Provável pré-candidato a prefeito
Ginecologista Claiton Gonçalves deixou seu nome à disposição do PDT para as eleições municipais de 2012

Dieverson Colombo
No jantar das oposições, realizado no último dia 23 de novembro, o médico filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT) Claiton Gonçalves colocou seu nome à disposição do partido para as eleições de 2012. Ginecologista e obstetra há mais de 20 anos em Farroupilha, o médico disse que quer se fazer ouvir em relação ao que pensa da cidade.
O Farroupilha: Qual a possibilidade de você ser candidato a prefeito nas próximas eleições?
Claiton Gonçalves: Querer um cargo e entrar na política não necessariamente é a mesma coisa. Hoje eu me inseri em um partido político para me fazer ouvir em relação aquilo que eu penso da nossa cidade, do andamento da nossa cidade. A gente julga que ela deve andar, como deve caminhar, o que deve construir, o que deve fazer, qual o futuro que a gente pensa para as nossas famílias, para nós mesmos. Isso é uma questão. A segunda questão é de tu trabalhar ou de forma velada por isso ou de forma explícita, levando em conta que existem cargos tanto de legislativo como executivo, mas não necessariamente eu precise trabalhar ou flutuar em um desses cargos. O que eu fiz foi me inserir em um partido político trazendo ideias, não necessariamente que eu vá usar em um cargo, mas ideias que podem ser usadas para o crescimento municipal.
O Farroupilha: Qual sua posição em relação a isso hoje?
Gonçalves: Sou médico por essência e continuo médico por essência. Meu serviço é aqui com as minhas pacientes. Gosto disso aqui, nasci pra isso aqui. Hoje eu teria para exercer qualquer cargo público, que modificar meu modelo de trabalho. Não sei se eu estou pronto para modificar isso. Eu teria que sentar e discutir. A política na minha vida nasceu de forma muito repentina. Nasceu mais da angústia do que de uma necessidade pessoal. Estou muito confortável no que eu estou fazendo. Mas em um determinado momento da vida você fica pensando o que eu vou deixar aqui quando eu for, como estava confortável até então e já estava almejando ou deslumbrando não para muito longe a minha aposentadoria, a gente começa a fazer coisas para deixar o mundo melhor. Hoje eu ainda sou médico, ainda curto isso aqui, gosto disso aqui, trabalho aqui e vivo aqui. Mas eu não sei se amanhã eu poderia trocar isso por outra coisa. Ou se minha atividade vai continuar sendo somente de um pensador do partido.
O Farroupilha: Como você vê a relação sua com a cidade?
Gonçalves: Eu tenho uma relação com a cidade muito boa e muito antiga. Essa relação nasceu do fruto do meu trabalho. Eu tenho trabalhado aqui já há 20 anos praticamente e eu tenho recebido da cidade o carinho e a resposta em relação aquilo que eu tenho feito pela comunidade. Outro dia eu recebi em Porto Alegre uma distinção chamada Troféu Urubici, que é uma distinção estadual em relação a expoentes em diversas áreas e eu recebi em relação ao meu trabalho na comunidade de Farroupilha. Estou contabilizando hoje quase nove mil nascimentos. Eu acho que nesta minha caminhada eu fiz mais amigos do que inimigos. Embora existam pessoas que discordem do meu trabalho, da minha atividade, do meu modo de trabalhar. Muito mais pessoas concordam com o meu jeito de ser. Liberal, progressista em relação à ideias e honesto com o que eu faço. Esse jeito honesto de ser me permitiu ter muitos amigos.
O Farroupilha: Você não tem medo de se queimar sendo político?
Gonçalves: Isso é uma possibilidade. Por isso que hoje eu não sou candidato a nada. Sou alguém inserido na política. Não sou candidato a cargo algum. Na verdade eu sou mais um para colaborar. Tenho observado muitas coisas. Se alguém escrevesse um livro sobre a história política de Farroupilha lá pelo capítulo 20 ou 21 não sei, alguém citaria o modelo político da cidade. E esse modelo premia a seguinte condução: os últimos homens que lideraram o município, para chegar à liderança se utilizando da saúde. Tanto é que houve fechamento de um segundo hospital. Existe uma rede de postos bem distribuída. E isso é reconhecido a nível nacional também, pelo ranking da qualidade de vida, que não quer dizer se eu atendo bem, mas se eu atendo. Esse fato mostra que esse modelo pode continuar fazendo pessoas utilizarem cargo de chefia durante muitos anos. Chega um determinado momento que nós médicos que somos muitas vezes utilizados como ferramenta desse sistema que a gente pare pra pensar. Se eu tenho capacidade de exercer meu trabalho, porque servirei a propósitos que muitas vezes não são os que eu tenho.
