Dez homicídios nos primeiros três meses de 2016

Em 2015 foram 14 homicídios até o mês de junho. Mas por que um dos crimes mais graves aumentou tanto de um ano para outro?

No último domingo (10), Aílton Alves Correa, 31 anos, se tornou a décima vítima de homicídio em Farroupilha em 2016. De acordo com a investigação, ele foi esfaqueado no bairro Monte Pasqual após se envolver numa briga com outros dois homens. Os indivíduos, identificados como Alexandro Pereira e Geovane Moura Dias, ambos com 26 anos, se apresentaram à Polícia Civil na tarde de terça-feira (12), acompanhados de um advogado. Segundo informações, Alexandro teria assumido a autoria do crime.

De acordo com o Major Luis Fernando Becker, comandante do 36º Batalhão de Polícia Militar, até o mês de março foram registradas 10 mortes em Farroupilha, sendo nove homicídios e um latrocínio (roubo seguido de morte) – apenas quatro mortes a menos em relação ao período que compreende os primeiros seis meses de 2015 (janeiro / junho), quando foram registradas 14 mortes (13 homicídios e um latrocínio). Mas, porque o aumento significativo de um ano para outro?

Segundo Becker, o crime de homicídio é um dos mais graves, reflete diretamente nos índices de violência e Farroupilha tem atingido um índice maior do que anos anteriores. O fato tem ocorrido na maioria das vezes com arma de fogo, porém, verifica-se alguns casos utilizando arma branca. Tivemos vítimas envolvidas em casos passionais, com peculiaridades na execução do crime.

De acordo com o major, a dificuldade de prevenir tais crimes se dá pelas características que envolvem eles, porém, a forma preventiva comumente é o desarmamento de indivíduos (armados de forma ilegal) e o combate ao tráfico de drogas. Não cabe a BM a investigação e busca de autores, mas sim a ação preventiva e captura dos mesmos no flagrante delito. É um crime que traduz numa repercussão maior quando qualificado no latrocínio. Ou seja, a morte decorrente de um assalto.

Vale destacar também que o Brasil vive um dos momentos mais delicados de sua história, afundando em crise política e econômica, com desemprego recorde e aumento do endividamento da população. Será que tais problemas deixam as pessoas mais vulneráveis a cometer crimes graves? Nossa reportagem conversou sobre o assunto com a psicóloga Rafaela Broll.

Na sua opinião, Rafaela ratifica que tudo depende da forma como cada pessoa interpreta e encara os problemas e os momentos de dificuldades. Em tempos de crise, pode-se observar o aumento da violência, relacionado especialmente com a desigualdade social que permeia a sociedade. Além dos problemas financeiros, as altas taxas de desemprego e a dificuldade de acesso à educação e serviços básicos, gera estresse, medo, frustração, falta de perspectiva e, em muitos casos, até problemas psicológicos. Neste contexto, algumas pessoas conseguem encarar as dificuldades como um desafio, tornando-as uma oportunidade para mudanças e superação. Por outro lado, há também as que reagem de maneira desajustada e desestruturada, gerando mais violência, aumento do uso de drogas e álcool, índices altos de roubos e furtos, brigas e discussões. O atual cenário infelizmente é de insegurança.