As dificuldades com os transportes intermunicipais
Estudantes farroupilhenses reivindicam o custo das passagens para estudar. Cidades vizinhas, como Carlos Barbosa e Garibaldi, oferecem o transporte de forma integral

Dieverson Colombo e Tatiane De Bastiani
Após um cansativo dia de trabalho, estudar se torna uma tarefa difícil. Mas os farroupilhenses que estudam em outras cidades vêm enfrentando outro problema: o preço das passagens. Cidades vizinhas, como Garibaldi e Carlos Barbosa, têm a gratuidade do transporte para todos os alunos. A Associação Farroupilhense de Estudantes Intermunicipais (AFEI) é auxiliada com uma verba anual cedida pela Prefeitura. Mas a maioria dos alunos reclama que essa verba é insuficiente e que o preço das passagens está aumentando.
O prefeito de Farroupilha, Ademir Baretta, disse que sabe da importância de poder pagar um pouco menos o preço da passagem. “O que temos a dizer é que não é responsabilidade do município o transporte universitário. O município tem a responsabilidade do transporte fundamental. E nisso nós temos dado integralidade a todos. Para a AFEI trabalhamos com subsídio, com auxílio”.
Para o prefeito, a administração sempre tem dado a AFEI o valor por ela solicitado e o valor do auxílio diminuiu no ano de 2011, devido a uma má gestão anterior. “Possivelmente para este ano (2012) vamos dobrar o auxílio, em relação ao ano passado. A atual direção herdou uma dívida gigantesca, impagável. O município fez esse aporte para arrumar e pagar essa dívida e voltar ao valor original”.
O prefeito ainda comenta que as outras cidades, como Garibaldi e Carlos Barbosa, conseguem 100% de gratuidade do transporte intermunicipal, pois não têm investimentos em habitação e saúde. “Se tirarmos da saúde e colocarmos no transporte, o dinheiro não se multiplica. Ao passo que investimos 600, 700 mil por mês no hospital São Carlos, os municípios da região investem 100 mil por ano na compra de uma ambulância”.
O presidente da AFEI, Allan Werner, disse que não sabe das administrações anteriores em relação a dívidas. “Acredito que não tenha acontecido. Se aconteceu, não acredito que tenha sido por má administração e sim em problemas que podem ter acontecido com algum transporte”. O presidente lembrou ainda que a questão é que é essencial ajudar os estudantes com seu transporte intermunicipal, perante a situação da cidade não ter uma universidade que possa suprir todas as áreas e necessidades que um município como o nosso necessita. E em relação a gratuidade no transporte, ele acredita que a cidade está no caminho. “Há alguns anos a AFEI estava em uma situação difícil. Hoje é uma instituição forte e tenta buscar junto à Administração Municipal os 50% do transporte, o que é uma meta importante. A AFEI cresce cada vez mais, junto com seus mais de 800 associados e acreditamos que no futuro, Farroupilha terá sim, esse poder de conquistar junto à Sociedade e à Prefeitura os 100% do benefício”.
Gratuidade no transporte
Com cerca de 25 mil habitantes, o município de Carlos Barbosa possui onze associações estudantis de universidades e cursos técnicos. A prefeitura é conveniada com todas elas. São cerca de 1.800 alunos transportados gratuitamente. Os requisitos para tal benefício é que a formação escolhida pelo aluno não esteja sendo oferecida, dentro do município. Em contrapartida, todas as Associações Estudantis doam, ao final de cada semestre, livros para a Biblioteca Pública de Carlos Barbosa e para as Escolas Municipais.
“Auxiliamos no transporte mesmo que não computado à educação, pois acreditamos assim, estar facilitando a formação de profissionais, que sem dúvida, irão reverter vantagens ao município. Por sermos um município menor e com isso, possuirmos menor demanda, facilita muito. Hoje trabalhamos desta forma, talvez com o tempo, precisaremos mudar, são questões de prioridades. Se auxiliamos com a educação, nada melhor que as Associações manterem este trabalho, com as doações para as Escolas. Depende muito também, da receita pública”, argumenta Fernando Xavier da Silva, prefeito de Carlos Barbosa.
Garibaldi, com cerca de 30 mil habitantes e treze associações estudantis, também possui 100% de gratuidade no transporte. O prefeito da cidade, Cirano Cisilotto, disse que cada município sabe de suas contas. Segundo ele, não dá para comparar as cidades. “A gente faz esforço para conseguir, temos só uma faculdade privada, acaba se tornando uma necessidade”. Para Cisilotto, Garibaldi não deixa a desejar na área de habitação, apenas na área de crianças de 0 a 3 anos, mas não em razão dos investimentos feitos no transporte de universitários.