Fama que perdura
O Zé da CEEE, como é conhecido o presidente do Círculo Operário de Farroupilha, tem compartilhado das emoções das pessoas cujas histórias se misturam à existência da entidade. Entenda por que e saiba mais da trajetória deste advogado
Claudia Iembo
Especial
Quinta-feira, 20 de agosto, será especial para os ex-presidentes do Círculo Operário de Farroupilha e para os familiares daqueles que ocuparam o cargo e já não estão mais por aqui: a data vai homenageá-los neste ano em que a entidade completa sete décadas em nossa cidade. Na função de convidá-los, o atual presidente do Círculo, José Henrique Machado dos Santos. As pessoas têm laços afetivos e históricos com o Círculo Operário e tem sido muito emocionante constatá-los! É um sentimento cujo valor é impossível mensurar, avalia.
Não é para menos. O maior patrimônio do Círculo Operário é a história porque ele cresceu e acompanhou praticamente toda a trajetória da cidade. O Círculo é de 1945 e Farroupilha, de 1934. Imagine que naquela época não havia sindicatos e os círculos operários eram as entidades que representavam os trabalhadores, oferecendo recreação, capacitação e até formação religiosa a eles, já que quem fundou o Círculo foi a Juventude Católica de Farroupilha com o padre José Casanova, conta o presidente.
José diz que se sente honrado por estar à frente da entidade em um momento como este, mas sua rotina não se resume à Farroupilha. Concursado, entrou para a CEEE, Companhia Estadual de Energia Elétrica, atual RGE. Em 2002 foi cedido para o Sindicato dos Eletricitários, o Senergisul, do qual é delegado presidente. Costumo brincar que sempre que sobra tempo, trabalho como advogado, atuando em causas trabalhistas.
Por seu longo período na mesma empresa, ficou conhecido como o Zé da CEEE e tem orgulho disso. Comecei na CEEE coletando e cadastrando os dados dos medidores que os eletricistas de rua traziam para a empresa. Naquele tempo, lembro-me que almoçava bem rapidinho para jogar ping-pong no intervalo do almoço. Depois disso fui para o atendimento ao público, que já era mais próximo do curso de Direito que eu fazia. Quando a companhia foi privatizada, em 1997, mudou tudo. Em 1999 fui transferido para Caxias do Sul, mas ainda hoje, quando ando pelas ruas de Farroupilha, sou conhecido como o Zé da CEEE, diz, sorrindo.
José trabalha desde os 13 anos. Antes de entrar para a CEEE, passou pela linha de produção de uma fábrica de calçados e por uma empresa de material de construção, a Madezatti. Nasceu e cresceu em Farroupilha, cidade que adora e com a qual faz questão de manter o vínculo pelo trabalho como presidente do Círculo Operário, já que sua atuação profissional está em Caxias do Sul. Em 2010, quando fui convidado para administrar o Círculo, enxerguei uma oportunidade de diminuir o distanciamento com o município. Presidir o Círculo Operário também é uma forma de manter-me conectado à cidade, analisa.
Tanto cuidado em relação à Farroupilha também encontra fundamento em suas afirmações. Sou um saudosista, um bairrista. Vai ver foi por isso que lembrou com carinho dos encontros que aconteciam no Clube do Comércio, aonde ia bastante com sua esposa Elenara, principalmente aos sábados à noite. O casamento resultou em sua única filha, Aline, de 23 anos e formanda em Fisioterapia.
Passagem pelo Poder Público
Ele experimentou o trabalho no Poder público, mas não quer pensar em política
Difícil tratá-lo como Dr. José, como seria correto já que é advogado. A proximidade sutil que estabelece com quem conversa faz com que esqueçamos a regra e o Zé acaba saindo. Esta deve ser uma das características positivas em sua gestão no Círculo Operário, afinal, como ele mesmo definiu, as pessoas ligadas à entidade possuem vínculos emocionais com ela. José acaba utilizando esta linguagem, o que o humaniza ainda mais como presidente. Notoriamente não é uma postura adotada, mas natural. Quando ele mencionou o quanto tem sido especial ir até as casas das pessoas para convidá-las para o evento, um lampejo de emotividade passou pelos seus olhos. Tênue, mas presente.
O advogado foi convidado, em 2013, para assumir a Secretaria de Finanças da prefeitura. Aceitou, mas fi cou pouco no poder público ? não por vontade própria. Sou um legalista! Disse isso na época, em 2014, e digo agora.
A rápida passagem pela secretaria acabou rendendo a escolha por uma pós-graduação em Direito Administrativo. Segundo ele, queria preparar- -se para exercer a função. Gostou do aprendizado.
Sobre política, ele diz não pensar, mas reconhece que é cortejado por alguns partidos. Noto algumas aproximações, mas este é um assunto sobre o qual ainda não parei para analisar, confessa.
Atualmente, o foco de José Henrique está em realizar as comemorações dos 70 anos do Círculo Operário de Farroupilha, outro marco em sua própria história.