Restauro para ocupação da antiga Estação Férrea Nova Vicenza entra na fase final das obras

Intervenção deve ser concluída em novembro e receberá memorial, biblioteca, atendimento ao turista e espaço gastronômico. Iniciativa encabeçada pela CDL Farroupilha é realizada com financiamento das leis de incentivo, patrocínio de empresas da região e apoio da prefeitura

Estão em fase final as obras de restauro da antiga Estação Férrea Nova Vicenza, conhecida popularmente como Estação Férrea de Farroupilha, no Centro da cidade homônima. O projeto de conservação e ocupação do endereço tombado pelo patrimônio histórico de Farroupilha unirá memória, cultura e economia em um mesmo espaço, através de uma iniciativa idealizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município, com recursos das Leis de Incentivo à Cultura do Estado do Rio Grande do Sul (Pró-cultura/RS – LIC) e Federal de Incentivo à Cultura (Rouanet). A previsão é que a estrutura seja concluída em novembro, podendo abrigar, ainda em 2020, memorial, biblioteca, espaço gastronômico e centro de atendimento ao turista. 

O investimento da revitalização da Estação Férrea de Farroupilha e seu entorno custará, aproximadamente, R$ 1,2 milhão, sendo mais de R$ 1 mi por meio de captações federal, estadual e municipal. Em 2017, a CDL Farroupilha venceu a licitação da prefeitura para o projeto de restauro e ocupação do prédio, dando à entidade a concessão da antiga Estação Férrea por duas décadas, podendo ser prorrogada por mais 20 anos. Após estudos e projetos arquitetônicos validados, a obra iniciou em fevereiro deste ano. 

“É um projeto sem fins lucrativos. A CDL está assumindo a reponsabilidade em prol da comunidade. Esse espaço poderá ser usufruído por toda a população e pelos turistas. Queremos preservar a via férrea e a estação pela importância para a cidade e por terem sido fundamentais para o desenvolvimento do comércio no município”, explica o presidente da CDL Farroupilha, Juliano Tofolo. 

Concluída em 1909, mas inaugurada em 1910, a antiga Estação Férrea Nova Vicenza fazia parte do trajeto que ligava os municípios de Montenegro a Caxias do Sul. A obra foi um marco para os moradores do território que hoje pertence à Farroupilha, incrementando o varejo local com o transporte de mercadorias. Na época, além da estação, foi construído o Armazém da Ferrovia, fazendo com que se formasse um núcleo habitacional. Foram edificados, ainda, uma escola, uma igreja e pontos comerciais no entorno.
“A Estação foi o elemento de união da comunidade, sendo fundamental para a constituição do município. Foi a obra que deslocou o eixo, trazendo o desenvolvimento econômico para o Centro de Farroupilha. Foi na ferrovia, inclusive, que o General Flores da Cunha prometeu que, caso fosse eleito, emanciparia Farroupilha”, lembra Tofolo, presidente da CDL Farroupilha. 

No ¬final dos anos 1970, o trem deixou de circular pela região, marcando também a mudança do modal brasileiro, embora ofi¬cialmente a linha nunca tenha sido extinta.
“Com a suspensão do trem, a Estação Férrea de Farroupilha passou a ser ocupada por um terminal rodoviário, foi sede de instituições filantrópicas, serviu de depósito para os arquivos do poeta Bertotto e também para armazenar as caixas da feira do peixe. Depois, acabou ficando, aproximadamente, oito anos desativada antes do projeto de restauro da CDL. O local estava bastante comprometido e seu entorno ocupado por vândalos”, conta Altair de Oliveira, diretor da CDL Farroupilha e integrante da comissão do projeto de restauro e ocupação da Estação Férrea.

A conclusão das obras de restauro do prédio está prevista para até novembro de 2020. Enquanto isso, a população pode acompanhar o desenvolvimento da revitalização e também conferir marcos históricos nas recém criadas páginas do projeto nas redes sociais. No Instagram e Facebook, o perfil oficial é @estacaoferreadefarroupilha. 
O projeto arquitetônico de restauro está sendo realizado pela empresa Escaiola Arquitetura Rara, especialista em resgate e preservação histórica, com execução da EWM Incorporadora e acompanhamento da Insito Arquitetura & Restauro. O planejamento cultural é da Simples Assim.

A revitalização e ocupação da Estação Férrea Nova Vicenza é uma promoção da CDL Farroupilha e conta com o financiamento do Pró-cultura RS/Lei de Incentivo à Cultura (LIC) do Estado do Rio Grande do Sul. É uma realização da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal, Pátria Amada Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Rouanet).

A obra é patrocinada por Anselmi, Tramontina, Colombo, Biamar, Barrfab, Reggla – Elias Paludo, Grendene, Muticolor, Bigfer, Maltec, Soprano e Filtros Planeta Água e conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Farroupilha. 

 

Repaginação de uma marca

Não será apenas a estrutura do prédio que passará por transformações. A identidade visual da Estação Férrea de Farroupilha também ganhou cara nova. A assinatura baseia-se em um conceito figurativo, elegendo a forma arquitetônica do prédio, que possui um enorme potencial para ser explorado como espaço cultural e de convivência, reproduzindo o carácter das Estações Férreas quando serviam de encontro para os passageiros. 

“O prédio teve sua importância reconhecida através do ato de Tombamento Municipal (Decreto nº 6108/16) e do seu inventariado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul. É hoje um Patrimônio Cultural de Farroupilha e essa tradução gráfica reitera, em essência e propósito, um caráter de preservação”, explica a publicitária responsável pela identidade visual da marca, Gabriela Michels. 

Os traços elegantes preservam valores já consolidados como credibilidade e respeito às tradições, enquanto o design mais contemporâneo e moderno evidenciam essa datação mais recente e até as intervenções de restauração realizadas. 

Já o padrão cromático, ou seja, as cores eleitas, seguiu uma variação de marrom e bege, escolhidos por transmitirem sobriedade e equilíbrio de forma extremamente versátil e correlatos aos registros históricos e as escolhas atuais do projeto de conservação e restauro. 

“É uma marca que transita entre passado, presente e futuro”, ressalta Gabriela.