Frei Thomas, um missionário de Malta

Sacerdote ministra missa em língua italiana na Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus neste domingo, dia 22 de outubro, às 10h

Kayrine Almeida/Especial

Jornal O Farroupilha – Frei Thomas, recentemente o senhor foi convidado a partilhar a Palavra de Deus na Catedral de Caxias do Sul, pode nos dizer quem é o Frei Thomas Calleja?
Fr. Thomas – Na Catedral eu me apresentei como um jumentinho. Sim, pela razão de que o próprio Jesus entrou em Jerusalém usando um jumentinho. Eu acredito que Ele também me utilizou como seu jumentinho para que Ele entrasse no coração das pessoas que estavam presentes, em grande número, na Casa de Deus aquele dia (em torno de 400 pessoas compareceram à Catedral de Caxias do Sul no último dia 9 de outubro, para o grupo de oração).

JF – A Igreja Católica, no próximo domingo, dia 22 de outubro, estará celebrando o Domingo das Missões. Qual, o senhor, diria que é o papel de um missionário?
Fr. Thomas –
Os missionários são pessoas enviadas por Deus para proclamar a Boa Nova. São como embaixadores enviados para falar em nome Dele. O embaixador não fala suas próprias palavras, mas a mensagem de quem o enviou. Assim, os missionários são embaixadores, profetas e mensageiros mandados por Deus para esse tempo. São Francisco de Assis era um missionário do tempo dele. Santa Teresa de Calcutá foi uma missionária do nosso tempo. Ela se considerava um pequeno lápis que Deus utilizava para escrever palavras de Amor e Misericórdia no coração das pessoas. Nosso Senhor quer continuar a escrever em nossos corações e a falar conosco através de Seus missionários.
O próprio Jesus era um Missionário, e Ele disse: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele (o Pai) me ungiu, para pregar a Boa Nova (Lc 4, 18). Sim, Jesus era o Mensageiro e, ao mesmo tempo, a Mensagem.

JF – Como foi a sua experiência missionária?
Fr. Thomas –
Posso dizer que Deus pintou minha vida de tantas cores belas e diferentes. Ele abriu portas para mim e me enviou para proclamar o Evangelho como ele fez com os Apóstolos em todos os cantos da Terra. Tudo começou em 1990. Nesse ano tive minha primeira experiência missionária na Nigéria e na Tanzânia (África). Depois, Deus abriu as portas para mim na Nova Zelândia e Austrália (Oceania). Ele me mandou também em várias partes da Ásia: Índia, Japão, Coréia, China, Hong Kong, e Filipinas (onde servi por quatro anos e meio). Também partilhei a Palavra de Deus na Virgínia, Carolina do Norte, Washington e Nova York, nos Estados Unidos. Deus me mandou em diferentes lugares na Europa, também para Istambul, Turquia, onde servi por um ano e meio. E, mais recente, aqui no Brasil. Esta é minha segunda vez aqui no país. Estive aqui quatro anos atrás com meu irmão franciscano Frei Elias Vella, e visitamos diferentes estados brasileiros.
Apesar da grande diferença de culturas, cores, vestes e tradições, uma coisa há em comum. Todas as pessoas têm sede e fome da Palavra de Deus. Todas querem conhecer mais a Cristo, amá-Lo e dar a Ele o lugar que merece em Seus corações. Todas querem segui-lo mais de perto. Honestamente, isso que é ser missionário e pregador da Palavra.

