Por um espaço cultural
Recentemente, pelas redes sociais, a falta de um Centro de Cultura na cidade foi muito comentado. Artistas comentam a falta do lugar em Farroupilha

Dieverson Colombo
Rodrigo Troitiño é artista visual e diretor de arte publicitário, formado em Publicidade e Propaganda. Trabalha há 12 anos em agências de publicidade e dessa forma ganha dinheiro para seu sustento. Como artista visual já fez duas exposições individuais e participou de cinco coletivas no Brasil e na Espanha. Para ele, ser artista visual é bem mais que um hobby. Para expor seus trabalhos, pensou em ir para algum lugar reconhecido e que pudesse ter projeção estadual. Ele foi para o Centro de Cultura Ordovás, em Caxias do Sul.
Rodrigo Troitiño é apenas um exemplo do que os artistas de Farroupilha tem feito. Na falta de um lugar apropriado na cidade, eles vão para onde podem mostrar seus trabalhos. Farroupilha carece de uma Casa de Cultura.
Cidades como Caxias do Sul e Bento Gonçalves têm esse espaço. Troitiño acredita que um espaço público em Farroupilha certamente iria ajudar muito a incentivar jovens artistas. Se eu tivesse tido mais contato com essa área quando criança, provavelmente mais tarde não teria optado por uma faculdade de Publicidade, mas sim de Artes Plásticas. O artista considera essa área difícil para ter um avanço. Mas, para ele, o que muitas vezes trava é o incentivo do Poder Público. Ele ressalta o que acontece em Caxias do Sul, onde a prefeitura disponibiliza pouco mais de R$ 1 milhão para projetos através de um edital. Qualquer pessoa que esteja morando pelo menos 2 anos em Caxias pode apresentar um projeto e se aprovado usufruir de uma verba de no máximo R$ 24,5 mil para executá-lo.
Tróitiño ressalta que o que polemizou o assunto nos últimos dias foi um panfleto da atual administração de Farroupilha, quando estava em campanha para eleição há 4 anos. Nesse panfleto contém diversos projetos que iriam ser contemplados nos 4 anos de mandato. Entre os itens, a construção de uma Casa de Cultura. Estamos no último ano de mandato e nada foi feito. Não sou vinculado a nenhum partido político, mas não posso deixar de utilizar os meios que disponho para expor a minha indignação quanto a política em geral e ao descumprimento de promessas. O artista acredita que Farroupilha, o segundo municipio do estado em desenvolvimento na saúde, educação, emprego e renda, poderia se comparar com Gramado em termos culturais e turismo, mas está muito longe disso. Ele alimenta uma pequena esperança na Avalanche de Obras anunciada pela administração. Um espaço cultural é fundamental. Tem que ser um projeto bem pensado e executado. Incentivar as pessoas a irem.
Ter cursos com baixo custo, por exemplo, seria uma ótima base. Por mim faz falta sim um local apropriado para expor, porém faz mais falta para crianças e jovens em fase de crescimento.
O artista morou em Barcelona, na Espanha, nos últimos dois anos, e conta que cada bairro da cidade tem um centro de cultura. Não é só vendo o exemplo de outras cidade que acredito que Farroupilha necessite de um espaço público para desenvolver a cultura e a arte, é olhando para as pessoas, o ser humano se torna limitado quando só desenvolve o trabalhar. As vezes vejo que muitos estão deixando de viver pois só pensam em trabalhar e guardar dinheiro, comprar carros do ano, ir ao shopping e gastar. Acredito que, desenvolver o intelectual, a arte, a criatividade seja fundamental. As pessoas podem e devem fazer muito mais do que ter como principal entretenimento de domingo beber cerveja nas ruas da cidade.
O pianista das bandas Saci Pererê e da banda Elvis & Máfia de Memphis, Marcelo Fabro, trabalha somente com música há mais de 10 anos. Fabro diz que nunca sentiu a falta de uma Casa de Cultura propriamente dita, pois devido à temática de seus shows não ser exclusiva para teatro, não tem uma exigência muito grande quanto ao ambiente. A grande maioria das casas noturnas e clubes tem uma visão muito atrasada sobre a questão técnica/infraestrutura, então nos protegemos desse tipo de contratempos por contrato, exigindo que a casa nos dê todas as condições de trabalho. Para o pianista, todas as cidades necessitam ter uma Casa de Cultura. Para citar um exemplo: em Farroupilha estamos muito bem servidos de casas noturnas e essas acabam sendo um ponto de encontro de parte das pessoas que fazem ou apreciam música, mas isso é uma pequena parcela dos inúmeros movimentos culturais que temos aqui, muitos deles talvez fiquem para sempre desconhecidos.
O secretário de Educação, Cultura e Desporto, Bolívar Pasqual, disse que não há nada nesse sentido em andamento. Pasqual lembra que esse assunto é discutido todos os anos, mas que os valores são significativos. Uma hora isso vai ter que avançar. No momento temos outras prioridades. Temos que fazer por etapas. Depende de verbas federais também.
Para os jovens, será construído o quilômetro de arrancadas, que se localizará no distrito de Monte Bérico. o responsável pelo empreendimento, Arlindo Signor, disse que só está esperando a autorização da secretaria do Meio Ambiente para começar as obras.