Um arco-íris visitou a Segunda Vara
Numa manhã, iminente de processos, o sol brilhou sobre as gotas de chuva. Não sei ao certo se chovia ou
Numa manhã, iminente de processos, o sol brilhou sobre as gotas de chuva. Não sei ao certo se chovia ou se fazia sol ou se ambos ou se nenhum. Uma estudante do ensino médio, naquela manhã, acompanhava o meu ofício de juiz da Segunda Vara de Farroupilha. Era a minha ‘sombra’.
O casal, por volta das 10 h, veio conversar comigo. Estavam em aproximação com uma menina. Confesso que eu estava apreensivo.
– Viemos buscar ela!
Fez-se o arco-íris, avermelhado por fora e violeta por dentro. É um fenômeno conhecido desde a chuva e o sol. Um deles resumiu o fato:
– O pessoal da Casa Lar disse que só falta a assinatura do juiz.
Fui conversar com a Elisângela, minha assessora:
– Recebemos algum relatório da Casa Lar?
– Não. – Respondeu ela.
Liguei para a Casa Lar. Perguntei se estava tudo ‘ok’ com a preparação para a adoção.
– Ela está preparando as malas. O doutor quer conversar com ela?
Trouxeram, de imediato, a menina. Conversei com ela. Não pude medir se a faceirice era maior dela ou deles. Os fenômenos ópticos e meteorológicos se conjugam para o querer bem. Ampliaram o arco-íris. Esta é a metáfora de uma mão a mais na fotografia dos dois.
Vindos de tão longe ou de tão perto para morar aqui. Almas criadas para viverem juntas. Criaram vínculos. Se encontraram antes, para preparar a chegada. A menina os encontrou.
Explicaram que, no termo de guarda para fins de adoção, deveria constar que um iria ter direito à licença paternidade e o outro, à licença maternidade. Assim foi feito antes do meio-dia.
Espero que tudo esteja ao gosto de todos. Deus acima de tudo. O afeto acima de todos. Espero que o amor, assim gerado, traga felicidade. Uma nova telha foi encaixada no telhado. O arco-íris está tão gigante e agitado que causa dor no peito e grita ao mundo. A chegada de uma filha é um sol que brilha sobre as gotas da chuva. São as azaleias que estão a florescer em cima dos barrancos e à margem das estradas. É uma crônica a ser compartilhada.