança. Entretanto, falta também uma política de valorização, de saber quem são os sujeitos de cultura, se interessar por eles, incluí-los, o que me parece não teria um custo tão elevado, desabafa.
Atualmente a agricultora está envolvida em um projeto de resgate histórico da Gruta Nossa Senhora de Lourdes, que fica perto de sua casa. Ela lembra que escreveu um cordel resgatando a história do fundador da Gruta e dos motivos que o levaram a construir. Isso integrará um livro comemorativo aos 75 anos de existência da Gruta. Tenho vários contos iniciados, alguns quase a caminho da lixeira, e outros com chances de um final mais feliz. Continuo e vou seguir escrevendo, dentro do que me permite o tempo, o desejo, a capacidade e a realidade, conta.