Só gosta do frio quem não sofre com ele
Diferentemente de muitas famílias, algumas não possuem formas alternativas de se aquecer e, muitas vezes, nem roupas suficientes para amenizar o frio intenso que assola a região

Ter acesso a um ambiente quente e a roupas grossas para escapar das temperaturas baixas e muitas vezes, negativas, que assolam, entre outras, a região da Serra Gaúcha, é de fato um privilégio de alguns. Atividades rotineiras e necessárias são afetadas pelo desconforto do frio rigoroso, mas são amenizadas por quem pode. No entanto, aqueles que não podem se proteger e reduzir estes efeitos sofrem com o frio intenso e contam somente com doações ou com a contribuição dos cobertores.
Um exemplo é o de Marciana Olcheski, de 25 anos. Moradora do bairro Industrial, divorciada, e mãe de dois filhos, uma menina de três anos e um menino de nove meses – que não teve o reconhecimento do pai – ela luta diariamente, juntamente com as crianças, contra o frio que assola sua precária casa. Os três dividem a cozinha, a sala e um quarto. Além do perigo da casa estar localizada em um morro, o telhado tem buracos e a fiação elétrica está desencapada. A família também precisa sair de casa quando quer utilizar o banheiro, que além de ficar separado das outras peças também é bastante precário. Para complicar ainda mais a situação, Marciana conta que a filha sofre de bronquite asmática e que em épocas de frio, quando a menina não passa bem, é preciso leva-la ao Posto de Saúde.
Para se aquecer nos dias de frio, ela conta somente com o apoio dos cobertores. Só na cama quando está frio mesmo, relata. O que tem de agasalho eu coloco, observa. Isenta de um fogão à lenha ou de uma estufa, Marciana ainda enfrenta a dificuldade lutar contra o vento que entra na residência através das frestas. Segundo ela, ainda seriam necessárias algumas madeiras para tapar os vãos que ficaram quando a casa foi construída com o auxílio dos seus vizinhos. Entre todos estes problemas também há goteiras no quarto, revela Marciana.