Os 29 anos do Círculo Ítalo-Brasileiro

Em 19 de julho de 1989 foi fundado o Círculo Cultural Ítalo-Brasileiro de Farroupilha, uma organização voltada ao resgate da italianidade que foi se perdendo ao longo do tempo, como a língua e a cultura italiana, com suas manifestações folclóricas e musicais.

Para compreendermos melhor a importância do trabalho realizado pelo Círculo, é preciso revisitar fatos históricos, onde encontramos fundamentos que justificam a existência de uma entidade como esta.

Italianidade e brasilidade

Foram muitas as nacionalidades de imigrantes que vieram para o Brasil desde as primeiras décadas do século XIX, mas o italiano, mesmo não sendo o “mais branco e instruído”, ficou marcado como um imigrante adequado e confiável para a execução das tarefas que o Brasil dele esperava. A importância deste grupo no movimento migratório europeu que teve como destino o Brasil, é enorme: os italianos corresponderam a 42% do total dos imigrantes entrados no país, ou seja, em 3,3 milhões pessoas, os italianos eram cerca de 1,4 milhões e a proximidade de língua, religião e costumes, fez o imigrante italiano mais facilmente assimilável por nossa sociedade e correspondeu aos ideais do governo, de “branqueamento” da população, para afastar a realidade dura da escravidão africana.

Os italianos, como todos os demais imigrantes, deixaram seu país basicamente por motivos econômicos e socioculturais. A emigração, que era muito praticada na Europa, aliviava os países de pressões socioeconômicas, além de alimentá-los com um fluxo de renda vindo do exterior, em nada desprezível, pois era comum que imigrantes enviassem economias para os parentes que haviam ficado.

A emigração (saída) era não só estimulada pelo governo, como era, também, uma solução de sobrevivência para as famílias italianas. Assim, é possível entender a saída de cerca de 7 milhões de italianos no período compreendido entre 1870 e 1920.

A imigração subvencionada, que estimulava a vinda de famílias, se estendeu de 1870 a 1930 e visava estimular a vinda de imigrantes: as passagens eram financiadas, bem como alojamento e o trabalho inicial no campo ou na lavoura. Os imigrantes se comprometiam com contratos que estabeleciam não só o local para onde se dirigiriam, como igualmente as condições de trabalho a que se submeteriam.

A luta por uma identidade italiana foi uma batalha que os imigrantes, e seus descendentes, tiveram que travar em terras brasileiras. Nesta luta, teve importância a política do governo de Mussolini que buscava resgatar um sentimento de orgulho “de ser italiano” fora da Itália. Este foi um período em que a questão da italianidade teve um caráter político, com a adesão de muitos imigrantes e descendentes, ao fascismo.

A Igreja Católica, através de um clero italiano e de todo seu poderio no interior da sociedade brasileira, foi fundamental para os imigrantes. Os laços entre catolicidade e a italianidade são estreitos, desdobrando-se nos espaços de ensino e lazer, onde as escolas religiosas e as festas dos santos padroeiros das comunidades sempre foram o grande destaque. 

A língua foi um ponto crucial e complexo, pois o falar italiano era instrumento estratégico de união étnica. Mesmo com origens diversas tinham que fazer o possível para se entenderem, afinal, por aqui tinham a possibilidade de serem proprietários e não meeiros. 

Para tanto, a escola era fundamental, sendo igualmente um lugar para se aprender corretamente o português. Mas ter escolas não era fácil: não havia oferta do governo e, mais que isto, não havia demanda dos imigrantes. Isto ocorria, porque, quer nas fazendas de café, quer nos núcleos coloniais ou nas cidades, todos trabalhavam, restando pouca possibilidade para o encaminhamento de crianças à escola.

Uma das formas encontradas pelos colonos italianos e ítalo-brasileiros foi a constituição de associações, a fim de agregar o maior números de pessoas. 

A história nos faz entender o presente e comemorar aniversários como o do Círculo Cultural Ítalo-Brasileiro de Farroupilha.

Onde? Na sede da entidade, no Shopping Omar Valentini, 513 Sala 909
Quando? 19 de julho, às 19h

Tábua de frios, pão, suco, vinho e espumante. Ingressos a R$ 35,00 à disposição na sede da entidade, ou pelos telefones (54) 3261.2056 ou 999746004.

Fontes 

BARROS & VALLADA, Assessoria e Consultoria, http://duplacidadania.com.br;

DE CONSTANTINO, Mari Santoro e OSPITAL, Maria Sílvia. Construção da identidade e associações italianas (1880-1920);

CONSULADO GERAL DA ITALIA – https://consportoalegre.esteri.it/consolato_portoalegre/pt/