Amigo não dá rasteira em amigo

Depois da “roleta russa” (brincadeira em que o estudante gira como uma roleta até bater a cabeça no chão) e

Depois da “roleta russa” (brincadeira em que o estudante gira como uma roleta até bater a cabeça no chão) e do “jogo do desmaio” (brincadeira em que o estudante prende a respiração até cair), o “desafio da rasteira” tem preocupado pais e professores. Apelidada de “quebra-crânios” e “rasteira mortal”, o trote funciona assim: três alunos ficam lado a lado. Quando o do meio, desavisado, dá um salto, os dois das pontas lhe passam uma rasteira, fazendo com que caia de costas ou de cabeça no chão.
Alunos de todas as partes do Brasil estão postando vídeos no Facebook estimulando os adolescentes a dizerem “não” a mais essa brincadeira aberrante. Uma baita iniciativa, já que os profissionais de saúde têm alertado que os praticantes da pegadinha não têm noção de que algo grave pode acontecer, pois a vítima corre o risco de sofrer lesão na coluna ou até morrer, por causa da pancada na cabeça – o que já aconteceu.
Logo que assisti a um dos vídeos na internet procurei meu filho José, de 13 anos, para perguntar se havia ouvido falar a respeito da brincadeira perigosa e ele me contou que o diretor da escola onde ele estuda já havia alertado e orientado os alunos sobre os perigos da prática. E confessou, assustado: “O diretor disse que quem fizer a brincadeira vai ser levado para a delegacia do menor”.
Brincadeiras idiotas sempre aconteceram entre estudantes. Lembro de duas do ensino fundamental: o guri desamarrava o cadarço do tênis do colega e saía correndo, na maior zoação. E quem estava por perto morria de rir da sacanagem. E outra: alguém passava na corrida e abaixava a calça de abrigo do colega até o joelho. Certa vez, durante o recreio, o menino estava com um cachorro-quente numa mão e um refrigerante na outra. Pensa na vergonha que ele passou ao ver as meninas assistindo à cena.
Na época, esse tipo de molecagem não era considerada bullying. A gurizada tirava sarro uns dos outros, numa boa. Eram brincadeiras babacas e de mau gosto, mas não perigosas.
Por isso, pais devem conversar com seus filhos a respeito dos perigos desse tal “quebra-crânios”. E aproveitar para dar-lhes um conselho para a vida: amigo não é só aquele que nos ajuda a levantar, mas, principalmente, o que não nos dá rasteira.