Pepe Vargas: “Os que acusam o PT estão retirando direitos do povo”

Presidente do Partido dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul, o deputado federal Pepe Vargas falou sobre os desafios do PT para as eleições de 2018 e a sua atuação enquanto parlamentar em benefício de Farroupilha

Jornal O Farroupilha – Porque o senhor aceitou o desafio de presidir o partido e quais as principais metas de agora até as eleições de 2018? Ou o senhor ainda acredita em antecipação do calendário eleitoral ?
Pepe Vargas –
Sem partidos democráticos não se consolida a democracia e hoje há uma crise de representatividade dos partidos, na esteira da crise que o Brasil vive. Houve um pedido de vários setores do PT para que eu assumisse a presidência estadual. O PT gaúcho sempre teve posições muito claras no debate interno, sem medo de discordar da direção nacional quando necessário. E esta postura ajudou o PT a adotar posições mais corretas em muitas ocasiões. Por isso aceitei o desafio, para manter esta posição do PT gaúcho. Nossas metas neste momento são as seguintes: 1) apoiar os movimentos de resistência às tentativas do governo Temer retirar direitos do povo brasileiro, como tenta através das ditas reformas trabalhista e da previdência; 2) apoiar os movimentos que lutam contra o desmonte do estado patrocinado pelos governos Temer e Sartori, que querem vender empresas públicas lucrativas e entregar nossos recursos naturais (terras, florestas, minérios, petróleo, água) a grandes corporações privadas internacionais; 3) ampliar o número de municípios com diretórios do PT organizados e estimular nossos filiados e filiadas a participarem ativamente dos movimentos sociais, como forma de ampliar a organização popular; 4) organizar o partido para as eleições de 2018.

 JF – A nível estadual quais as forças que o PT pretende reunir para concorrer e quais os nomes que estão a disposição?
Pepe –
A partir deste mês de setembro a direção executiva, por delegação do diretório estadual, iniciará o processo de consultas com vistas à definição de nomes para a disputa de 2018. Junto disso, abriremos a discussão sobre atualização do programa de governo para o estado. Não saímos do zero, temos a experiência acumulada dos nossos governos, o mais recente do Tarso Genro, que acabou com o pedágio entre Caxias e Farroupilha, que pagava salários do funcionalismo em dia e repassava recursos para a manutenção dos hospitais. Mas precisamos atualizar o programa à luz da realidade atual, marcada pela paralisia do governo Sartori e sua adesão ao Temer, que jogou o Brasil no maior déficit orçamentário da história. Vamos procurar alianças, seja no primeiro ou no segundo turno, com os partidos que estão na oposição ao governo Temer.

 JF – Qual o modelo que o senhor e o PT do RS defendem para a reforma eleitoral ?
Pepe –
Defendemos o voto proporcional, que divide as cadeiras do legislativo, proporcionalmente aos votos que a soma dos candidatos de cada partido consegue junto à população. Somos contra o chamado distritão que é uma tentativa de garantir a eleição dos atuais parlamentares, com baixíssima possibilidade de renovação. Defendemos o fim das coligações nas eleições para deputados e vereadores, como forma de diminuir o número de partidos criados artificialmente, apenas para conseguirem tempo de TV e fundo partidário. Queremos uma lei que estipule teto de gastos eleitorais, pois hoje não há teto e as campanhas gastam fortunas que beneficiam os mais ricos. Somos contra a proposta de retorno do financiamento dos candidatos pelas empresas, que mostrou ser fonte de corrupção. Defendemos o financiamento público com o teto de gastos para baratear as campanhas, dentro da realidade orçamentária.

JF – Como a sigla pretende se recuperar do desgaste de imagem por ter também a exemplo de outros partidos, vários de seus líderes envolvidos em denúncias de corrupção ?
Pepe –
Nossos adversários, com apoio de alguns setores da mídia, em especial da Rede Globo, tentaram criminalizar o conjunto do PT, como se a corrupção que infelizmente existe há décadas fosse criação do PT. Deram um golpe dizendo que era para combater a corrupção e o que as pessoas estão percebendo agora é que os chefes do golpe, Eduardo Cunha, Aécio Neves e o próprio Temer, foram flagrados com contas no exterior ou malas de dinheiro filmadas pela própria Policia Federal. E contra o PT, tirando alguns poucos casos, fazem acusações e não aparecem as provas concretas. O que me impressiona é o silêncio dos que bateram panelas e agora frente a escândalos comprovados nada dizem. Além disso, os que acusam o PT estão retirando direitos do povo, entregando nossas riquezas para os estrangeiros e quebrando o cofre do governo, enquanto o PT luta para evitar esta perda de direitos do povo trabalhador e este entreguismo deslavado. Por isso, nos últimos meses as pesquisas tem apontado uma retomada da preferência partidária pelo PT e o Lula lidera todas as pesquisas no primeiro e no segundo turno.

JF – Para Farroupilha o que o senhor traz de novidades em termos de recursos?
Pepe –
Meu mandato, através de emendas ao Orçamento da União, já garantiu R$ 4 milhões para Farroupilha nos últimos anos. Acredito que eu seja o deputado federal que mais destinou recursos para Farroupilha. Foram recursos para quadras esportivas de escolas, para pavimentar ruas urbanas e estradas rurais, para infraestrutura turística, máquinas para obras e serviços da prefeitura, segurança pública e cultura. Na próxima lei orçamentária, considerando a situação do Hospital São Carlos e por sugestão do presidente da Câmara de Vereadores, Fabiano Picoli, vamos fazer emenda destinando recursos para o Hospital.