Em cena: educar pela arte da fantasia

Reiniciaram as aulas de teatro dos projetos GFAC e Fábrica de Sonhos, onde mais de 200 alunos, entre crianças e idosos tem a oportunidade de aprender a encenar

Tatiane De Bastiani

Teatrar. Encenar o real. Subir no palco para mostrar o mundo. É assim que Cassiano Azeredo trabalha há mais de uma década. Ele e Marcos Cardoso são os dois sócios- proprietários da empresa Marca Produções Culturais (www.marcaproducoes.com.br), com sede em Montenegro/RS que realiza os projetos de teatro-educação Fábrica de Sonhos (teatrofabricadesonhos.blogspot.com.br) e Teatro do Clã (teatrodocla.blogspot.com.br).

Para este ano, a Fábrica de Sonhos de Farroupilha que retomou suas atividades na última semana, conta com mais de 200 alunos, sendo 60 na Casa da Criança Odete Zanfeliz, 25 na Escola Antônio Minella, 80 no Centro Ocupacional Senador Teotônio Vilella e 18 alunos do Grupo Farroupilha de Artes Cênicas (GFAC) – (gfacteatro.blogspot.com.br), também mantido pela Marca Produções. Entre as novidades, está o grupo de idosos Talentos da Maturidade do Centro de Convivência Idosos, onde 18 alunos tem a oportunidade de na terceira idade, desenvolver a arte da encenação.

O projeto Fábrica de Sonhos, considerado um dos melhores projetos de teatro-educação do estado, tem no município o apoio das Secretarias Municipais de Educação, Cultura e Desporto e de Assistência Social e Cidadania e também do Grupo Bigfer. Os últimos dois anos foram muito promissores para o teatro em Farroupilha. Cerca de 190 alunos participaram deste projeto que realizou 18 apresentações ao longo do ano passado e o GFAC também teve destaque, sendo premiado 19 vezes nos últimos dois anos, com o espetáculo ‘Aquele que diz sim. Ou não?’, além de inúmeras atividades de formação.

Azeredo, natural de Triunfo, diz que se considera farroupilhense de coração, pois há sete anos, trabalha com grupos de teatro no município. Farroupilha é uma cidade que me ‘adotou’ e que valoriza muito o nosso trabalho, considera. Em breve ele conta que se mudará para a cidade podendo ampliar ainda mais os trabalhos por aqui.
Para este ano, a empresa Marca Produções Culturais trará o grupo de teatro profissional, o Teatro do Clã, para treinar em Farroupilha. Este grupo tem agendado somente para este mês de abril, 27 apresentações do espetáculo ‘O Rei Cego’. Também serão ampliadas as atividades junto a comunidade, dando sequencia ao desenvolvimento e ao processo de formação humana com os alunos, elevando o nome do município como uma das cidades de maior destaque em termos de produção teatral no estado, além de uma viagem internacional que será feita com o GFAC e uma intensa agenda com mostras, retiros e apresentações ao longo de todo o ano.

Jornal O Farroupilha: Por que você escolheu esta área para trabalhar?
Cassiano Azeredo: Geralmente as pessoas tem uma resposta romântica para esta questão. A minha não é tão romântica assim (risos). Na verdade sempre gostei dessa área artística. Na escola sempre estive a frente de iniciativas culturais e viver estando em grupo (que é algo que o teatro nos proporciona) sempre foi uma prática minha. Mas o início de fato, se deu a partir do convite de uma colega para fazer um curso que estava sendo oferecido aqui na cidade onde atualmente moro (Montenegro). De lá para cá, essa experiência foi se intensificando cada vez mais e passando por várias etapas.

O Farroupilha: O que significa para você, teatrar?
Azeredo: Significa muito! Acredito que é impossível fazer teatro sem expressar uma visão de mundo. Inicialmente eu diria que fazer teatro é a forma que eu encontrei para expressar a minha visão de mundo. Além disso, é a possibilidade real que eu tenho de modificar esse mundo, de transformar e de encontrar outros colegas, alunos, espectadores que também expressam essa vontade. Para além desta visão romântica e fundamental (pois sem ela nada aconteceria), é a forma que eu tenho de pagar minhas contas, de ter o meu sustento.

O Farroupilha: Como você analisa o estudante de teatro farroupilhense?
Azeredo: Farroupilha é uma cidade com um grande potencial para as artes. O envolvimento da comunidade em iniciativas culturais é muito grande e as escolas em especial desempenham um papel interessante na produção cultural do município. Felizmente estamos vendo surgir inúmeros grupos artísticos e em especial a consolidação dos grupos de teatro da cidade. Pode-se dizer que há uma efervescência cultural no que se refere às artes cênicas. Farroupilha já é uma referência em teatro estudantil do estado. Costumo dizer que nunca encontrei um grupo de alunos tão dedicados como o GFAC nestes 10 anos em que dou aulas de teatro. O sucesso deles é resultado direto de muito trabalho. Agora com a nova montagem, ‘Vida Fora da Gangue’, pretendemos atingir diretamente o público adolescente.

O Farroupilha: Que dica você deixa para quem pretende seguir carreira na área.
Azeredo: Duas palavras resumem o que eu poderia dizer: suor e renúncia. O caminho da arte não é algo fácil. Principalmente porque ainda não há a devida valorização sobre o que a gente faz. É preciso trabalhar muito e constantemente estar se aperfeiçoando. O artista de teatro tem uma função dupla onde o artesão e a própria obra, se fundem em um só. Não acredito em dom quando se fala em teatro. É inegável que algumas pessoas tem mais pré-disposição do que outras para as artes, mas o que faz a diferença é a quantidade de trabalho, isso sim é o fator determinante. Quanto a renúncia, é evidente que deixamos de lado muitas coisas. Abdicamos de finais de semana, de estar com a família, entre muitas outras coisas. Apesar de tudo, fazer arte, fazer teatro, proporciona recompensas que nenhuma outra área possibilita.
Contatos: artecassio@yahoo.com.br / www.marcaproducoes.com.br / (51) 93345359 

Marca Produções Culturais

O objetivo principal do trabalho da empresa é o desenvolvimento do ser humano e da formação cultural do indivíduo promovendo a arte com valores humanos. A empresa produz eventos artístico-culturais e dispõem de equipamentos de sonorização e iluminação cênica, para locação.