O Farroupilha: Qual você considera o modelo administrativo ideal?
Gonçalves: Às vezes me perguntam qual o modelo interessante para se fazer do ponto de vista administrativo. Uma política de paternalismo, de oferta ou uma onde todos sejam premiados? É mais interessante você premiar alguns de uma determinada comunidade, vindo esse auxílio do rateio de arrecadação? Seja dos impostos pessoais, ou de empresas, ou estaduais ou federais? Premiar alguns e não oferecer ações que premiem à toda comunidade. Essa é uma pergunta interessante. Porque na mesma rua uma pessoa ganha auxílio para terraplenagem e o vizinho do lado não ganha. Porque determinada propriedade rural o sujeito ganha a construção de um açude e o vizinho do lado não ganha. Isso é distribuição premiada. Distribuição de verbas dirigida. Se chama paternalismo. De pai para filho. Por que não o modelo socialista?
Premiar uma população com uma vacina é mais interessante do que oferecer um serviço a um pequeno grupo. E a minha entrada na política é justamente discutir isso. Quero saber porque as pessoas pensam de determinado modo e não outro.
O Farroupilha: Porque a filiação a um partido? E porque o PDT?
Gonçalves: Os partidos são a única forma de se fazer ouvir hoje. Eu tenho dentro da medicina discussões históricas com a Unimed. E eu descobri dentro dela que você só conseguia ter voz e vez se tu se candidatasse a algum cargo administrativo. Na vida pública é a mesma coisa. Não basta ter ideias, conceitos, propostas. Você precisa ter um canal pra que isso seja visto. Por que o PDT? Historicamente minha família tem uma relação grande com a política do Brizola. Essa relação vem da educação. O que minha família julga fundamental.
O Farroupilha: Como você avalia a atual administração?
Gonçalves: Não vou discutir os três anos de governo, não cabe a mim. Quem deve discutir é quem elegeu o prefeito. Poderia discutir o quanto temos de valor na administração, o quanto houve de investimento do próprio município, o quanto foi contrapartida.
Por exemplo, temos hoje em Farroupilha centenas de apartamentos e as pessoas creditam isso ao ato municipal. Quanto disso é verba municipal, quanto disso é verba federal? Quanto o sujeito investe do próprio bolso?
O Farroupilha: Na sua opinião, o que precisa mudar na cidade?
Gonçalves: É urgente a necessidade de um trevo na Avenida Santa Rita. Será que nosso serviço municipal não poderia celebrar um projeto que custasse 200, 300 mil reais? Quem tem que avaliar essas atitudes são as pessoas que elegeram o prefeito.
Mas tem coisas que dá para a gente fazer diferente. Na área da saúde muita coisa. A capacidade instalada é muito boa. Mas nós não temos, por exemplo, um plano de carreira para o profissional de enfermagem. Ninguém trabalha sem motivação. Essa é uma questão importante.
Porque não se criar um modelo que premie o trabalho desses profissionais? E dentro do hospital, se nós fossemos buscar a opinião de órgãos que fiscalizem a saúde, nós teríamos o hospital interditado.
No hospital se fala a atendimento de paciente com drogadição. Não se tem nenhum projeto de uma criação de uma ala para isso? O centro obstétrico precisa ser colocado em funcionamento. Precisamos criar um serviço que funcione. O hospital tem sua dívida hoje de sete milhões, não foi pelo trabalho apresentado pois nós temos uma população com 60% com planos de saúde. E investimento mensal no hospital beira os 500 mil reais por parte da prefeitura . Se somar os pacientes privados e pacientes de convênios, vai ter um valor muito interessante que dá para premiar todo esse tipo de atendimento
Temos que ter um projeto urgente de renovação do verde na cidade. Nós não temos as ruas arborizadas. Temos que ter um modelo de construção civil na cidade.
Precisamos de um terminal de ônibus urgentemente. Quando nós temos todo o corredor da Romulo Noro, que é um corredor que foi uma passagem de trens, nós temos todo aquele corredor vazio, poderíamos ter lá nosso terminal de ônibus que premiaria todos os bairros com chegada de ônibus sem passar pelo centro da cidade, ao mesmo tempo próximo do centro. Fomentando ali um comércio novo e um ponto estratégico do ponto de vista da logística perfeito.