Resgate Voluntário pede socorro para socorrer

Fora do horário comercial, o SAMU ganha o reforço do grupo de Farroupilha, que trabalha voluntariamente
à noite e nos finais de semana, pois os integrantes têm profissões paralelas. Sempre disposto a ajudar ?
e bastante qualificado para isso ? o Resgate Voluntário precisa de ajuda para continuar a nobre tarefa

Grupos se formam por interesses em comum. Os participantes se aproximam movidos pela possibilidade de compartilharem algo que os agrada, que dê sentido aquilo que acreditam e escolhem exercer. Alguns grupos fazem a diferença na vida de pessoas como eu, como você, pois nunca sabemos quando vamos precisar deles. Aqui, na nossa cidade, temos um pessoal qualificado, unido pelo amor em ajudar o próximo em situações, muitas vezes, desesperadoras. Estamos falando do Resgate Voluntário de Farroupilha.

Primeiros socorros às vítimas de acidentes veiculares, traumas, mal súbitos e paradas cardíacas são prestados pelo Resgate Voluntário de Farroupilha, grupo legalizado, com CNPJ, que atua com embasamento legal, seguindo à risca os protocolos do PHTLS (Prehospital Trauma Life Support ou Suporte Pré-Hospitalar de Vida no Trauma), curso que qualifica os profissionais da área de saúde para o transporte e atendimento pré-hospitalar.

Formado em 2005, o Resgate Voluntário conta com 10 integrantes, sendo quatro mulheres. Gente qualificada e preparada, que trabalha voluntariamente fora do horário comercial, pois durante o dia possui atividades para seu sustento e de suas famílias. Gente que é mãe, pai, filho e podia ficar em casa, desfrutando do descanso no tempo livre, mas opta por prestar socorro, salvando vidas. Gente que merece respeito e ajuda para continuar a missão.

Ajuda em todos os sentidos: de recursos, de mão de obra, de material, de liberdade de atuação, de reconhecimento e respeito da população. A base do Resgate Voluntário, por exemplo, é alvo de depredação e ponto de encontro de desocupados. Até as janelas de alumínio já foram roubadas por lá. A boa notícia é que, segundo informações do próprio grupo, breve o pessoal estará com uma nova base, em novo endereço.

União

Os integrantes tiram do próprio bolso para sanar as necessidades e unem conhecimentos até na hora da manutenção mecânica das viaturas, em estado precário, que possuem. A prefeitura auxilia com uma pequena quantidade mensal de combustível. Os macacões que os integrantes vestem foram cedidos pela Feltrin Sementes, mas os apadrinhamentos são pequenos perto das urgências que o grupo possui. Os empresários da cidade não aguentam mais nos ver batendo às suas portas e nós sentimos vergonha! Sobrevivemos e chegamos até aqui com o nosso suor, confessa Enio Ferreira, o fundador do grupo.

Diante de tantas dificuldades, a pergunta inevitável: não sentem vontade de parar com o trabalho voluntário? Todos, sem exceção, respondem que o amor ao que fazem fala mais alto. Continuamos porque a gratidão que sentimos a cada atendimento realizado, o prazer em ajudar é maior que qualquer dificuldade, diz Enio.

O que falta ao grupo, sobra em preparo, conhecimento, sangue frio, estômago, atitude. Além disso tudo, o Resgate Voluntário de Farroupilha possui vontade! Quando atendemos uma ocorrência, enxergamos apenas a pessoa que precisa de nós. Não vemos sangue, nem cor da pele, nem classe social, enfatizam os integrantes.

Eles ainda destacam que se deparam com atendimentos que proporcionam a constatação de que os problemas que enfrentam são pequenos se comparados às situações que vivenciam.

Histórias

O grupo já chegou a atender os próprios familiares. Ajudar está no DNA destas pessoas, que relembram casos marcantes como o do menino que subiu na árvore para pegar fruta e caiu de costas nas lanças do portão, ou do senhor que estava construindo uma casa na árvore para os filhos e despencou, fincando uma das raízes em sua coluna.

As lanças do portão sobre as quais o menino caiu, e sobreviveu, o grupo guarda até hoje, depois de oito anos passados do atendimento.

Tem gente que agradece, tem gente que fala que não fizemos mais que a nossa obrigação, por incrível que pareça! Mas há casos em que a pessoa, depois de anos do atendimento, nos reconhece e nos agradece, como o senhor que caiu da árvore, comenta Jones Corá. Os olhos marejados não passaram despercebidos.

O presidente do grupo, Doglas Neri, ressalta a importância de contar com mais pessoas voluntárias e não apenas nos atendimentos. Precisamos de apoio de todas as espécies. Desde pessoas interessadas em passar pelos cursos e treinamentos para os atendimentos, até aqueles que possam fazer uma sopa para nós, exemplifica mostrando as várias maneiras em que podemos ser úteis ao grupo.

Leonardo Rosanelli, Everton Santos, Renata Dani, Ana Paula Smialowski, Jones Corá, Doglas Neri, Douglas Lemes, Ani Ferreira e Enio Ferreira são os anjos voluntários com os quais podemos contar. Eles pedem socorro para continuarem socorrendo e são a prova de que santo de casa faz milagre, sim!

COMO AJUDAR?
Uma das maneiras é pelo depósito bancário.

Banco Bradesco
Agência: 1775-2
Conta corrente: 35199-7

COMO ACIONAR O RESGATE VOLUNTÁRIO DE FARROUPILHA?

Pelo fone: (54) 99999-5955, com Enio Ferreira

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REPORTAGEM:
CLAUDIA IEMBO
claudia@ofarroupilha.com.br