Quando a escola vai ao hospital
A psicopedagoga Veruska Poltroniei foi a idealizadora do Programa Criança Viva, que oportuniza que crianças e adolescentes deem continuidade aos estudos mesmo em ambiente hospitalar

Uma febre reumática aos 15 anos foi a grande motivadora da psicopedagoga Veruska Poltroniei – mais conhecida como Veka – para a criação do Programa Criança Viva, que permite que crianças e adolescentes internados em hospitais deem continuidade aos estudos. Ao passar sete meses no ambiente hospitalar devido à patologia, conviveu e constatou que os pacientes jovens perdiam muitos conteúdos escolares por conta da doença. Sem dúvida, foi minha a minha criança ferida que me permitiu pensar neste trabalho, ressalta.
Assim, quando ingressou em pedagogia na faculdade, Veruska prontamente iniciou a elaboração do programa. Após ser aprovado e reconhecido no âmbito acadêmico e pelo Hospital de Clínicas de Salvador – onde morava – Veruska começou a escrever o programa, de cunho pedagógico, aplicado em Escolas Hospitalares, hoje patenteado e assegurado pela legislação brasileira. O programa implantando em todo o Nordeste por Veruska, também é o tema do livro que está sendo escrito por ela.
De acordo com a psicopedagoga, o programa teve reconhecimento nacional em 1995, quando a Sociedade Brasileira de Pediatria, com chancela do Ministério da Justiça, reconheceu o direito da criança e do adolescente hospitalizados. Ainda no mesmo ano, Veruska fundou o Instituto Escola Hospitalar e Domiciliar Criança Viva, uma ONG criada em parceria a Secretaria Municipal da Educação de Salvador, que cedeu professores aptos a atuarem em sala de aula para trabalharem nas Escolas Hospitalares. A parceria acabou em 2009, mas a ONG permanece ativa até hoje.
A metodologia de trabalho é dividida em cinco grupos: ensino infantil, ensino fundamental 1, encsino fundamental 2, ensino médio e EJA. Este último, segundo Veruska, foi inserido devido à presença de muitos pais jovens que não tiveram escolaridade, principalmente, em alguns casos, por terem filhos com alguma patologia e precisarem dedicar-se integralmente a eles. Assim, o programa foi estendido também aos adultos. Conforme explica a psicopedagoga, a escolha pelos profissionais é feita com cuidados, bem como a análise da situação de cada criança para realização do atendimento escolar.
Também há as Brinquedotecas, que segundo a profissional são de grande importância para os alunos-pacientes. Segundo ela, trata-se de um espaço recreativo, mas que também deve ser conduzido por profissionais capacitados. Alunos que frequentam as Escolas Hospitalares e também a Brinquedoteca alternam entre os turnos da manhã e da tarde.