Marina Matiello, nova diretora do CNSL, fala sobre afeto e disciplina

A cordialidade da nova diretora do Colégio Nossa Senhora de Lourdes salta aos olhos e acena como uma característica atrativa para a tradição desta importante e centenária instituição

Algumas frases de impacto carregam verdades inquestionáveis e às vezes cabem bem para enfatizarmos uma notícia. Como esta: a única certeza é a certeza da mudança. E se ela puder agregar valor, melhor ainda.

Prestes a completar 100 anos, no dia dois de fevereiro, o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, tradicional no município, inovou nomeando para sua direção, pela primeira vez em sua história, um leigo (como é chamado quem não faz parte da congregação ou um não ordenado) ou, de forma mais simples, uma pessoa que não é irmã católica: Marina Matiello.

Quem é esta jovem sorridente e expansiva que trabalha em conjunto com as irmãs que compuseram, e ainda compõem, a trajetória deste colégio? Nós fomos conhecê-la, aproveitando o fato de estar acontecendo a Feira do Livro. Grata surpresa.

Natural de Veranópolis, Marina está há 12 anos em Caxias do Sul por causa dos estudos. Formou-se em Pedagogia e Psicologia ao mesmo tempo, fez especialização em Psicopedagogia, é mestra e agora faz doutorado em Educação, além de dar aulas de Psicologia na FSG, Faculdade da Serra Gaúcha.

Conheceu o método educacional das escolas confessionais católicas no Colégio São José, em Caxias. De lá foi para o Colégio São Carlos, como orientadora educacional, até chegar a Farroupilha. Eu acredito muito nos valores, na disciplina e na organização das escolas confessionais católicas. Gosto do cuidado e do acolhimento que elas oferecem. São o melhor para mim, o que não quer dizer que sejam para os outros, fala com a desenvoltura de quem adquiriu experiência ao longo dos seus 34 anos.

Dona de extrema simpatia e cordialidade, Marina conversa mostrando seu olhar contemporâneo sobre a Educação. Diz que chegou à diretoria do colégio para atender a demanda atual, iniciando uma fase de tradição aliada à flexibilidade. Para mim a Educação possui dois grandes pilares, que são o afeto e a disciplina. Então eu ouço e estabeleço algumas normas para mostrar nosso jeito de trabalhar. Sem as irmãs eu não conseguiria ser diretora do colégio, afirma.

Mudanças

No cargo desde fevereiro, antes ocupou a vice-diretoria por alguns meses, Marina encontra apoio para implantar as mudanças necessárias. Citou algumas como o PEX – Programa de Excelência, que emprega mais atenção aos sistemas dentro da escola – as rotinas internas de entrada e saída dos alunos, layout, formação de professores e a escuta ainda mais qualificada para pais e alunos.

Por vivenciar a metodologia na qual acredita, afirma que apesar de não fazer parte da congregação, ou seja, não ser vocacionada, sente-se parte deste universo. Claro que com minhas particularidades de leiga, confessa, humildemente.

Escola aberta

Sempre gostei de compartilhar o que sei por isso acredito que a Educação só melhora quando entendemos que dividir é multiplicar. Queremos o colégio de portas abertas porque simplesmente não consigo pensar em educação olhando apenas para o meu quadrado, diz.

Recentemente o Colégio Nossa Senhora de Lourdes começou a oferecer seu espaço para que as escolas de educação infantil do município possam realizar seus eventos. Sem custo algum.

Apesar dos hábitos católicos, há alunos de diversas religiões matriculados em um ambiente onde reina o respeito, princípio cristão.

Vida pessoal

Solteira por opção, Marina planeja filhos para depois do doutorado. Quer ter sua família, mas diz que está bem feliz com o rumo de sua vida até agora. Estou em um ponto alto da carreira, pela qual trabalho ano a ano, sempre construindo e estudando. Gostaria de ter mais noites livres, mas sei que são momentos. Estou muito feliz!, divide.

Além deste projeto pessoal, concentra seus desejos no progresso do Colégio Nossa Senhora de Lourdes. Tem grandes aspirações como gestora e como pessoa. Quero fazer a diferença na vida das pessoas, particularmente no campo da Educação.

Tanta vocação foi alimentada pela convivência com o pai Nicanor, também professor universitário. Desde criança eu ajudava meu pai a aplicar e a corrigir provas. Não tinha como percorrer outro caminho, complementa a moça que está sempre junto à família: o pai, a mãe Beloni e os irmãos.

No que depender da ampla visão da educadora, o Colégio Nossa Senhora de Lourdes está no trilho para continuar a história que começou a ser escrita há 100 anos. Com tradição e flexibilidade.