O inacreditável pode acontecer

É a quinta vez que sou convidado para ser patrono de feira de livro de escola pública. Já tive a

É a quinta vez que sou convidado para ser patrono de feira de livro de escola pública. Já tive a honra de ser patrono nas cidades de São Sepé, onde sou membro da Academia de Letras e Artes Sepeense, e em Cachoeira do Sul. E sempre me dá um “friozinho na barriga” saber que meu nome é lembrado para representar um evento literário. A responsabilidade é imensa.
Fui “escalado” para dar cinco palestras durante o evento. E vou contar aos alunos do ensino fundamental, médio e EJA que meus primeiros anos de aprendizado escolar foram numa escola municipal, no Irapuá, interior de Caçapava do Sul, e que usava “tapa-pó” branco – que era o uniforme –, calça de tergal, Conga azul e Quichute preto. O objetivo é despertá-los para o fato de que não importa onde nascemos, moramos ou como nos vestimos, se tivermos um objetivo que guie nossa vida, o inacreditável poderá se tornar possível. Como diz a música “Não desista dos teus sonhos”, de Michelle Nascimento: “Se você acreditar que pode, o céu vai dizer amém. Põe um fim nesse complexo, você não é inferior a ninguém”.
Em minha curta vida como escritor já vivi momentos especiais e inesquecíveis. Para contar um deles, é preciso voltar no tempo. Quando Moacyr Scliar nasceu, em 1937, meus pais ainda não tinham vindo a esse mundo. Quando Moacyr Scliar publicou seu primeiro livro, em 1962, eu ainda não havia nascido. E, enquanto algumas de suas 74 obras eram traduzidas no mundo inteiro, a ideia de escrever um livro era só um sonho que eu sonhava só. Fazer parte do timaço de colunistas do JP então, sequer passava pela minha cabeça.
Felizmente, como desde guri pensei ter um livro a ser escrito dentro de mim, um dia tomei coragem e coloquei as ideias no papel. E não é que, tempos depois, o inesperado aconteceu?! Foi durante a Feira do Livro de Farroupilha, na serra gaúcha, em 2008, que, após palestrar e lançar “Sucesso é viver na contramão do mundo”, fui convidado pela organização do evento para tomar um café com Moacyr Scliar. Nem acreditei! E, enquanto o via levar a xícara à boca, fascinado, me beliscava para ver se era verdade: “Caraca, o guri do interior, que usava “tapa-pó” branco, calça de tergal, Conga azul e Quichute preto, escreveu um livro e agora está sentado à mesa com um escritor eleito para a Academia Brasileira de Letras?! O inacreditável aconteceu!”.