A marca de Pedro Pedrozo

20 dias. Este é o tempo que falta para o prefeito Pedro Pedrozo terminar de arrumar a casa para entregá-la ao prefeito eleito. E ele garante que “vai deixá-la do jeito que gostaria de ter recebido: organizada. “Todas as secretarias estão fazendo relatórios de tudo o que está em andamento para que nada pare nenhum dia, para que no dia 4 de janeiro toda a vida da nossa cidade volte à normalidade porque a população quer a prestação de serviço, independente de quem esteja na administração, afirma.

Pedrozo segue a agenda de compromissos com o sentimento de que fez tudo o que pôde e fala de forma muito tranquila sobre como interpreta o resultado das eleições. “Estou com o sentimento de ter sido vencido pela vontade de mudança da população, não pelo trabalho que fiz, porque a população reconhece meu trabalho. Acreditei que as pessoas iam olhar para o Pedrozo administrador, para o gestor em meio à crise, porque dirigir na normalidade um município rico como o nosso é muito tranquilo”.

O artista ligado às tradições da terra que ama passou a vida coreografando espetáculos de dança, conduzindo gente para um resultado final de arrancar aplausos. Emprestou as habilidades à condução do município, em uma gestão curta e atípica, marcada pela pandemia do coronavírus.

Assumiu em meio a uma crise sem precedentes e saiu agindo: criou o Centro de Atendimento da Covid-19, foi para as rádios, implantou lives diárias para fornecer informações sobre os números e as medidas de enfrentamento da doença. Mostrou-se continuamente e acabou se destacando pela aproximação com a população e neste ponto se sustenta o que ele afirma ser o legado construído. “Implantamos uma visão mais humana, mais agregadora, de compartilhar decisões, de acalmar as pessoas, dizendo: ‘olha pra mim, me segue’. Provamos na prática, e não no discurso, a capacidade de resolver conflitos e a grande lição que fica é esta: o poder de alinhar as pessoas para que caminhem para o mesmo lado e quando isso acontece a possibilidade de acerto é muito maior. Foi o que fizemos com a pandemia”, resume.

Pedrozo acaba de completar 57 anos, em 9/12, e já está planejando suas ações fora da administração do município. “Vou parar por uns dias para descansar, para organizar a vida, mas já estamos pensando na experiência dos anos de trabalho no ramo da comunicação visual com a impressão de grandes formatos e antecipo que vamos escrever um livro documentando toda esta experiência vivida. Minha filha, que vai fazer doutorado em Literatura, e o grupo jovem que formei vão me ajudar neste projeto pessoal. Além disso, estamos vendo politicamente como podemos estar ativos, com a orientação dos vereadores que são de oposição para que façamos uma oposição responsável”, anuncia.

Como já afirmou anteriormente, ele volta a dizer que a próxima administração vai passar de um ano e meio a dois anos executando obras que já foram iniciadas nesta gestão, que já estão licitadas. “Elevamos muito o nível da administração e o próximo governante não vai poder deixar crianças fora de creche, não vai poder parar de fazer asfaltos no interior. Fizemos muito”, contabiliza, contando também sobre o recebimento do Selo Ouro para a Sala do Empreendedor, certificação do Sebrae.

Sala do empreendedor é um local mantido pelo poder público municipal para atender os empreendedores, de maneira simplificada e desburocratizada, com orientação e capacitação.  

Gosto na boca

Pedrozo está se despedindo do Executivo com “a sensação de que ainda não chegou ao fim”. “Penso que tenho tarefas a seguir e o grupo que me acompanha provou isso para mim”.

Neste ponto, ele recorreu às lembranças de quando foi buscar sua irmã em Santa Maria, terra natal, e na viagem de volta a Farroupilha disse ao sobrinho que eles estavam indo para a cidade que era um dos lugares mais bonitos do mundo e da qual seria prefeito um dia. O desejo se cumpriu. De forma rápida. “Fiquei com a sensação de que escapou das minhas mãos. Reafirmo que as pessoas não me trocaram porque não estava bom, trocaram porque queriam mudanças. Eleição é jogo de futebol”.

A gestão vai terminando e imprimindo a marca do profissional que conduziu de forma calma e pontual os conflitos de interesses causados pela pandemia. “Eu dava o tom que a cidade precisava ter. Estou deixando uma cidade moderna, limpa, florida. Farroupilha é bonita por natureza e nós a melhoramos ainda mais”.

Não por coincidência, e deixando subentendidas suas intenções, Pedrozo pediu para que terminássemos a matéria citando um pensamento de Fernando Sabino: “No fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim”. Para bom entendedor…