JF – O que o senhor, como missionário, tem a dizer para todos aqueles que vivem longe da Igreja?
Fr. Thomas –
Jesus veio para partilhar a notícia de que Deus ama a TODOS. A vinda Dele já é uma expressão do Amor de Deus. Lemos no Evangelho que Deus amou tanto o mundo, que deu seu Filho único (Jo 3, 16). Jesus veio para nos dar o Amor que o mundo em que vivemos não pode nos dar. O que eu mais gosto no Evangelho é que Cristo não veio para chamar somente os justos, mas os pecadores. E temos que admitir que, se há algo que é realmente verdade, para mim e para você, para todos nós, é que todos somos pecadores. Quando o Papa Francisco foi entrevistado e questionado sobre quem é Jorge Bergoglio, ele simplesmente respondeu ele é um pecador. Sim, debaixo do céu temos todos algo em comum: somos todos pecadores. Todos precisamos de Jesus, que veio para perdoar nossos pecados.
Também gosto da parábola do filho pródigo da Bíblia. O jovem rapaz deixou a casa de seu pai e foi para longe, gastando todo o dinheiro. Quando seus bolsos já estavam vazios, ele acabou cuidando de porcos e desejando poder comer o que sobrasse de suas comidas. A parte legal da história, de qualquer maneira, é quando esse jovem decide olhar para trás e retornar para casa. Quando chegou, encontrou seu pai esperando por ele com os braços abertos, e ainda fez uma grande festa para celebrar o retorno do filho. Jesus faz o mesmo com todos nós pecadores. Sempre quando retornamos a Ele, o encontramos de braços abertos, pronto a nos abraçar, perdoar e lavar-nos de nossos pecados. E Ele ainda restaura dentro de nós a paz, a felicidade e a serenidade que somente Ele pode dar. Além disso, é bom lembrar o que disse o Papa Francisco Deus nunca se cansa de nos perdoar, mas nós, às vezes, cansamo-nos de pedir perdão.

JF – Frei, o senhor tem alguma mensagem especial para nossos leitores?
Fr. Thomas –
Acredito que tudo o que já partilhei é uma mensagem muito especial. No entanto, minha mensagem final são as últimas palavras de Jesus: Eu estarei com vocês até o fim dos tempos (Mt 28, 20). Sim, Jesus está, com certeza, conosco inclusive hoje. Ele é a Verdade, não é mentiroso. Ele mantém Sua promessa e, então, Ele está conosco. Muitas vezes somos nós que não estamos com Ele. Muitas vezes corremos Dele e acabamos nos perdendo. No entanto, Jesus continua procurando por nós até encontrar. É bom saber que o único desejo de Cristo é estar conosco e que nós também estejamos com Ele. Estando com Jesus no coração, estaremos cheios da paz e da harmonia que tanto desejamos.
Deus abençoe todos vocês!

Biografia

Frei Thomas Calleja nasceu no dia 16 de agosto de 1951, na cidade de Paola – Ilha de Malta, a mesma ilha onde o apóstolo Paulo da Bíblia naufragou, sendo esse episódio relatado em Atos dos Apóstolos, capítulos 27 e 28. Thomas cresceu em uma família católica de seis pessoas, tendo um irmão e duas irmãs.

Foi coroinha na paróquia de sua cidade dos seis aos dezoito anos, além de participar de movimentos jovens da Igreja e, durante muitos anos, encenar Cristo na interpretação da Paixão de Cristo. Tommy, como era carinhosamente chamado por sua família, também foi treinado pela Arquidiocese de Malta para ser um líder jovem dentro dos movimentos da Igreja e, também, foi participante da Renovação Carismática Católica, servindo como líder, pregador e animador de diferentes grupos de oração em Malta e no exterior.

Foi durante sua segunda peregrinação a Assis, em 1977, que Thomas sentiu-se chamado a seguir a Cristo nas pegadas de São Francisco de Assis. Em 1978 entrou para o seminário dos Franciscanos Conventuais. Em 1984 professou seus votos perpétuos e, em 1985, foi ordenado sacerdote.

Frei Thomas já foi estudante em Roma, padre em Assis, missionário nas Filipinas, na Índia e em vários outros países, que percorreu levando a Palavra de Deus.

Escreveu dois livros em Maltês, além de diversos artigos publicados em Inglês, Maltês, Italiano e Catalão. Também teve a bênção de conhecer e ter contato pessoalmente com dois santos: São João Paulo II e Santa Madre Teresa de Calcutá. Hoje, Thomas é sacerdote na cidade de Burmarrad, Ilha de Malta, e continua percorrendo o mundo pregando o Evangelho.